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Efetivamente, o atual cenário macroeconómico continua a estar sujeito a um elevado grau de incerteza, com riscos predominantemente externos, descendentes para o crescimento e ascendentes para a inflação. Acresce ainda a possibilidade de um corte total no fornecimento de bens energéticos pela Rússia à União Europeia e uma escalada do conflito militar com a Ucrânia. Este cenário resultaria num significativo impacto adverso difícil de mensurar, tendo em conta a complexidade das interdependências em causa. Não é igualmente possível descartar que a atual conjuntura resulte numa recessão em alguns dos principais parceiros comerciais da economia portuguesa, impactando a procura de bens e serviços, nomeadamente associados ao turismo.

A esta possibilidade acresce um possível agravamento das reverberações da pandemia no continente asiático, cujo impacto adiaria a resolução de constrangimentos na produção e comércio internacionais. Ainda na Ásia, os riscos e incertezas sobre a resiliência da economia chinesa e, em particular, do seu setor imobiliário continuarão a pressionar o dinamismo da economia global. Este período de maior incerteza prolongar-se-á para 2023, tornando a tomada de decisões mais complexa.

2.3. Fatores de resiliência e confiança

Portugal tem vindo a desenvolver fatores de resistência, crescentemente reconhecidos, que se estendem da resiliência do mercado de trabalho e dinamismo do turismo, passando pela estabilidade política e social, e incluindo uma política orçamental credível e guiada por princípios de prudência e sustentabilidade. Estes são fatores que importa destacar e fomentar, nomeadamente através da resposta orçamental a desenvolver em 2023.

Localização estratégica e fluxos migratórios positivos

A localização geográfica de Portugal constitui um elemento estratégico de resiliência na atual conjuntura. A economia portuguesa já não é só uma porta de entrada na Europa e uma ponte para os restantes continentes. Num momento em que se acentuam os movimentos de desglobalização e encurtam as cadeias de valor – privilegiando critérios de segurança e estabilidade nos fornecimentos, em detrimento do preço mais baixo – Portugal aparece como uma escolha segura, que oferece condições competitivas para o estabelecimento de negócios para toda a Europa.

Sintomas desta atratividade são a entrada de capital estrangeiro na economia portuguesa e a confiança dos investidores. A consultora EY, por exemplo, colocou Portugal como o oitavo país mais atrativo para o investimento em 2021, de entre os principais destinos de investimento europeu. A economia nacional subiu dois lugares no ranking face a 2020. As expectativas de investimento em Portugal são também mais animadoras do que para a média da Europa, com 62% dos inquiridos a antecipar estabelecer-se ou expandir operações em Portugal.

Portugal é também atrativo para viver. De 2017 a 2020 o saldo migratório do país tem sido consecutivamente positivo. Nestes quatro anos, em termos acumulados registaram-se quase 220 mil entradas de imigrantes permanentes, um número que supera em muito o das saídas. Os dados preliminares de 2021 apontam no mesmo sentido: o saldo migratório é positivo, com

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