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II SÉRIE-A — NÚMERO 80

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«Considerando a relevância das potenciais consequências económicas do Brexit para a economia e

empresas portuguesas, entendeu a CIP – Confederação Empresarial de Portugal promover a realização de um

estudo sobre as mesmas, que melhore a sua capacitação e dos seus associados na preparação das melhores

respostas aos desafios decorrentes do Brexit.

O estudo do impacto do Brexit na economia e nas empresas portuguesas foi desenvolvido, neste quadro,

para tentar esclarecer o que está verdadeiramente em causa para a União Europeia e para Portugal, bem

como para poder suportar formas de reflexão e ação que permitam antecipar e defender a afirmação do país e

das empresas que nele ou, sobretudo, a partir dele criam valor e emprego participando ativamente numa difícil

e complexa, mas inescapável, globalização.

1 – Brexit será um processo assimétrico e de longa duração nas negociações, consequências e impactos.

Os resultados do estudo confirmam, em primeiro lugar, o processo do Brexit como um processo

assimétrico, quer entre o Reino Unido e a União Europeia, quer no seio dos 27 parceiros que nela

permanecem, e de longa duração, quer nas negociações envolvidas, quer nas respetivas consequências e

impactos. Estes mesmos resultados indicam que os efeitos de curto prazo serão sempre negativos,

respondendo a formas e custos de desintegração económica, configurando um jogo em que todos perdem

alguma coisa, sendo que os riscos destas consequências negativas para o nível de atividade económica,

riqueza e emprego são muito mais elevados para o Reino Unido do que para a União Europeia no seu

conjunto. Os mesmos resultados permitem, ainda, perspetivar a possibilidade de transformações estruturais

quer no posicionamento do Reino Unido na globalização, quer na própria construção europeia, suscetíveis de

mitigar e inverter as inevitáveis consequências negativas de curto prazo.

O Brexit e o processo de negociação que lhe está implícito é um tema de redobrada importância para a

economia europeia, acarretando inúmeros riscos económicos e desafios. A saída do Reino Unido da União

Europeia (UE) implicará uma reconfiguração do mercado interno europeu, com consequências e desafios para

o conjunto das economias globalmente consideradas, mas com particularidades específicas em cada país.

O estudo desenvolvido conclui, neste contexto, que a compreensão e a resposta portuguesa ao Brexit não

se esgota no horizonte de março de 2019, sobretudo, se, como tudo indica, existiram posições, recursos e

capacidades específicas, resultantes do longo relacionamento entre Portugal e o RU, suscetíveis de permitir

transformar em oportunidade nacionais, seja em desvio de comércio de bens e serviços, seja em mobilidade

internacional de capital humano qualificado e altamente qualificado, seja em diversificação dos destinos e

origens dos movimentos de investimento internacional e de intermediação económica associados à crescente

globalização das cadeias de valor, os choques negativos do Brexit em outras economias europeias, incluindo a

própria economia do Reino Unido.

O Brexit não acaba em março de 2019, nem em 2021. A União Europeia e o Reino Unido terão,

necessariamente, de prosseguir esforços convergentes na construção europeia que, pelo seu lado, tem pela

frente múltiplos desafios e oportunidades, muitos deles não menos relevantes do que os agora colocados pelo

Brexit.

2 – Quadro de impactos do Brexit na economia portuguesa com transversalidade expressiva: nos bens e

nos serviços, no comércio e no investimento internacional, nos fluxos migratórios e nas remessas de

emigrantes, no turismo e no imobiliário

Os resultados do estudo apontam, com efeito, em segundo lugar, para que o quadro de ameaças e

oportunidades das consequências do Brexit para a economia portuguesa sejam relativamente transversais,

envolvendo os bens e os serviços, o comércio e o investimento internacional, os fluxos migratórios e as

remessas de emigrantes, bem como o turismo e o imobiliário, em sintonia, aliás, com as realidades de uma

muito longa e relevante história económica e comercial entre os dois países.

Portugal e a economia portuguesa estão situados, como os resultados do estudo demonstram, num grupo

intermédio de países e economias onde os impactos potenciais do Brexit, não sendo dos mais significativos,

apresentam, no entanto, alguma expressão. Com efeito, o estudo identifica com clareza que o Brexit comporta,

para a economia portuguesa, riscos parciais e oportunidades específicas relevantes que importará mitigar e

aproveitar com posições, iniciativas e ações que acompanhem o referido longo processo negocial.

A análise dos impactos potenciais do Brexit na economia e nas empresas portuguesas enfrentou uma

dificuldade fundamental na medida em que, implícita ao Brexit, está a desconstrução do atual modelo de