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II SÉRIE-A — NÚMERO 6

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problemas e orientar políticas de saúde mental.

Tendo por objetivo «avaliar as taxas de prevalência de perturbações psiquiátricas na população adulta

residente em Portugal continental, determinar o grau de incapacidade associada a estas perturbações, estudar

a sua história natural, identificar possíveis fatores associados a esta história, e obter dados sobre a utilização

de serviços de saúde por parte das pessoas que sofrem destas perturbações psiquiátricas», o primeiro – e

único – estudo epidemiológico de saúde mental realizado em Portugal revelou:

– que a população portuguesa mostra uma alta prevalência de perturbações psiquiátricas, com 25,8 % de

prevalência de perturbações da ansiedade, 19,3 % de perturbações de humor. A prevalência estimada de

ocorrência de pelo menos uma perturbação psiquiátrica durante a vida foi de 42,7 %, uma prevalência muito

superior à registada noutros países da Europa Ocidental, «nomeadamente Espanha (19,4 %) e Itália

(18,1 %)»;

– uma maior prevalência de perturbação psiquiátrica nos mais jovens: «as estimativas de prevalência de

vida apresentaram diferenças significativas de acordo com a variável "idade", emergindo um padrão de maior

expressão quantitativa no escalão mais jovem (18-34 anos), com uma prevalência de 50.1 % de pelo menos

uma perturbação psiquiátrica»;

– que, no caso do acesso a cuidados, apenas 18,2 % dos casos ligeiros de perturbações psiquiátricas

recebeu cuidados adequados, o que coloca Portugal abaixo de muitos outros países. Nos casos de gravidade

moderada e de maior gravidade essa percentagem sobe (35,1 % e 66,4 %, respetivamente), mas os dados, no

global, mostram dificuldades de acesso particularmente presentes em situações ligeiras;

– que «no primeiro ano após o início da doença, menos de metade dos casos inicia o tratamento, em todos

os tipos de perturbação mental». Esta situação é particularmente evidente em casos de fobias específicas ou

fobia social (apenas 3,8 % e 7,5 % dos casos, respetivamente, iniciam tratamento no ano de início da

perturbação), mas mesmo nas situações de perturbação bipolar (27,1 %), depressão major (37,8 %) ou

depressão de ansiedade generalizada (34,3 %) os valores são francamente baixos;

– já no que diz respeito ao atraso no início do tratamento verificaram-se os seguintes valores: 2 anos para

perturbação de pânico, 3 anos para perturbação de ansiedade generalizada, 4 anos para episódio depressivo

major, 6 anos para perturbação bipolar, 29 anos para abuso de álcool, entre outros valores que se replicam na

tabela abaixo:

– um elevado consumo de psicofármacos em Portugal, com «quase um quarto (23,4 %) das mulheres e um

décimo (9,8 %) dos homens da população geral» a dizer que tinham tomado ansiolíticos nos 12 meses