19 DE OUTUBRO DE 19gg
de escala e efeitos de aprendiZagem através do reforço das trocas intracomunltM!as em mercados antes protegidos.
Isto é, as estruturas produtivas serlo ch.tmadas a antecipar ou a responder,
por um lado, l lntensifiaçlo da concorrência resultante quer da abertura em cada um de merc.tdos nacionais, até agora parcialmente isolados, quer da alteraçlo dos quadros mentais e, por consequência, das estratégias concorrenciais dos diferentes actores; e por outro, a posicionarem-se face
aos efeitos de concentraçao e de reordenamento sectorial decorrentes das economias de escala potenciais.
A economia comunitiria, encarada no seu todo, tomar-se-i mais eficaz, libertando recursos, que na presença de adequadas politicas
macroeconómlcas, permltirlo relançar um processo de expanslo
sustentada. Todavia, o Impacte sectorial e espacial tende 1 ser diferenciado.
47. O Impacte sectorial tende a variar em funçlo, por um lado, das economlu de escala e dos efeitos de aprendizagem Induzidos pela ellminaçlo das barreiras nlo aduaneiras e, por outro, pela maior ou menor possibilidade de diferenciaçlo do produto:
• nos sectores em que as posslbUldades de diferenciaçlo do produto slo reduzidas, e em que os limiares crfticos das despesas de lnvestlgaçlo e desenvolvimento slo elevados e a dimenslo da quota de mercado determina a dlmenslo das economias de escala e do efeito de aprendizagem, a realizaçlo do Mercado Interno tender! a
determinar uma maior concentraçlo da produçlo e, por consequência, grandes dificuldades de ajustamento das empresas que têm sobrevivido a coberto das barreiras nlo aduaneiras que ainda subsistem;
• nos sectores em que há uma grande procura de dlierenciaçlo da produçlo, fornecendo um gr~nde nl1mero de nichos, e em que coexistem diferentes tecnologias e predominam as pequenas e médias empresas, a realizaçlo do Mercado Interno nlo se tarA sentir tanto pela via dos custos (isto é, economias de escala) mas mais, e sobretudo, pelo alargamento dos nichos de mercado subsequente a uma maior
cobertura espacial;
• nos sectores em que a tecnologia e o produto slo uniformes e acess!vels aos concorrentes de palses terceiros, nomeadamente aos
novos pa!ses industrializados, e que já. se debatem com reduzidas margens de exploraçlo e subutilizaçlo da capacidade produtiva
Instalada ( casos das lndl1strias sldenlrgica e naval), a realizaçlo do Mercado Interno tenderA a acentuar oo problemas das empresas que
têm sobrevivido protegidas da concorrência !ntracomunitArla ou de palses terceiros através de barreiras nlo aduaneiras (por exemplo,
através do condicionamento da concorrência lntracomunit!ria, no caso doo mercados públicos, ou de obot!culoo t4cnlros l abordagem Integrada do mercado comunitlrlo por parte de concorrentes oriundos
de palses terceiros);
• por último, nos sectores em que ponderam factores loc~s ou regionais na determinaçlo do padrlo da procura e em que slo múltiplas as diferenciações de produto e as economias de escala e os
custos de entrada e nlda slo baixos, tender .i a ser reduzido o impacto do Mercado Interno sobre o respectivo tecido empresarial, constituido
sobretudo por pequenas empresas.
48. O Impacte da realizaçlo do Mercado Interno sobre um dado
espaço vai depender da estrutura sectorial ai Implantada e das estratégias prosseguidos pelos respectivos actores, empresariais e públicos, da evoluçlo dos preços relativos dos factores de produçlo e das estratégias de desloc:alizaçlo dos actores situados noutros espaços ou em poises terceiros.
A Importância da estrutura sectorial é compreensivel se se tiver em conta que nem todos os sectores revelam a mesma sensibilidade à globalizaçlo
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da concorrência e às economias de escala que resultam da reali.Zaçlo do mercado ilnlco.
Tendencialmente, poderemos diZer que é poss!vel distinguir entre os espaços onde predominam sectores sensivels às economias de escala e aos
efeitos de aprendizagem e espaços onde predominam sectores pouco sensh·els l escala de produçlo e ao eleito de aprendiugem:
• no primeiro tipo de espaços, a realizaçlo do Mercado Interno
representad uma grande oportunidade para as respectivas empresas aumentarem de dlmenslo, controlando o mercado comunitário e a
partir dai atacarem o mercado dos palses terceiros • risco na medida
em que a posiçlo competitiva ou a estratégia das empresas nlo permitam compensar as perdas result.tntes do agrovamento da concorrência nos sectores tradicionais ou fazer face ao próprio procesoo de concentraçlo no Interior do respectivo sector;
• no segundo tipo de npaços, a realizaçlo do Mercado Interno permitirA sobretudo ls emp-.. uma melhor exploraçlo de nichos de
mercado numa abordagem mais vasta • envolvert todavia o risco, eventualmente nlo compensado, do deo&paredmento das empresas
menoe eficientes situada& em sectores sensíveis ls economias de escala libertas pelo aumento da dimenslo do mercado, e em particular, aquelaa que viveram a coberto da preferência nacional dos compradorw pl1bUcoa.
49. No entanto, a sensibilidade da estrutura sectorial ~ realizaçlo do
mercado ilnlco nlo esgota a questlo do Impacte espacial do Mercado Interno. Ht que entrar em conta com as estratégias das empresas e da admlnistraçlo pllblica face aos desalias do Mercado Interno. Trata-se, em primeiro lugar, de saber que uso farlo as empresas das vantagens sectoriais e empresariais de que dl.spOem l partida.
A perspectiva da realizaçlo do Mercado Interno desencadeou j.i, em determinados Estados membros e em determinados sectores, reposidonamentos estratégicos, quer pela via do reoe.ntrar e racionalizar da actividade prosseguida, quer pela via da potenclaçlo da escala de produçlo ( lncorporaçlo de outras empresas ou alargamento da cobertura geográfica).
Para fazerem face t alteraçlo da envolvente Induzida pela reallzaçlo do Mercado Interno, as empresas precisam de flexibilidade estratégica, capacidade operacional e uma e outra requerem competênoa profissional. Isto é, o ajustamento ser! tanto mais vantajoso quanto, por um lado, maJs
r.ipidas se revelarem, ao nivel dos quadros dirigentes, as alteroçOes das estruturas mentais, nomeadamente quanto à definiçlo do espaço de
lnserçlo das respectivas empresas, as exigências de profissionalizaçlo e aumento de competência no domlnio da gestllo; e, por outro lado, quanto maior for a Identidade dos objectivos, a efiáda. a lnovaçlo e a capacidade de reacçlo das equipas operacionais de cada empresa.
Trata-se, em segundo lugar, de saber qual a atitude das autoridade> p~biicas de cada Estado membro face ls implicar;Oes da realizaçlo do Mercado Interno.
A formulaçlo de estratégias empresariais depende, de forma critica, da
capacidade dos actores po.ra se aperceberem da alteraçlo da sua envolvente, da disponibilidade de recursos humanos para as levar 1
prAtica e da existência de um quadro material e regulamentar coerent~ a>m eosu mesmas estratégias. No caso da realizaçlo do mercado 11nico, a adaptaçlo eatratégica vai depender essencialmente das medidas adoptadas durante o perfodo que decorre até 1992 no que respeita à dlfuslo da lnformaçlo, t preparaçlo de quadros empresariais e administrath•os, l formaçlo de mio-de-obra qualificada e l aproxlmaçlo flsica e mental que,
entretanto, se opere entre a populaçlo portuguesa e o núcleo central do grande mercado ilnlco. O que significa que vai depender também do
ajustamento da oferta de serviços p11bllcos aos desafios que se colocam à estrutura produtiva.