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2 DE JUNHO DE 1990

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Requerimento n.° 684/V (3.a)-AC de 24 de Maio de 1990

Assunto: Problemas na Maternidade de Elvas. Apresentado por: Deputado Luis Roque (PCP).

Foi recebida por mim a carta cuja fotocópia anexo ao presente requerimento e que dele faz parte integrante.

A serem verdade, os factos relatados são suficientemente graves.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro ao Ministério da Saúde as informações que existam sobre o problema.

Anexo

Sonhei que o meu neto nasceria em Elvas

A história que vos vou contar passou-se em Elvas a 4 de Abril de 1990, vésperas das X Jornadas Nacionais de Pediatria, em pleno século XX e plena democracia.

Minha filha, depois de alguma hesitação, optou por ter o seu bebé em Elvas, e por tal facto consultou e foi seguida durante toda a gravidez pela obstetra Dr." Manuela Messias, que, através da sua simpatia e competência, lhe incutiu uma confiança e calma que se manifestaram na altura crítica da rotura das águas, numa naturalidade que se iria traduzir durante o parto ou cesariana, em benefícios para mãe e bebé.

Assim, cerca das 14 horas e 30 minutos do citado dia e depois de ter sido observada pela médica obstetra do nosso Hospital Distrital de Elvas, na Maternidade de Mariana Martins, foi imediatamente internada, porquanto se tinha rompido o saco das águas, originando o imediato acompanhamento médico e sequente intervenção.

Foi mandada deitar-se naquela unidade, começando a ter os cuidados médicos e de enfermagem inerentes a semelhantes casos, sempre assistida pela Ex.ma Sr.8 Dr." Manuela Messias e restante equipa. Minha filha ia ter o seu segundo filho, prevendo-se, à semelhança do primeiro, haver a possibilidade de intervenção cirúrgica, uma vez que o trabalho de parto não se realizava. O previsto aconteceu e a equipa médica e de enfermagem iniciou a preparação para a intervenção, uma vez que já se tinham passado várias horas após a perda das águas sem que houvesse qualquer sinal de início de trabalho de parto, o que punha em sério risco a integridade do bebé.

Tudo corria sobre rodas para concretizar a intervenção, que por sinal seria a inaugural do bloco da nossa Maternidade, senão quando sucedeu o imprevisível, digno de notícia de primeira página de qualquer jornal.

Parece mentira, mas é verdade: qualquer bebé estava proibido de nascer ou adoecer em Elvas, antes e durante as citadas Jornadas de Pediatria, a iniciarem-se a 5 de Abril, na nossa cidade. O serviço de pediatria estava pura e simplesmente fechado, com a concordância da direcção do Hospital e, houvesse o que houvesse, a decisão estava tomada e era «irreversível». Primeiro estão as Jornadas e depois o cidadão que necessite de qualquer cuidado pediátrico. Óptimo, omnipotente ad-

ministração hospitalar e serviço pediátrico do Hospital Distrital de Elvas!

Perante tanta «irreversibilidade» e «prepotência», a parturiente, que tinha sido aconselhada clinicamente a permanecer deitada e sossegada na nossa Maternidade, viu-se confrontada com a triste realidade de ter de ser transferida para Portalegre ou Évora, com todos os risco, traumas, buracos das estradas e inconvenientes inerentes a uma deslocação forçada para a doente e respectivo bebé. Tenho de realçar a importante interferência da citada clinica e outros, junto dos desumanos serviços competentes, que se mantiveram irredutíveis e imperturbáveis no seu pedestal de «chefes», sem que os movesse o mínimo de humanismo e brio profissional, numa cabal demonstração de desprezo e desrespeito pela pessoa humana.

Quem ler este verdadeiro relato poderá e deverá tirar as ilações mais convenientes.

Para terminar quero apenas aqui deixar também o meu mais sincero agradecimento ao Ex.mo Dr. Manuel Anjinho, II.m0 Director do Hospital Distrital de Évora, e a toda a sua equipa, pela maneira maravilhosa, desinteressada e humana como pronta e continuadamente atendem minha filha e o seu bebé. Bem hajam!

Apenas uma pergunta me ocorre: será por esta e outras razões que a construção do «Novo Hospital» não passa de promessas oportunistas e eleitoralistas?

Com os meus antecipados agradecimentos pela publicação desta história, sou a considerar respeitosamente V. Ex."

Elvas, 6 de Abril de 1990. — Carlos Alberto Caldeira Guerra.

Requerimento n.° 685/V (3.a)-AC de 24 de Maio de 1990

Assunto: Novo quadro de pessoal do Hospital Distrital de Elvas. Apresentado por: Deputado Luís Roque (PCP).

Múltiplos têm sido os requerimentos e intervenções feitas pelo signatário em defesa da construção do Hospital Distrital de Elvas.

Descansou o signatário quando, no Orçamento do Estado de 1990, aquele era contemplado com uma verba de arranque de 100 000 contos, 300 000 contos para 1991 e 300 000 contos para 1992 no sector Operação Integrada de Desenvolvimento do Norte Alentejano.

A verdade é que estamos em fins de Maio e a obra ainda nem sequer foi a concurso, com prejuízo para todo o concelho de Elvas e limítrofes que por ele são servidos.

Por outro lado, é lugar-comum dizer-se que o novo quadro de pessoal estaria para aprovação no Ministério da Saúde, mas com a supressão da valência de cardiologia.

A ser verdade, tal hipótese obrigaria os doentes cárdio-vasculares a deslocarem-se para Badajoz, já que Portalegre dista 58 km em má estrada e Évora cerca de 90 km, com apenas 40 km de estrada em boas condições.