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14 DE SETEMBRO DE 2016

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e na hora seguinte, foi sendo corrigida pelos serviços da estação, afirmando-se, no final, que «A TVI apurou que

está tudo preparado para a Resolução do banco (…). Está em estudo recorrer à Caixa Geral de Depósitos (…).

Poderá haver perdas para os acionistas».

Na sequência da referida divulgação, a TVI viria a desenvolver o tema no programa 25.ª Hora sem ter, no

entanto, corrigido a divulgação inicial em todas as suas contas do Twitter, que manteve a versão original da

notícia. Essas contas na referida rede social chegam a, pelo menos, 141 mil pessoas.

Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI, depôs na Comissão de Inquérito, recusando-se a revelar o

nome do/da jornalista que escreveu a peça, com o incrível argumento de que, pela sua revelação, permitiria

perceber-se qual a fonte originária, facto que, indeclinavelmente, aponta para a responsabilidade da editoria

política daquela estação televisiva e suas ligações aos gabinetes governamentais. Sustentando sempre que o

conteúdo da notícia era verdadeiro, tendo sido o único depoente a afirmá-lo, afiançou que não iria revelar a

fonte. O diretor de informação da TVI confirmou ainda terem sido contactadas todas as partes interessadas

“antes, durante e depois da divulgação da notícia”, o que foi depois cabalmente desmentido pelo Ministério das

Finanças, Banco de Portugal e Banif, bem como pela Deliberação de 4 de maio de 2016 da Entidade Reguladora

para a Comunicação Social que, de modo explícito e firme, condena a “violação das boas práticas do jornalismo”

por parte do Dr. Sérgio Figueiredo e o patente desrespeito pelo Estatuto do Jornalista e pelo Código

Deontológico do Jornalista, exatamente por não ter exercido os comportamentos que asseverou à Comissão

Parlamentar de Inquérito, faltando declaradamente à verdade. Sustentou, ainda o diretor de informação da TVI

que a divulgação daquelas informações correspondia a um dever indeclinável do jornalista e que só lamentava

não o poder ter feito em casos anteriores como o da crise do BES. O diretor de informação da TVI recusou,

também, qualquer responsabilidade na perda de valor do banco e na fuga de depósitos que se seguiu à notícia

da TVI, referindo-se a si mesmo como um mero “mensageiro”, cinicamente se vangloriando, até, de ter

beneficiado todos os que correram a retirar os seus depósitos (?).

A esmagadora maioria dos depoentes que se pronunciou em sede de Comissão sobre este tema afirmou

que a notícia inicialmente transmitida, embora falsa, teve um efeito devastador, facto que o projecto de Relatório

procura agora, incompreensivelmente, contrariar, à revelia de toda a evidência.

Com efeito, este branqueamento não só adensa as já fortíssimas suspeitas quanto à fonte da notícia, como

só é entendível para desonerar uma nova “facada política” que foi a irresponsável declaração do Ministro das

Finanças sobre a liquidação aprazada para o Novo Banco.

Após o dia 13 de dezembro, e de acordo com documentação enviada pelo Santander e corroborada pelo

Banco de Portugal, a fuga de depósitos do Banif, na semana seguinte, atingiu cerca de 1.030 milhões de euros.

Está-se por apurar o efeito a médio prazo das irresponsáveis afirmações sobre o Novo Banco.

Mas a Resolução do BdP é clara quanto às consequências da fuga de depósitos que se seguiram nos cinco

dias após a notícia da TVI, referindo essa acentuada perda de liquidez como uma fundamentação essencial da

própria Resolução, designadamente nos seus pontos 10 e 11:

“10 –Por outro lado, a situação de liquidez do Banif sofreu uma degradação notória e muito acelerada nos

últimos dias, expressa numa saída substancial dos depósitos que coloca em risco sério e grave de

cumprimento das respetivas obrigações e, consequentemente, a continuação da prestação dos serviços

financeiros essenciais…”.

Deste modo, como resultado direto da notícia da TVI, deram-se os seguintes factos:

 As ações do Banif caíram cerca de 42,96% na sessão de segunda-feira, dia 14, em comparação com o

valor de sexta-feira, dia 11 de dezembro;

 O valor de poupanças, certificados, recursos offshore, baixou cerca de 16% na semana de 14 a 18 de

dezembro;

 Levou, em 15 de dezembro, à operação de cedência de liquidez de emergência (ELA – emergency liquity

assistence);

 Conduziu à decisão de suspensão de contraparte pelo Conselho de Governadores do BCE, em 16 de

dezembro (entraria em vigor a partir de dia 21);

 Liquidou as possibilidades de êxito do processo de venda voluntária que só terminaria no dia 18 de

dezembro;