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II SÉRIE-A — NÚMERO 1

Um exemplo dos problemas que a transição para um mercado financeiro mundial coloca reside na instabilidade latente no comportamento dos preços dos activos nas maiores praças financeiras mundiais.

105 — Na Comunidade Europeia o processo de integração das economias está a ser acompanhado por importantes alterações institucionais desencadeadas pelo Acto Único de Fevereiro de 1988, com o compromisso da realização do Mercado Único a 1 de Janeiro de 1993 e com o arranque a 1 de Julho de 1990 da primeira etapa do processo de construção da União Económica e Monetária.

Os acontecimentos no Leste europeu tornaram ainda mais premente a consolidação institucional da Europa Comunitária. A abertura das economias de Leste constitui um importante factor dinamizador das economias ocidentais que será particularmente importante no período de transição para a UEM. Durante esse período, as evidentes necessidades de financiamento das economias do Leste Europeu, decorrentes de um processo de rápida reestruturação, terão consequências marcantes, apelando, por um lado, à solidariedade dos países comunitários, e sobretudo, exercendo pressão acrescida sobre os mercados monetários e de capitais, num ambiente de dinamismo do investimento e de redução das taxas de poupança privada associado aq optimismo existente face à realização do Mercado Único.

No caso concreto da Alemanha, as dificuldades e incertezas ligadas ao processo de unificação e, em particular, as necessidades de financiamento a ele associadas provocaram o aumento generalizado das taxas de juro. Estes desenvolvimentos, conjugados com o receio de uma eventual recessão nos EUA, significaram um estreitamento do diferencial de taxas de juro entre activos denominados em dólares e marcos, ou mesmo na inversão de posição relativa em 1990, de acordo com alguns indicadores. Esta evolução não deverá ser alheia ao enfraquecimento da moeda norte-americana que, deve notar-se, se iniciou sensivelmente antes dos recentes acontecimentos no Golfo não podendo, portanto, ser-lhe exclusivamente atribuído.

106 — O ritmo de crescimento relativamente elevado nos países da OCDE poderá ser suficiente para manter a taxa de desemprego na ordem de 6,4%. Na CE a taxa de desemprego deverá ser de cerca de 8,5% em termos médios, em 1990.

A pressão da procura, que se mantém ainda a um nível relativamente elevado em alguns dos maiores países da OCDE, sobre uma capacidade produtiva virtualmente em plena utilização, não faz prever uma desaceleração da inflação relativamente ao valor médio de 1989. Em particular, parece existir evidência da presença de tensões inflacionistas na economia dos EUA. A recente subida do preço do petróleo poderá vir a acentuar estas tendências.

As trocas internacionais continuam a manter um apreciável dinamismo, embora se preveja uma desaceleração do comércio mundial de 7,4% em 1989 para 6,3% em 1990. Os principais desequilíbrios comerciais não estão, porém, a registar progressos significativos: enquanto o défice corrente dos EUA se mantém bastante elevado, sensivelmente ao mesmo nível de 1989 e com tendência para se agravar no 2.° semestre do ano, o excedente da RFA poderá aumentar; apenas o Japão contribuirá para a redução dos desequilíbrios com uma pequena contracção do seu excedente.

107 — As previsões acima apresentadas para 1990 não contemplam a recente perturbação dos mercados petrolíferos mundiais, cujo desenvolvimento, no entanto, condicionará as perspectivas para 1991.

Os organismos internacionais (FMI, OCDE, Comissão da CE) têm apresentado previsões para o preço do petróleo em 1991 relativamente moderadas. Mesmo assim, tais previsões implicariam uma subida do preço do crude não inferior a 25% relativamente ao preço médio estimado para 1990 o que, em qualquer caso, representa uma alteração substancial relativamente as projecções divulgadas antes da eclosão da crise. No entanto, para os países europeus este aumento do preço do barril de petróleo é parcialmente compensado pela baixa entretanto verificada no dólar norte-americano.

Esta situação no mercado petrolífero reflectirá, em princípio, não uma carência global do produto — devido a uma diminuição estrutural da oferta — mas sim a tomada de posições dos compradores, de forma a diminuir a sua vulnerabilidade face a uma eventual evolução adversa da situação. Esse comportamento tem igualmente repercussões nos mercados internacionais de activos, aliás traduzido na recente instabilidade dos mesmos.

108 — O crescimento de 3 % do PIB/PNB para os países da OCDE em 1991, previsto antes do choque petrolífero poderá sofrer uma revisão para baixo, que não será muito significativa caso se mantenham as previsões relativamente optimistas par a evolução do preço do petróleo. Também o mercado de trabalho não seria muito afectado, podendo a taxa de desemprego apenas subir marginalmente em relação ao valor de 1990.

A inflação média na OCDE, que se previa igual à de 1990, ou seja, 4,5%, se se concretizarem as previsões atrás mencionadas para o preço do crude, poderá sofrer um pequeno agravamento, mas as incertezas nesta matéria são naturalmente muito maiores do que é habitual.

Os efeitos estimados da elevação do preço do petróleo são de muito menor amplitude do que as perturbações provocadas por choques anteriores desta natureza. Esta conclusão baseia-se essencialmente em duas observações: a dependência das economias industrializadas importadoras de petróleo diminuiu consideravelmente durante a década de 80 e a experiência acumulada com a gestão dos choques anteriores permitirá respostas da política económica mais adequadas.

No entanto, a crise na região do Golfo Pérsico cria um grau de incerteza significativo sobre a actividade económica mundial nos últimos meses do ano em curso, obviamente de difícil quantificação no momento actual. A subida do preço do petróleo que se seguiu ao despoletar do conflito naquela região é suficiente para fazer desacelerar, ainda que ligeiramente em termos médios anuais, o crescimento das economias dos países industrializados.

Não obstante as tensões internacionais que ora se vivem, a economia da CE deverá manter em 1991 uma razoável dinâmica que é já fruto do processo da construção europeia, que criou um clima de confiança nos agentes económicos propício ao investimento e ao crescimento económico sustentado.