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7 DE JANEIRO DE 1999

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mais sustentado do que o verificado no ciclo anterior, assentando num contributo decisivo do investimento e no desempenho favorável das exportações, com o consumo a crescer aquém do crescimento do PD3.

O investimento registou, neste período, um crescimento muito forte em todas as suas componentes, quer se trate do investimento das famílias, das empresas ou do sector público. No entanto, estima-se que em 1998 se verifique um abrandamento em relação ao ano anterior, devido em especial à desaceleração do investimento em construção, o qual atingiu acréscimos muito elevados em 1997. O comportamento favorável do investimento que ficou a dever-se à realização-de importantes projectos de iniciativa pública, reflectiu também o efeito da redução das taxas de juro sobre as decisões das famílias e das empresas, sendo

de salientar particularmente a expansão do investimento em habitação.

A consolidação da recuperação da procura interna- na União Europeia contribuiu para um crescimento forte das exportações portuguesas, embora a dinâmica das vendas ao exterior de veículos automóveis e o impacto da Expo'98 nas receitas do turismo tenham sido decisivos para o .desempenho global das exportações de bens e serviços. Com efeito, as exportações portuguesas apresentaram um crescimento muito significativo no início de 1998, espe-rando-se o prosseguimento desta tendência favorável até ao final do ano.

Após um período caracterizado por um crescimento muito reduzido, a recuperação do consumo privado consolidou-se em 1997 e 1998, apresentando uma evolução mais expressiva neste último ano. A aceleração do crescimento do consumo foi sustentada pelo acréscimo do rendimento disponível real das famílias, pelas condições favoráveis no mercado de trabalho, propiciadoras de um aumento de confiança das famílias, e pelos efeitos da redução das taxas de juro. A evolução salarial tem-se mantido moderada, tendo-se cifrado os aumentos negociados nos Instrumentos de Regulamentação Colectiva publicados até Julho de 1998 em 3,3%, contra 3,6% em todo o ano de 1997, estando subjacente a esta evolução um ganho real de cerca de 1%. No entanto, a evolução dos salários efectivos tem superado a dos convencionais, revelando o índice de remunerações na indústria transformadora um acréscimo de 4% nos seis primeiros meses deste ano.

O forte dinamismo da procura interna conduziu a um acentuado crescimento das importações, originando, em 1998, um contributo negativo das transacções de bens e serviços para o crescimento do produto, embora menos significativo que o registado em 1997.

A recuperação económica, que se vem consolidando desde 1995, apenas em 1997 se reflectiu de forma expressiva na situação do mercado de trabalho, com um crescimento do emprego de 1,9% e dos trabalhadores por conta de outrem de 1,4%, tendo a taxa de desemprego anual regredido, após uma trajectória ascendente desde a recessão de 1993. Em 1998, a situação do mercado de trabalho é ainda mais favorável, registando-se uma elevada criação de emprego tendo a taxa de desemprego descido para 4,6% no segundo trimestre (6,5% erri idêntico trimestre de 1997, de acordo com o anterior Inquérito ao Emprego. Esta situação favorável do mercado de trabalho beneficiou, em grande parte, na realização da EXPO'98 que se traduziu num adicional de emprego, expresso sobretudo no 2." e 3.° trimestres.

Embora em 1998 se tenha reduzido o número de trabalhadores por conta própria, contrariamente ao que vinha

acontecendo nos anos anteriores, a criação de emprego continua a revelar alterações qualitativas no mercado de trabalho. Aumentam as formas atípicas de trabalho, sendo a variação positiva patenteada pelo emprego dos trabalhadores por conta de outrem determinada, fundamentalmente, pelo aumento dos contratos não permanentes (contratos a termo e outros).

A criação de emprego, em 1998, teve sobretudo origem no sector dos serviços (mais de 78 mil postos de trabalho entre o 4.° trimestre de 1997 e o 2.° trimestre de 1998) e no sector da construção (mais de 30 mil postos de trabalho em igual período), registando o emprego dos jovens um aumento mais elevado do que o do conjunto dos restantes grupos etários.

No que se refere ao desemprego, assistiu-se até meados de 1998 a uma redução significativa e contínua, quer do desemprego masculino, quer do feminino e tanto dos desempregados à procura do primeiro emprego, como dos procuram novo emprego. Contudo, o desemprego de longa duração continua a representar uma proporção elevada do desemprego total (45,1% no 2.° trimestre deste ano). A taxa de desemprego juvenil registou a maior redução em pontos percentuais, continuando, contudo, o seu valor no 2° trimestre (9,1%) a ser bastante mais elevado que o da taxa de desemprego global.

Apesar da evolução conjuntural favorável, a situação do mercado de trabalho continua marcada por problemas estruturais persistentes, nomeadamente, uma estrutura de mão-de-obra ainda dominada por baixos níveis de habilitações e qualificações e pela existência de desajustamentos qualitativos entre a procura e a oferta de trabalho.

O processo de desinflação em Portugal tem ocorrido de uma forma gradual e sustentada tendo a evolução dos preços em 1997 continuado inserida na trajectória descendente e de convergência que se vinha verificando. Neste ano a taxa de inflação situou-se, de acordo com o índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), em 1,9%, face a 1,7% na UE. Os principais factores explicativos desse processo têm sido a evolução da taxa de câmbio, a evolução dos preços internacionais e a moderação dos salários. Contudo, em 1998, a inflação começou a acelerar a partir de Abril, devido ao comportamento anómalo de alguns preços, nomeadamente de produtos alimentares e de bebidas, em resultado do mau ano agrícola e da subida de preços nos serviços de alojamento, em consequência da forte procura desses serviços derivada da realização da EXPO'98. No entanto, o indicador da inflação subjacente manteve um comportamento relativamente estável, o que faz prever uma evolução mais favorável da inflação logo que cessem as causas temporárias daquela evolução. Em consequência daqueles factores tem vindo a verificar-se uma aceleração dos preços dos bens transaccionáveis, nomeadamente os alimentares, continuando, no entanto, os preços dos bens não transaccionáveis a registar um ritmo de crescimento mais elevado. A taxa de inflação portuguesa convergiu durante o ano de 1997 e os primeiros meses de 1998 para os valores médios da União Europeia, consolidando o movimento de aproximação, o qual se estima venha a ser.retomado após a cessação das variações excepcionais referidas. A inflação média anual situou-se em Julho deste ano em 2,3%, segundo índice nacional, e em 1,9% segundo o IHPC.

A sustentabilidade do processo de consolidação orçamental permitiu manter sob controlo o défice do Sector