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II SÉRIE-A — NÚMERO 131 24

3. Cenário macroeconómico

3.1 Hipóteses externas

A economia mundial regista elevados níveis de incerteza e volatilidade, encontrando-se fortemente

dependente de dois fatores: a persistência dos efeitos da pandemia de COVID-19 e das ruturas nas cadeias

de abastecimento global, e o prolongamento da guerra na Ucrânia, com os consequentes impactos nos

mercados internacionais de produtos energéticos e de matérias-primas.

Neste quadro, a generalidade das instituições e organismos internacionais tem procedido a sucessivas

revisões em baixa do crescimento económico mundial e em alta da taxa de inflação para o ano de 2023.

As previsões de setembro do Banco Central Europeu (BCE) e da OCDE preveem um crescimento médio

do PIB da área do euro de 0,9 % e de 0,3 %, respetivamente, para 2023. Consequentemente, a procura

externa relevante para a economia portuguesa, que em 2022 tem um crescimento estimado de 8,3 %,

deverá desacelerar em 2023 para 3 %.

De acordo com as expectativas implícitas nos mercados de futuros, o preço do petróleo deverá abrandar

em 2023, para 78 USD/bbl, comparado com valores previstos de 98 USD/bbl em 2022, ao que poderá

acrescer uma tendência de apreciação do dólar norte-americano face ao euro.

A política monetária deverá manter-se restritiva em 2023, prosseguindo a trajetória de normalização

iniciada em 2022, a fim de contrariar a subida da taxa de inflação e a depreciação do euro face ao dólar.

Assim, e considerando o mercado de futuros, as taxas de juro de curto prazo da área do euro deverão subir

para 2,9 %, em média, em 2023 (previsto de 0,5 %, em média, em 2022).

3.2 Cenário macroeconómico 2022 e 2023

Em 2023, prevê-se uma desaceleração da economia portuguesa, com um crescimento real de 1,3 %

face ao crescimento estimado de 6,5 % para 2022, mantendo-se a convergência face à área do euro

(crescimento de 3,1 % e 0,9 %, respetivamente, em 2022 e 2023) iniciada em 2017 e apenas interrompida

em 2020.

O crescimento da economia portuguesa encontra-se fortemente condicionado pela evolução da

conjuntura internacional e da política monetária, mas, ainda assim, em 2022, deverá registar um contributo

positivo significativo da procura interna (4,4 pp), resultado do dinamismo do consumo privado e do

investimento, reforçado pelo contributo da procura externa líquida (2,2 pp), com as exportações a crescerem

acima das importações (18,1 % e 12 %, respetivamente).

Em 2023, o crescimento assentará num maior dinamismo do investimento (3,6 %), com base na plena

implementação dos investimentos previstos no âmbito do PRR, o que permitirá amortecer, em parte, a

desaceleração do consumo privado, de 5,4 % em 2022 para 0,7 % em 2023, num contexto de estabilização

da taxa de poupança em níveis inferiores à sua média histórica.

Concomitantemente, prevê-se que as exportações de bens e serviços em 2023 cresçam apenas 3,7 %,

devendo as importações crescer 4 %, acima da evolução da procura global, dado serem afetadas pelo

conteúdo importado do investimento, o que resulta num contributo da procura externa líquida negativo (-0,3

pp)