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0042 | II Série B - Número 010 | 28 de Dezembro de 2004

 

em que ele manifestava uma grande preocupação, para não dizer uma grande indignação, pelo procedimento em causa.".

4. Confirma a presença em Portugal e a reunião com o MDN, do Sr. Henry Kissinger (Outubro de 1980): "O Sr. Eng. Amaro da Costa, depois do Sr. Kissinger ter saído, veio para o meu gabinete e sentou-se no sofá que eu lá tinha, perfeitamente à vontade, até tirou o casaco - lembro-me como se fosse hoje - , e apareceu-me com um ar, eu não quero dizer agastado mas com um ar de grande preocupação…O tempo passou e o Sr. Eng.º Adelino amaro da Costa - imagino eu - , 12 a 15 dias depois, numa ida minha a despacho com ele, revelou-me que o Sr. Kissinger tinha um mandato do governo norte-americano - e era isso que ele vinha solicitar a Portugal - para que o armamento fabricado em Portugal ou fabricado noutro país e vindo para Portugal fosse destinado apenas e só ao Irão, pondo completamente de parte o Iraque.". Esta informação cresce em relevância quando, na data da ocorrência dos factos, estava em curso a dramática crise dos reféns americanos em Teerão.

5. Atestou das suspeitas que o MDN tinha sobre a origem das ameaças de morte que estava a ser alvo: "…depois de me ter solicitado que lhe arranjasse a arma de defesa pessoal, não uma, nem duas, mas várias vezes, teve desabafos comigo de que admitia que as ameaças de morte que ele recebia provinham de pessoas ligadas ao tráfico ilegal de armamento.".

D.3 - Dr. Acácio de Brito
1- Recebemos em audição o Sr. Dr. Acácio de Brito cujo depoimento nos revelou a confissão do autor do atentado de Camarate:"Fiquei só com esse senhor, com o Jorge, que me convida para tomar uma bebida no seu escritório. Aceito. É-me oferecida uma cerveja. De forma inesperada, o Jorge, personagem forte que permanece sentado, de calções e chinelos, diz que no Brasil é Jorge e em Portugal é Lee Rodrigues, repetindo vários outros nomes que eu não consigo recordar…Percebo uma vontade imensa de conversar ao dito Jorge, que, de forma assertiva, me disse: "Está à frente de quem foi responsável pela queda do avião que transportava Sá Carneiro".".

2. O confesso autor indica o alvo e as razões para a execução do atentado:"Referiu, de forma absolutamente clara, que o alvo não era Francisco Sá Carneiro, repetindo-o várias vezes, mas sim Amaro da Costa, que conhecia coisas que não devia.".

D.4 - Testemunha n.º 2

1. Esta testemunha depôs ao abrigo do regime jurídico para protecção de testemunhas.

2. A testemunha n.º 2 desempenhou diversas funções na empresa Explosivos da Trafaria, Lda.

3. Afirma ter visto, na empresa referida, um relatório da autoria do Ministério da Defesa Nacional, referente ao tráfico de armas. Sobre esse relatório, a testemunha refere o comentário feito pelo General Pinto de Resende (administrador da empresa) ao Sr. Jack Sobral (outros dos administradores): " "o assunto é grave e que alguma coisa tinha de se fazer" ". Esta constatação deu-se no dia 16 de Outubro de 1980.

4. À saída desse encontro, a testemunha viu duas pessoas que se encontravam à espera de reunir com o Sr. General Pinto de Resende, pessoas essas que vem reconhecer como sendo o Sr. Lee Rodrigues e o Sr. José Esteves conforme o seu depoimento: "…porque quando começaram a aparecer (creio que umas semanas mais tarde) as fotografias de eventuais envolvidos na tragédia de Camarate, houve duas pessoas que liguei imediatamente aos dois homens que se encontravam na Explosivos da Trafaria às quatro e meia dessa tarde do dia 16 de Outubro de 1980, que eram exactamente o Sr. Lee Rodrigues e Sr. José Esteves.". Mais à frente e quando confrontado com a fotografia de Lee Rodrigues afirma: "Olhando para esta fotografia, continuo a não ter a mínima dúvida de que este senhor estava no nº 66 - 2º andar, da Av. Joaquim António de Aguiar, às 4 horas e 30 minutos da tarde no dia 16 de Outubro de 1980.".