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27 DE MARÇO DE 2019

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fatores chave de localização dos diferentes segmentos, quer das cadeias de abastecimento, quer das cadeias

de valor, onde a relevância dos serviços financeiros e profissionais, bem como das capacidades de

negociação e movimentação internacional de mercadorias, localizados no Reino Unido, é expressiva.

A concretização do Brexit representa, de acordo com os resultados obtidos no presente estudo, um

conjunto significativo de oportunidades e ameaças, num plano mais direto e imediato, associado às alterações

nos fluxos de comércio internacional de bens e serviços e aos seus efeitos macroeconómicos em matéria de

atividade, rendimento, emprego e inflação, nomeadamente.

A concretização do Brexit representa, no entanto, também, num plano mais indireto e mediato, um conjunto

não menos relevante de oportunidades e ameaças, associadas, nomeadamente, quer ao acolhimento e

localização de atividades e instituições, seja numa escala interna à própria União Europeia, seja numa escala

mais global relativa às formas de articulação na economia mundial, quer à espacialização das cadeias de

globalizadas de conceção, produção e distribuição de bens e serviços e às formas de relacionamento

empresarial transnacional dela resultantes.

A sistematização das conclusões acima apresentadas permite obter não só um reconhecimento objetivo da

magnitude dos efeitos identificados, que estão aliás em linha com os sugeridos noutros estudos, como tomar

nota da sua pertinência e relevância acompanhando de forma cuidada o evoluir das negociações e

concebendo, planeando e executando iniciativas e ações, públicas e privadas que permitam otimizar o saldo

dos efeitos potenciais, positivos e negativos, do Brexit.

As ações a desenvolver comportam duas linhas de intervenção óbvias, uma no sentido de mitigar os riscos,

outra no sentido de potenciar as oportunidades, sendo que em muitos casos os dois tipos de ações se

reforçam mutuamente. Apresentam-se, a fechar o presente estudo, um conjunto de recomendações que

procuram valorizar as conclusões mais relevantes e oferecer um quadro de prioridades e conteúdos para

enfrentar o diagnóstico das ameaças e oportunidades do Brexit para a economia portuguesa.

1 – Recomendação de proatividade na valorização do Reino Unido como parceiro económico de Portugal

– As recomendações associadas aos resultados do estudo sugerem, em primeiro lugar, um esforço pró-

ativo de valorização do Reino Unido como parceiro económico de Portugal.

– A experiência portuguesa noutro momento recente de alteração do quadro institucional do

relacionamento económico na Europa, o alargamento a centro e leste da União Europeia concretizado a partir

de 2004, sugere, com efeito, que os riscos de perda da interação real quando ela é forte e tendencialmente

superior à interação potencial são muito elevados e exigem um ativo e cuidado acompanhamento (a

concretização da perda de uma parte substancial da interação económica entre Portugal e a Alemanha para o

novo espaço da Europa central constitui um importante «aviso à navegação» na mitigação das ameaças do

Brexit).

– A afirmação transversal de Portugal como parceiro do Reino Unido na EU, que se traduz na defesa e

estímulo de velhas e novas realidades com valor relevante, bem como na defesa, no processo negocial, do

melhor, mais profundo e alargado acordo possível, pode contribuir quer para mitigar a materialização de

muitos riscos quer para potenciar muitas oportunidades.

– A estimativa dos efeitos potenciais do Brexit, nomeadamente na dimensão da identificação das zonas de

risco mais elevadas, ao nível dos produtos e das regiões, sugere com clareza que o Brexit pode, mal e

passivamente enfrentado ou sofrido, gerar alguns impactos específicos visivelmente negativos, tal como pode,

bem compreendido e ativamente enfrentado e aproveitado, induzir efeitos muito importantes de revitalização

económica e social, da região do Porto e Douro à Madeira, da renovação competitiva das indústrias ditas

tradicionais aos novos serviços pessoais e empresariais, da região de Lisboa ao Algarve, do imobiliário ao

turismo.

– Potenciar esse papel de parceiro de Portugal pode permitir, como já referido, por um lado, explorar

oportunidades de empresas portuguesas substituírem, enquanto fornecedores do Reino Unido, produtores

localizados noutros países da UE, potenciando a integração de Portugal em cadeias de valor ancoradas no

Reino Unido. Mas potenciar esse papel de parceiro do Reino Unido na UE pode afirmar também Portugal

enquanto destino de fluxos de IDE com origem no Reino Unido, seja de operadores britânicos, seja de