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27 DE NOVEMBRO DE 1997

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O património cultural desta associação conta ainda com o eco-museu, onde se encontram alguns milhares de peças que retratam a vida rural, não apenas de Torredeita mas de uma mais vasta área que se estende ao nível da região, merecendo referência especial a peça «viva», que vem perpetuando uma das actividades económicas mais desenvolvidas em Torredeita ao longo dos tempos, mercê de condições climatéricas ideais aqui existentes (uma espécie de microclima) — a olivicultura.

Revelando a técnica que remonta ao tempo de Arquimedes, movido através da água recebida na roda de balanço através de uma caleira que a vai beber a uma represa ou levada, roda aquela que desenvolve toda a força necessária para accionar a galga que tritura a azeitona que há-de transformar-se, ali mesmo, em azeite, essa antiga peça «viva» do eco-museu de Torredeita, que é o lagar de azeite da Cepeda, é também ponto de referência em relação à gastronomia local, pois ali são confeccionados alguns deliciosos pratos, cuja origem se perde nos tempos, o primeiro dos quais, pelo menos, muito terá a ver com o próprio lagar, tais como as migas de azeite, a vitela no espeto de loureiro, o borrego na brasa, a sopa seca, a galinha dependurada, etc.

O artesanato é outra realidade bem viva em Torredeita que, ora organizado, como é o caso da Cooperativa de Artesanato O Enleio, com as rendas de bilros, as bonecas e os trajes regionais, ora mantido no povo anónimo, como acontece com os cestos de vime que se fazem no Casal ou em Novais, as vassouras de milho que se produzem também no Casal ou as capuchas de burel que se fabricam em Vila Chã do Monte, continua a passar de geração em geração.

Para a prática do culto religioso, onde o catolicismo é assumido pela quase totalidade da população, Torredeita dispõe, além da igreja matriz, de que é padroeira Nossa Senhora dá Anunciação, ainda de nove capelas — Nossa Senhora de Fátima, Senhora do Livramento, Senhora do Ribeiro, Santo António, São João, São Pedro, Santa Marinha, São Romão e Santo Estêvão.

A residência paroquial de Torredeita dá guarida a três sacerdotes que exercem a actividade em cinco freguesias.

Propriedade da fábrica da igreja da paróquia de Torredeita, com periodicidade mensal, é editado o jornal local Voz de Torredeita e Boa Aldeia, que, dando voz à freguesia e procurando informar sobre os assuntos de interesse do meio em que se insere, muito tem contribuído para manter a ligação dos filhos da freguesia emigrados e dos que, por outra qualquer razão, adoptaram outro local para fazer a sua vida com a sua terra natal.

Os transportes públicos colectivos que ligam Torredeita ao exterior são assegurados por duas empresas de camionagem, que, complementados com os do táxi aqui sediado, têm dado cobertura satisfatória nesse âmbito.

A estação dos CTT, recentemente reconstruída e modernamente equipada, com todas as valências próprias dos serviços que a empresa presta, serve não apenas Torredeita como mais quatro freguesias vizinhas, daqui partindo a distribuição domiciliária de correspondência e para cá sendo trazida a que é recolhida dos postos existentes na área da sua acção.

O posto da Guarda Nacional Republicana existente em Torredeita, destinado a promover a segurança de "pessoas e bens em seis, freguesias (Boa Aldeia, Couto de Baixo, Couto de Cima, Farminhão e Vil de Soito, além de Torredeita), mostra-se cada vez mais útil, sendo merecedor de ser devidamente instalado e equipado de meios humanos

e técnicos que lhe permitam um desempenho digno de si mesmo e das populações a quem se destina.

A Associação de Compartes dos Baldios de Routar, constituída no início dos anos 70, administra os baldios existentes nos limites daquela povoação, por sinal parte dos existentes em Torredeita.

No Casal a comissão de regadio exerce a sua acção da gestão das águas de rega com origem no rio Farreco, bem como do equipamento que para esse trabalho agrícola entretanto foi edificado ao longo dos campos que dele beneficiam.

A Casa do Povo, que enquanto em actividade estendia a sua acção, além de Torredeita, às freguesias de Boa Aldeia, Couto de Baixo, Couto de Cima e Farminhão, mantém ainda os corpos sociais oportunamente eleitos e dispõe de património, imobiliário e mobiliário, podendo vir a constituir-se uma associação entre as juntas de freguesia que contemplava, a fim de gerir convenientemente o seu espólio e poder dar-lhe a devida e necessária utilidade.

A junta de freguesia, como lhe compete no âmbito da suas atribuições e competências, na acção autárquica desenvolvida ao longo dos anos, tem procurado, simultaneamente, dar e captar a colaboração de todos os torredeiten-ses e de todas as instituições existentes em. Torredeita, independentemente da área em que cada qual se movimente, com significativa ênfase nos anos mais recentes, desenvolvendo a sua actividade em todas as vertentes possíveis, sempre condicionada pelos meios económico-finan-t ceiros de que dispõe, mas com a vontade firme de fazer mais, a tranquilidade de dar o seu melhor e a esperança de vir a ser compreendida na forma como busca desenvolver e melhorar a Torredeita do presente e do futuro.

Monumentos, lugares e vestígios de interesse

A confirmar a antiguidade de Torredeita, encontram-se referendados por estudiosos da matéria as Mamoas do Senhor do Pedrão, no limite da freguesia com a de Boa Aldeia, num conjunto de mais de uma dezena; o troço da via romana das Enforcadas, entre Torredeita e Mosteiri-nho, que se incluía na rede viária principal da região de Viseu e que, saindo desta cidade, entrava pelo Mosteiri-nho, ia às Enforcadas, atravessava Torredeita, dirigia-se para o Fiai e prosseguia para o Caramulo; a ponte romana entre Routar e Várzea, no caminho para os Casais, infelizmente bastante danificada com um alargamento que lhe infligiram em betão e a deixou quase irreconhecível; a necrópole de Água Afonso, em Routar, da época romano-medieval, contando oito sepulturas escavadas na rocha, sendo uma de criança, lugar por onde passava uma via romana secundária que, cruzando Torredeita, seguia para o Carvalhal de Vermilhas, por Boa Aldeia e Fornelo de Monte, sendo certo que ali, por Água Afonso, no período de transição entre as épocas romana e medieval, terá existido um habitat, confirmado também pelo aparecimento, nos terrenos circunstantes àquela necrópole, de imensos restos de cerâmicas da época; também Escouras, pelo lugar de Santo Estêvão, era por certo habitada naquela mesma época, como o testemunham diversos restos cerâmicos, pedras aparelhadas e mós mamuárias circulares por ali achadas; refira-se, finalmente, a atestar a antiguidade de Torredeita, um outro núcleo de sepulturas escavadas na rocha, junto à Capela de Santo Estêvão, em Magarelas.

Portanto, um pouco por toda a Torredeita se encontram vestígios que testemunham, a sua antiguidade.