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27 DE MARÇO DE 2019

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relacionamento comercial europeu, para a qual não há precedentes históricos que possam ser utilizados para

simular os efeitos deste processo. Foram por isso utilizadas diversas abordagens para procurar ter uma visão

mais abrangente dos impactos que se poderão fazer sentir e superar as lacunas de que cada uma das

abordagens individuais padece.

A análise realizada permitiu verificar que os efeitos potenciais do Brexit na economia portuguesa podem ser

significativos, com reduções potenciais de exportações globais de bens e serviços para o Reino Unido entre –

1,1% e -4,5%, de fluxos de IDE com origem no Reino Unido entre -0,5% e -1,9% e de remessas de emigrantes

com origem no Reino Unido entre -0,8% a -3,2%, decorrentes da contração prevista para a economia britânica

no horizonte do período de transição.

A médio-longo prazo, a alteração do quadro de relacionamento entre o Reino Unido e a UE encerra um

risco forte para as exportações de bens e serviços portuguesas. De acordo com os resultados do estudo, a

alteração do quadro de relacionamento bilateral pode resultar em reduções potenciais das exportações globais

entre cerca de 15% e 26%, dependendo do tipo de relacionamento futuro que vier a ser estabelecido.

Mesmo considerando que as magnitudes destes efeitos devem ser lidas com cautela, é claro o sinal de que

os efeitos para Portugal podem ser muito significativos, tendo em conta que o Reino Unido é o 4.º mercado de

destino das exportações portuguesas de bens e o primeiro das exportações de serviços, sendo os saldos da

balança comercial muito positivos para Portugal. A desvalorização da libra face ao euro que tem ocorrido

desde a realização do referendo (a libra já desvalorizou cerca de 14% entre o referendo e o início de setembro

deste ano) e que pode agravar-se quando a saída dos britânicos da UE se concretizar, e a consequente

quebra do poder de compra dos britânicos, representa também um risco significativo para Portugal, dada a

importância do turismo para as exportações de serviços. O Reino Unido é, ainda, o 4.º país com maior

investimento direto estrangeiro em Portugal e a 3.ª principal origem das remessas de emigrantes recebidas em

Portugal.

A análise realizada para avaliar os impactos potenciais do Brexit ao nível dos produtos permitiu identificar

as situações onde o grau de risco é maior. O grupo de risco mais elevado integra os produtos informáticos,

eletrónicos e óticos (26), equipamento elétrico (27) e veículos automóveis, reboques e semirreboques (29). O

segundo grupo com um nível de risco ainda médio integra os produtos alimentares (10), as bebidas (11), os

produtos da indústria do tabaco (12), os têxteis (13), os artigos de vestuário (14), o couro e produtos afins (15),

o papel e cartão e seus artigos (17), os produtos farmacêuticos e preparações farmacêuticas de base (21), os

artigos de borracha e de matérias plásticas (22), outros produtos minerais não metálicos (23), metais de base

(24), produtos metálicos transformados, exceto máquinas e equipamento (25), máquinas e equipamentos, n.e.

(28) e mobiliário (31).

A análise realizada para avaliar os impactos potenciais ao nível regional permitiu identificar que as regiões

que, face à sua especialização produtiva ao nível dos bens, enfrentam maiores riscos decorrentes do Brexit

são o Alto Minho, Cávado, Ave e Tâmega e Sousa. Seguem-se as regiões de Terras de Trás os Montes, Área

Metropolitana do Porto e Beiras e Serra da Estrela. Ao nível dos serviços, a Área Metropolitana de Lisboa,

Algarve e Madeira são as regiões com maior exposição ao risco. A Área Metropolitana do Porto e a Região de

Coimbra surgem também sinalizadas pelo exercício realizado.

3 – Configuração final do quadro de relacionamento comercial futuro do RU com a UE no pós-Brexit é

importante na fixação de expetativas de maior ou menor sensibilidade da economia portuguesa aos riscos

negativos e oportunidades positivas de exposição ao Brexit.

Os resultados do estudo revelam, em terceiro lugar, que a sensibilidade à maior ou menor concretização

dos riscos negativos e das oportunidades positivas para a economia portuguesas é muito significativa em

relação às diferentes modalidades de concretização do Brexit. Com efeito, com um relacionamento económico

real mais intenso e duradouro do que aquele que poderia ter resultado do mero jogo da distância e da

dimensão, uma desintegração económica entre Portugal e o Reino Unido comporta, necessariamente, efeitos

significativos.

Os resultados das estimativas alcançadas pelo estudo na modelização dos diferentes quadros possíveis

para regular o novo relacionamento económico com a saída do Reino Unido do mercado interno e da união

aduaneira, mostram que será sempre mais favorável para a economia portuguesa a chegada a um quadro

mais positivo, abrangente e equilibrado, isto é, mais próximo da materialização de um novo tipo de acordo