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II SÉRIE-B — NÚMERO 36

capaz de produzir um rasto com uma configuração geral próxima da do assinalado no solo é o da libertação dos fragmentos durante a fase de voo da aeronave.»

A velocidade de queda do aparelho foi pequena, inferior

a 120 mph, segundo a DGAC, tendo sido amortecida pelos sucessivos choques com cabos eléctricos, um poste, a rede do Aeroporto, um estendal de roupa e o telhado e chaminé de vivendas do Bairro das Fontainhas (13p85).

A baixa velocidade da queda é evidenciada pelo facto de em sete vítimas só duas exibirem pequenas fracturas

de costelas (7, 9, 10, 13).

As vítimas encontravam-se vivas após a queda, tendo morrido por causa do incêndio do aparelho e ou devido à inalação de elevados teores de monóxido de carbono (13p92).

Os teores de carboxi-hemaglobina no sangue (indiciadores do envenenamento por CO) (13p9l) são de 53 % a 58 % na maioria dos passageiros, com excepção de Patrício Gouveia (62 %) e do piloto, com valores significativamente inferiores, de 40 %.

Apesar de não estarem gravemente lesionados, os passageiros do avião aparentemente não conseguiram tentar a fuga do aparelho, estando apenas dois cintos de segurança desapertados.

• Nenhuma das testemunhas residentes em Camarate refere ter ouvido qualquer pedido de socorro ou gemido proveniente do aparelho. Note-se que estas testemunhas estavam em alguns casos na própria casa onde o avião se imobilizou e o bairro deverá ter ficado momentaneamente silencioso devido ao corte geral de energia ocasionado pelo desastre.

O piloto apresentava uma hemorragia epidural, segundo a opinião do Prof. Mason (I3p56l).

Devido ao incêndio «a fuselagem, com excepção da estrutura central de fixação das asas, foi totalmente desagregada.» (I3p513.)

«A secção interior da asa direita e o respectivo fuso motor evidenciavam uma zona localizada de fusão intensa de materiais metálicos do revestimento e da estrutura resistente, com origem no depósito de combustível instalado naquele fuso.» (13p513).

O trem de aterragem estava totalmente recolhido;

Os painéis de instrumentos, os comandos de voo e do trem localizados na zona destinada à tripulação encontravam-se totalmente destruídos pelo fogo <>?3p5)3).

O incêndio originou-se quando o avião estava com o nariz para baixo, quase na vertical (13p514).

O motor esquerdo separou-se do conjunto e não foi atingido pelo fogo (13p5ll).

Parle da asa esquerda e o depósito principal da mesma ficaram na Vivenda Paulos (13p5U).

O motor esquerdo não apresentava indícios de existências de falhas mecânicas (/3p514).

A válvula de ligação da gasolina do motor esquerdo não estava fechada (I3p5l6).

O sistema de alimentação do motor esquerdo (tubagem, bomba) estava sem gasolina.

Embora tenha sido considerado como provado que não havia qualquer combustível no depósito principal do lado esquerdo, a verdade é que tal contradiz o depoimento do passageiro que viajou no dia anterior e afirma que o depósito teria cerca de um terço de gasolina.

Dos depoimentos de dois bombeiros verificamos que a asa e o depósito esquerdo permaneceram até ao fim das operações do rescaldo do incêndio em cima do telhado de

uma casa. Ao retirarem a asa (e o depósito) os bombeiros Armando R. Caldeira e José Lebre verificaram que deste pingava gasolina (13p455, 13p456).

Mesmo que toda a gasolina existente no depósito fosse

consumida, deveriam restar no fundo 193.189,3 (13p507) utilizáveis, ou seja, cerca de 3 1 a 4 1. Por onde estes saíram, saíram também os restantes 501 ou 601 durante o tempo em que a asa permaneceu esquecida sobre um telhado, que, contudo, ao fim desse tempo ainda cheirava a gasolina.

O incêndio foi inicialmente atacado com extintor de pó

e depois espuma.

As causas do acidente foram atribuídas à falta de combustível do motor esquerdo devido à falta de gasolina nos depósitos desse lado e a uma errada manobra de operação com a torneira que permitiria a transferência do depósito direito para o motor esquerdo.

Só em 1982 foi feita a primeira radiografia de um dos corpos das vítimas, a do piloto J. Albuquerque.

Nessas radiografias foram encontrados vestígios de corpos estranhos considerados por alguns médicos radiologistas como sendo constituídos por um metal de número atómico mais alto do que o correspondente a liga aeronáutica. Diz o professor catedrático de radiologia da Universidade de Coimbra:

Os pedaços metálicos contidos nas partes moles nas zonas assinaladas têm densidade elevada, arestas vivas e não são — na sua generalidade — seguramente provenientes da fusão de metal. Radiologicamente é possível excluir que sejam da liga de alumínio igual à da fuselagem da aeronave, mas não é possível detectar qual o metal. (Ipl 16.)

O procurador da República não aceitou como válidos os depoimentos de outros radiologistas como o Dr. Saldanha Sanches e fundamentou a rejeição das suas conclusões — existência de fragmentos metálicos diferentes dos provenientes da liga de alumínio do avião indiciadores de uma deflagração perto dos pés do piloto — e passou a valorizar os relatórios de microanálise feitos com microscopia electrónica de varrimento, em particular as conclusões do laboratório inglês do RARDE.

2 — Aplicação dc conceitos dc ciência dos materiais ao estudo dos elementos de prova produzidos na investigação das causas dc queda.

2.1 — Correlação entre radiografias e análise química

A radiografia dos pés do piloto (RXIII) exibe fragmentos de densidade elevada com dois tipos de morfologia: formas irregulares, com arestas vivas (AV), e formas arredondadas de contorno mais difuso (R). A densidade radiológica do grupo AV é superior ao grupo R.

Considerando a secção média de partículas aleatoriamente distribuídas como não sendo superior à máxima dimensão determinada no plano da radiografia e inferior à sua menor dimensão, foi possível calcular por densitometria que as referidas partículas pertencem a dois grupos quimicamente distintos: as partículas R apresentam um intervalo para o coeficiente de absorção compatível com o valor calculado para a liga de alumínio ou com uma liga leve, e as partículas angulosas AV, com um valor muito mais elevado, situam-se num intervalo compatível com a presença de óxido de ferro ou de elementos metálicos de número atómico próximos dos do ferro.