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II SERIE-A — NÚMERO 48

A reabsorção das crises de emprego industrial será tanto mais lenta quanto mais demorada for a adaptação das sociedades à dinâmica da terciarização, da fabricação flexível e da produção em redes de âmbito internacional.

A continuação de uma tendência para a globalização do comércio e do investimento.

O mundo posto em concorrência a uma escala global.

O peso crescente dos investidores institucionais como operadores na economia global.

A globalização desencadeará movimentos de resistência e poderá entrar em choque com as políticas anti-recessivas dos Estados.

Uma maior pressão concorrencial sobre a Europa, por parte da Ásia e dos EUA.

A integração crescente da ex-URSS e da China na economia mundial pode abrir novos mercados...

...e contribuir para o reforço da globalização.

O desemprego nos países industrializados tenderá...

...a impor políticas que privilegiem o crescimento...

...e levará a intervenções do Estado para combater o desemprego e a exclusão social...

...poderá levar a políticas monetárias menos restritivas, embora limitadas pela necessidade de prosseguir o combate à inflação...

Globalização e concorrência internacional

8 — Ao mesmo tempo que se irá acentuar a terciarização, reforçar-se-ão:

A tendência à globalização de vários sectores de actividade, devido ao embara-tecimento do transporte marítimo e aéreo e das telecomunicações, e ao desenvolvimento de nós intermodais de acesso aos continentes;

A intensificação da concorrência internacional, quer por mercados, quer por capitais, enquanto não forem ultrapassadas as maiores dificuldades de integração das economias ex-socialistas no mercado mundial.

A globalização da actividade económica torna possível pôr em concorrência à escala mundial os subcontratantes de operadores globais (da indústria, dos serviços e do turismo). É acompanhada por uma tendência à formação de um agregado mundial de poupanças, disponíveis para o investimento internacional e para a criação das redes desses operadores globais da indústria e dos serviços.

Os investidores institucionais, ligados à gestão de fundos de pensão e seguros de vida, tenderão, por sua vez, a desempenhar um papel mais central na economia mundial, nomeadamente através da internacionalização das suas carteiras de activos, da sua intervenção nos mercados cambiais e da sua influência nas decisões estratégicas de grandes empresas multinacionais de que são importantes accionistas. Intensifica--se, assim, a dimensão global das decisões e dos mercados financeiros, acentuando-se simultaneamente — também por via da procura e da concorrência — a volatilidade da afectação ou aplicação, a nível mundial, dos capitais.

9 — Por outro lado, a intensificação da concorrência nos mercados vai traduzir--se numa tensão entre os movimentos de globalização da actividade económica e a necessidade de promover o relançamento das economias domésticas nos grandes países, ou agrupamentos de países, podendo traduzir-se em crises nos dois sistemas de enquadramento da economia mundial — o sistema comercial e o sistema monetário internacionais.

Acentuar-se-á a pressão concorrencial sobre a Europa, vinda quer da Ásia quer dos EUA, país que irá responder ao desafio asiático reforçando as suas próprias capacidades como a maior e a mais inovadora das economias desenvolvidas. Se os EUA, o Japão e os NIC da Ásia constituem os concorrentes principais dos países mais desenvolvidos da Europa, o Leste, o Norte de África e os países asiáticos em industrialização rápida constituirão os concorrentes principais dos países menos desenvolvidos do Sul da Europa.

10 — Este aumento da concorrência internacional ocorre num momento em que se dá a possibilidade de um extraordinário alargamento de mercados, a médio prazo, em consequência da crescente integração da China índia e Rússia na economia mundial. Este processo pode, no entanto, vir a ser travado pela complexidade dos problemas políticos e sociais nesses países, pela dificuldade em mobilizar os capitais necessários ao apoio dos processos de transição e pela resistência dos países desenvolvidos em se abrirem às exportações manufactureiras vindas daquelas economias.

Política económica nos países Industrializados

11 — A elevação ou a persistência do desemprego a níveis historicamente elevados, que, em alguns países e regiões, se situam actualmente próximo dos 20 % dos activos, deverá conduzir a uma provável inflexão na política económica. Esta inflexão poderá apresentar, como contornos mais marcantes:

A atribuição de maior importância ao crescimento económico, como forma de reduzir o desemprego;

Uma maior e mais profunda intervenção pública no apoio de funções sociais, designadamente para responder ao desemprego e à exclusão, que surge num momento em que as Administrações Públicas vinham a reduzir o seu peso na economia;

O recurso a políticas monetárias menos restritivas, para reduzir as taxas de juro e relançar as economias, quando é ainda necessário fazer progressos na redução da inflação e os défices orçamentais e os níveis de dívida pública da generalidade dos países industrializados reduzem o espaço de manobra da política fiscal;