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II SÉRIE-A — NÚMERO 153

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insuficiência de água para este uso, que, pela lei, tem prioridade sobre os demais. Tem uma intensidade

diferenciada nas diversas regiões do território pelo que os planos de eficiência hídrica e os planos de adaptação

e resiliência às alterações climáticas levados a efeito pela APA e pelas empresas do grupo Águas de Portugal

(AdP), respetivamente, com medidas do lado da oferta e do lado da procura, para garantir o equilíbrio do balanço

hídrico no curto, médio e longo prazo e iniciados por orientação dos últimos Governos do Partido Socialista

dever-se-ão manter.

Algumas destas medidas são consideradas no regret, i.e., deverão ser implementadas independentemente

de qualquer cenário climático, como por exemplo o combate às perdas físicas de água, que representam em

média cerca de 20 % do volume captado.

Por outro lado, temos o impacto da escassez na atividade económica. Os usos de água para as atividades

económicas têm um peso de 85 % dos consumos globais, pelo que a escassez condiciona o desenvolvimento

económico do País e de algumas regiões de forma muito particular.

O desenvolvimento da agricultura intensiva, com culturas de elevado valor comercial, em regiões de escassez

histórica sem que tenham sido criadas infraestruturas de armazenamento ou origens alternativas, veio acelerar

a escassez do recurso e criou uma pressão adicional.

A aposta nacional e comunitária em energias renováveis (especialmente a hidroelétrica) conjugada com a

recente crise energética na Europa, agravou ainda mais a competição pelo recurso e a dinâmica industrial na

zona de Sines e a sul do Tejo e o aumento do consumo associado ao turismo crescente têm também criado

disrupções nos históricos dos balanços hídricos.

O equilíbrio do nexus água-alimentos-energia-turismo dependerá de um conjunto de medidas, sendo por isso

necessário aumentar a eficiência e evitar o desperdício também nas atividades económicas10, otimizar os

consumos adequando as culturas aos territórios às disponibilidades existentes, reforçar a capacidade de

armazenamento de água, aumentar a oferta de origens convencionais (águas subterrâneas e superficiais) e

incrementar a oferta de origens não convencionais (água para reutilização, águas pluviais e dessalinização).

A escassez impacta ainda nos ecossistemas e na biodiversidade, pois a sobre-exploração dos recursos

hídricos conduz a impactos ambientais, designadamente: (i) a descida dos níveis de água leva à perda de

habitats e à degradação da qualidade da água e (ii) a redução da circulação de água provoca a diminuição da

alimentação natural de sedimentos nas zonas costeiras adjacentes à foz dos rios, aumentando a erosão costeira.

A salvaguarda de caudais ambientais, em cenários de alterações climáticas e de evolução crescente da

procura, assume um peso cada vez maior.

O Grupo Parlamentar do Partido Socialista considera, ainda, que todos estes fatores exponenciados pelos

dados inquestionáveis de redução da precipitação em Portugal e Espanha em 15 % nos últimos 20 anos,

prevendo-se que diminua entre 10 % a 25 % até ao final do século e que a disponibilidade de água nos últimos

20 anos reduziu-se em cerca de 20 % e que o índice de escassez WEI+ atinge valores acima de 0.6 em certas

bacias hidrográficas11 foram determinantes para que o Governo do PS, em 2020, avançasse com a elaboração

dos Planos Regionais de Eficiência Hídrica para o Algarve e Alentejo e, durante a vigência do XXIII Governo

Constitucional, do Plano de Eficiência Hídrica para Trás-os-Montes e Alto Douro.

O princípio fundamental destes planos regionais é envolver toda comunidade e garantir um pacto regional

para o uso, solidário, inteligente, eficiente e sustentável da água, de forma que, nos vários ciclos e em todas as

bacias hidrográficas, as comunidades reconheçam a água como um recurso escasso e limitado e,

consequentemente não se desperdício uma única gota de água.

Os planos regionais de eficiência hídrica foram pensados para avaliar a gestão das disponibilidades hídricas

em cada região, estimando as disponibilidades e a evolução dos consumos nas regiões hidrográficas,

considerando os cenários mais gravosos em termos meteorológicos, bem como incluir as metodologias a utilizar

na avaliação de cenários prospetivos que tenham em conta os efeitos das alterações climáticas, indicar as

metodologias a utilizar para definir metas e horizontes temporais de eficiência hídrica para os principais usos,

nomeadamente os associados aos setores agrícola, turístico e urbano, apresentando uma caraterização da

situação atual e apontar investimentos tanto ao nível da eficiência dos sistemas como da procura de novas

10 Existem cerca de 30 % de perdas na água captada para fins agrícolas (22 % de todo o volume captado em Portugal). 11 APA, Avaliação das disponibilidades hídricas por massa de água e aplicação do índice de escassez WEI+, visando complementar a avaliação do estado das massas de água: Relatório Final [em linha], 2023. Disponível em: https://apambiente.pt/sites/default/files/_SNIAMB_Agua/DRH/PlaneamentoOrdenamento/PGRH/2022-2027/APA_WEIPLUS_RelatorioFinal_Dez2023.pdf [Consult. 1 de janeiro 2024]