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19 DE JUNHO DE 2024

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geram uma natural angústia e ansiedade nos doentes que deles dependem para iniciar uma nova abordagem

no tratamento das suas patologias, muitas delas, de enorme gravidade, e onde 179 dias de espera podem fazer

a diferença entre a vida e a morte.

Neste sentido, o processo de autorização em Portugal do medicamento Pembrolizumab para o tratamento

do cancro de mama triplo negativo metastático foi paradigmático. Este tipo de cancro denominado de «triplo

negativo» porque os três tipos de recetores mais comuns e associados ao crescimento das células tumorais do

cancro da mama não estão presentes neste tipo de tumor3, evolui de forma muito negativa para o doente.

Normalmente aparece em idades mais jovens do que os outros, cresce mais rapidamente, tem uma maior

capacidade de se espalhar pelo corpo e não existe ainda uma terapia direcionada, não se sabendo se a

quimioterapia vai funcionar ou não. Não raras vezes, em cinco a dez anos, estas mulheres voltam a ter cancro

da mama, de forma ainda mais agressiva do que da primeira vez.4 «A taxa de sobrevivência aos cinco anos para

este tipo de cancro da mama é de 12 %, em comparação com 28 % para outros tipos de cancro da mama. Estes

resultados inferiores são, frequentemente, associados a uma diminuição significativa da qualidade de vida,

especialmente nos casos em que o cancro volta a aparecer.»5

No início de 2023, em Portugal, o Pembrolizumab (KEYTRUDA®), estava autorizado apenas nas seguintes

indicações terapêuticas: melanoma, carcinoma do pulmão de células não pequenas, carcinoma de células renais

e cancro que afeta a cabeça e o pescoço.6,7

Contudo as indicações do Pembrolizumab (KEYTRUDA®) eram já mais abrangentes.

Segundo a Agência Europeia do Medicamento (EMA), «um estudo principal que incluiu 1174 doentes com

cancro da mama triplo negativo em fase precoce com elevado risco de recorrência comparou os efeitos da

administração de Keytruda antes da cirurgia (tratamento neoadjuvante) e após a cirurgia (tratamento adjuvante)

com os efeitos da administração de um placebo antes e depois da cirurgia. Todos os doentes incluídos no

referido estudo (cujo cancro se encontrava localmente avançado e apresentava risco de recorrência) também

tinham recebido quimioterapia antes da cirurgia. O resultado demonstrou que 64 % dos doentes que receberam

o tratamento neoadjuvante com Keytruda não apresentaram sinais de cancro invasivo no tecido da mama

removido durante a cirurgia, em comparação com 55 % dos doentes que receberam o placebo.»8 O mesmo

estudo revelou ainda que «após 24 meses, a probabilidade de sobrevivência sem recidiva da doença foi de 88 %

nos doentes tratados com Keytruda como tratamento neoadjuvante e adjuvante, em comparação com 81 % nos

doentes que receberam o placebo.»9

Num outro estudo, citado na altura pela EMA, foi comparado «Keytruda em associação com quimioterapia

com um placebo e quimioterapia em 847 doentes com cancro da mama triplo negativo não tratado anteriormente,

que não podia ser removido cirurgicamente ou que se tinha espalhado (…) Os doentes no grupo do Keytruda

viveram durante quase 10 meses sem agravamento da doença, enquanto os doentes no grupo do placebo

viveram 5 meses sem agravamento da doença. A análise do tempo de sobrevivência revelou que os doentes no

grupo do Keytruda viveram mais tempo: 23 meses em comparação com 16 meses.»10

Apesar da gravidade desta patologia, que é uma manifestação rara da doença, mas responsável por

aproximadamente 15 % de todos os cancros da mama11, e dos vários estudos que apontavam para os benefícios

do Pembrolizumab como uma nova terapêutica eficaz e segura, que melhorava globalmente o prognóstico desta

doença, não foi sem alguma polémica e exposição mediática que o Pembrolizumab foi autorizado pelo Infarmed

em meados do ano passado para o tratamento do cancro da mama triplo negativo. Duas petições com mais de

50 000 peticionários, entre elas a Petição n.º 114/XV/1.ª, foram determinantes na divulgação desta matéria.

Pelo exposto, o Chega entende ser fundamental a adoção de medidas por parte do Governo, com vista à

redução do tempo médio de acesso e disponibilidade a medicamentos inovadores.

3 https://www.infocancro.pt/infografias/Sobre_o_cancro_da_mama_triplo_negativo.pdf 4 https://visao.sapo.pt/ideias/2022-05-01-cancro-da-mama-triplo-negativo-muitas-vezes-em-cinco-a-dez-anos-estas-mulheres-voltam-a-ter-cancro-da-mama-e-se-o-primeiro-nao-e-bom-o-segundo-nao-vai-ser-melhor/ 5 https://rr.sapo.pt/artigo/304055/e-preciso-ser-triplamente-positiva-para-enfrentar-o-triplo-negativo 6 https://www.infarmed.pt/documents/15786/1424140/Keytruda%2b%28DCI%2b%2bpembrolizumab%29/45f3127d-2d59-4d8f-b46c-288fa1857b05 7 https://www.netfarma.pt/infarmed-autoriza-novas-indicacoes-terapeuticas-para-keytruda/ 8 https://www.ema.europa.eu/en/documents/overview/keytruda-epar-medicine-overview_pt.pdf 9 https://www.ema.europa.eu/en/documents/overview/keytruda-epar-medicine-overview_pt.pdf 10 https://www.ema.europa.eu/en/documents/overview/keytruda-epar-medicine-overview_pt.pdf 11 https://rr.sapo.pt/artigo/304055/e-preciso-ser-triplamente-positiva-para-enfrentar-o-triplo-negativo