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18 DE MARÇO DE 1992

S8-(49)

O Governo não tem uma linha coerente e continuada, antes oscila ao sabor das mudanças dos responsáveis sectoriais?

São estas, em suma, as questões que, nos termos cotvsUtucionais e regimentais aplicáveis, solicitava ao

Ministério da Educação que me esclaresse e, muito francamente, perguntar:

Não será possível ao Ministério da Educação, conjuntamente com a coordenadora do Projecto VIDA, encontrar uma forma de responder as aspirações da Escola C-i-S de Sendim 507?

ANEXO

Escola C + S de Sendim S07

Vivemos num cantinho de Portugal, situado na margem direita do rio Douro, votado ao isolamento e muitas vezes ao esquecimento. Estamos a falar do Nordeste Transmontano, mais concretamente da jovem vila de Sendim.

Gostaríamos de perguntar se já alguma vez saíram dos seus Gabinetes e foram verificar as condições de vida das populações residentes na região supracitada. Ao referirmos as condições de vida, não queremos levá--los a pensar que há miséria, mas sim muitas carências ao nível cultural.

Somos professores, conscientes da importância da nossa missão, pelo que nos preocupamos com o desenvolvimento dos nossos alunos, não só ao nível intelectual mas também em todos os domínios que lhes facultem uma plena formação da sua personalidade, para que no futuro possam ser cidadãos dignos e úteis à sociedade. Vivendo afastados dos grandes centros, o único veículo cultural de que dispõem é a Escola. Assim sendo, é obrigação nossa e dos políticos que ditam as leis deste pais tentar dar-lhes algo de que o seu meio social não dispõe.

Considerando todas as dificuldades que tornam difícil a prossecução dos objectivos pretendidos, esta Escola solicitou atempadamente à coordenação do núcleo distrital do Projecto VIDA, na dependência da DREN, que fosse contemplada com o Projecto VIDA. Depois de este pedido ter sido analisado, foi a Escola indicada como prioritária pelo grupo sectorial no projecto «Viva a Escola».

Seguidamente fomos informados de que nos iria ser atribuída uma verba para podermos iniciar as nossas actividades.

Foi com grande satisfação que o corpo docente lançou mãos a obra, fez a programação das actividades e incentivaram-se os alunos, que aderiram entusiástica e massivamente ao projecto.

Criaram-se grandes expectativas, que ultrapassaram a Escola e chegaram ao meio em que ela está inserida, prova cabal da sede de cultura desta população rural, que embora não tendo grandes oportunidades, as que tem, agarra-as «com unhas e dentes», para usar uma expressa bem sua.

A nossa alegria foi, porém, efémera. Passado pouco tempo chega a notícia de que tudo o que nos fora prometido era retirado, alegando simplesmente que éramos uma escola pequena.

Colocamos-lhe as seguintes questões:

As escolas são importantes pelo seu tamanho? As coisas só têm importância quando dirigidas às multidões?

Se pudermos contribuir para a formação, que se

quer plena, nem que seja de um só jovem, devemos esquecê-la?

A estas, outras questões se poderiam juntar. Não o fazemos para não tornar demasiado extenso o nosso protesto.

Com tudo isto queremos manifestar veementemente o nosso repúdio, pois atitudes como esta em nada dignificam as pessoas que ocupam cargos importantes e que devem ter, entendemos nós, como prioritário o bem dos cidadãos, preferencialmente dos mais necessitados.

Somos cidadãos deste país, para eleger e para usufruir!

Os Professores da Escola: (Assinaturas ilegíveis.)

Projecto «Viva a Escola»

Posição do conselho directivo

Por ofício datado de 22 de Outubro de 1991, com o n.° 1425, da Escola Secundária de Mirandela, foi comunicado a esta Escola C + S de Sendim que tinha sido indicada como prioritária pelo grupo sectorial do projecto «Viva a Escola».

Desde este momento, o conselho directivo acarinhou este projecto pela importância que viria a ter na ocupação dos tempos livres dos alunos, e não só.

Contactaram-se professores, alunos, encarregados de educação e pessoal auxiliar no sentido de melhor viabilizar este projecto. Todos estavam disponíveis para colaborar, mesmo sabendo não haver compensação monetária.

Em conversa telefónica havida com a professora operadora «deste projecto», Dr.a Maria Isabel Lacerda, no dia 7 de Fevereiro passado, foi-nos comunicado que o referido projecto tinha sido cancelado por razões que se prendem com a mudança do Ex.mo Secretário de Estado, que não teria assumido compromissos anteriores.

Considerando que:

Não se pode brincar com toda a comunidade escolar, mesmo sendo pequena;

Se criaram expectativas não só nos alunos e professores mas também no meio onde estamos inseridos;

Não pode uma escola estar sujeita às simples mudanças de membros do Governo;

Às escolas com pequena população escolar se pedem iguais responsabilidades que às grandes, mesmo estando isolados de tudo e de todos,

repudiamos tal tomada de atitude por parte dos orga-nimos responsáveis, nomeadamente o Ministério da Educação, e deliberamos dar conhecimento da nossa posição:

Ao governo civil;

Ao Ministro da Educação;