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II SÉRIE-A — NÚMERO 94

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neoplasias (41 700 DALYs; 1,3% do total). Em Portugal, cerca de 300.000 anos de vida saudável poderiam ser

poupados se os portugueses melhorassem os seus hábitos alimentares».

No que respeita à mortalidade, os hábitos alimentares inadequados, que são modificáveis, foram o quarto

fator de risco que mais contribuiu para o número total de mortes (11,4%).

Dados do último Inquérito Nacional de Saúde (2019), divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística,

demonstram que 53,6% da população adulta portuguesa apresentava excesso de peso (pré-obesidade ou

obesidade), sendo que a obesidade afetava já 1,5 milhões de pessoas (16,9%).

O Relatório do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável Portugal (2020) alerta também

para a «tendência crescente da proporção de utentes com registos de pré-obesidade e obesidade nos Cuidados

de Saúde Primários, atingindo os 16,7% e os 11,9% a nível nacional em 2019, respetivamente».

Paralelamente, e segundo o mesmo relatório, «a COVID-19 parece ter contribuído para uma alteração nos

hábitos alimentares de uma parte significativa da população nacional». Com efeito, «quase metade da população

inquirida (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante este período e 41,8% tem a perceção

de que mudou para pior». Esta situação é particularmente gravosa num contexto sanitário que já identificou o

excesso de peso como um dos fatores de maior risco no internamento de doentes COVID-19 em unidades de

cuidados intensivos.

De facto, os padrões alimentares inadequados e a obesidade, em particular, têm sido responsáveis por

custos humanos, sociais e económicos muitíssimo elevados. Na perspetiva do PAN, não obstante a necessidade

de medidas de carácter cirúrgico e/ou farmacológico de tratamento dos utentes, é prioritário combater o

problema de raiz, isto é, através da prevenção da obesidade desde a gravidez e ao longo de todo o ciclo de

vida. Só assim se pode de facto, reduzir este problema de saúde em larga escala.

Os dados relativos à obesidade infantil revestem-se, por seu turno, também de especial preocupação para a

saúde humana. Segundo os dados preliminares da 5.ª fase do COSI Portugal (Sistema de Vigilância Nutricional

Infantil), do Ministério da Saúde em coordenação com o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA),

apesar de ter havido uma redução do excesso de peso nas crianças de 2008 para 2019, respetivamente de

37,9% para 29,6%, a prevalência da obesidade infantil aumentou com a idade, com 15,3% das crianças de oito

anos de idade já consideradas obesas (destas 5,4% com obesidade severa). Ainda que em menor percentagem,

mas igualmente preocupante, a percentagem de crianças obesas aos seis anos de idade é de 10,8%, com 2,7%

delas com obesidade severa.

É, por isso, premente que se perspetivem, num curto e médio prazo, políticas e mudanças estruturais na

forma como escolhemos os nossos padrões e comportamentos alimentares e como educamos as futuras

gerações para estilos alimentares mais saudáveis.

Recentemente, têm sido dados alguns passos importantes nesse sentido, exemplo disso é o Programa

Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), da DGS, tendo como missão «melhorar o estado

nutricional da população, incentivando a disponibilidade física e económica de alimentos constituintes de um

padrão alimentar saudável e criar as condições para que a população os valorize, aprecie e consuma,

integrando-os nas suas rotinas diárias».

Cumprindo uma importante função de aconselhamento e orientação técnicas, a DGS lançou em 2015 um

guia com as «Linhas de Orientação para uma Alimentação Vegetariana Saudável», valorizando e dando a

conhecer um modelo de consumo alimentar saudável junto da população, ao mesmo tempo que permite que os

profissionais de saúde possam aceder a informação científica capaz de os dotar de maior conhecimento,

competência e segurança nesta área de educação alimentar.

De facto, nos últimos anos, tem vindo a ser desenvolvida muita evidência científica a favor do aumento de

produtos de origem vegetal na nossa alimentação, dados os benefícios do consumo de produtos de origem

vegetal e o seu papel na prevenção da doença, nomeadamente na prevenção de doenças muito prevalentes na

nossa sociedade como a doença cardiovascular, a doença oncológica, a obesidade e a diabetes, que tem como

se sabe enorme impacto na qualidade de vida das pessoas e na sustentabilidade do SNS. Para além destes

benefícios comprovados, a alimentação vegetariana tem ainda impacto no aumento da longevidade de vida da

pessoa humana. Como refere o guia da DGS, «a evidência aponta não só para a importância do consumo

regular de produtos de origem vegetal, como para o facto de uma alimentação exclusivamente baseada nestes