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0045 | II Série B - Número 010 | 28 de Dezembro de 2004

 

Em segundo lugar, diversos depoimentos prestados a esta Comissão, nomeadamente por pessoas que contactaram directamente com Sinan Lee Rodrigues, reforçaram a convicção de que este cidadão foi o autor material do crime de Camarate;
Em terceiro lugar, a Comissão Técnica Multidisciplinar, constituída por peritos dos mais reputados e isentos que existem em desastres de aeronaves, realizou um trabalho profundo e científico de grande qualidade, tendo fundamentado de forma objectiva, que em 4 de Dezembro de 1980, o Cessna caiu em Camarate, em resultado da explosão de uma bomba colocada no avião. Esta Comissão teve o mérito de ter sido a primeira comissão que integrou um grupo de peritos das diversas áreas de investigação, associadas a desastres aéreos, tendo por isso proporcionado, pela primeira vez, uma visão de conjunto sobre os factos que motivaram a queda do Cessna.
A ausência de uma investigação séria sobre as causas da queda do Cessna em 4 de Dezembro, sobretudo atendendo a que nesse avião viajavam o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa de Portugal, constitui o maior escândalo da Justiça Portuguesa do último século. Contudo, e em face das extraordinariamente importantes, e bem fundamentadas conclusões desta 8a Comissão Parlamentar de Inquérito, o mínimo que se pode esperar é que finalmente a Justiça Portuguesa permita a realização do julgamento contra o presumível autor moral do crime de Camarate, o Sr. Sinan Lee Rodrigues. Não permitir a realização deste julgamento, proibindo portanto a apresentação das provas na sede própria, equivale a dizer que se tem a certeza que este cidadão nada teve a ver com o crime de Camarate. Esta afirmação estaria não só a negar evidências e múltiplos testemunhos, como constituiria uma posição totalmente inaceitável e incompreensível para a maioria esmagadora dos portugueses.
Gostaríamos por último de salientar a notável dedicação e interesse, que os deputados dos diferentes partidos demonstraram nos trabalhos desta Comissão. É infelizmente verdade que não votaram as conclusões desta Comissão dois deputados do Partido Socialista. É porém nossa certeza que esta actuação não é representativa do Partido Socialista, uma vez que a maioria esmagadora dos seus deputados, da direcção do seu grupo parlamentar, ou dos simples militantes do PS com quem contactámos, sempre se mostraram convictos de que a investigação judicial realizada se revelou extremamente deficiente, de que há evidentes indícios de crime, e de que só a realização de um julgamento permitirá apurar cabalmente a verdade sobre Camarate.
Devemos referir que nunca como nesta Comissão, notámos uma dedicação tão interessada, por parte dos Srs. Deputados, no apuramento da verdade sobre Camarate. É verdade que o passar dos anos, permite um conhecimento mais vasto de informações e de testemunhos, que no caso de Camarate apontam cada vez mais para a existência de um crime. Mas é também verdade que os deputados desta Comissão actuaram como verdadeiros representantes do povo, ao transmitirem para o interior desta Comissão a convicção da maioria dos portugueses, de que Camarate foi mal investigado, possivelmente de forma deliberada, mas que, embora tarde, é ainda possível fazer justiça sobre um caso, de importância indiscutível para a dignidade do Estado Português.
Obrigado.
Alexandre Patrício Gouveia.

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