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18 DE JULHO DE 2019

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Dada a restrição temporal à análise da informação fornecida, e à dedicação quase exclusiva das audições

aos processos de financiamento, procedeu-se a uma análise breve do suporte documental no que respeitava à

gestão de participações, dispondo a CPI de uma quantidade reduzida de suporte testemunhal neste âmbito.

Assim, para efeitos do presente relatório, descrevem-se apenas as evoluções das participações financeiras

relacionadas com os financiamentos aqui abordados. A detenção destas participações é atribuível a causas

distintas; no entanto, as aqui destacadas configuraram situações em que o envolvimento da CGD se materializou

simultaneamente na posição de acionista e credora, o que condicionou a sua atuação nas situações em que se

revelou necessário optar pela defesa de uma das posições.

3.1.6.1 A participação no BCP

A CGD concedeu, entre 2004 e 2008, diversos financiamentos para aquisição de participações no capital

social do BCP.

Segundo o relatório EY, «a participação nesta entidade (BCP) está relacionada com uma decisão estratégica

por parte do Estado de vetar a venda de um grupo financeiro Português a uma entidade estrangeira, com a

solução a passar pela intervenção da CGD. Contudo, face às necessidades de capitalização da CGD no final da

operação, foi decidido alienar a participação adquirida a uma outra Instituição Financeira portuguesa, com essa

aquisição a ser realizada através de troca de uma participação na entidade adquirente (…)».

Inicialmente (em 2000), a posição da CGD era de aproximadamente 8%. Em 2008, a CGD participou num

aumento de capital do BCP, no sentido de manter a sua participação.

A cotação das ações do BCP sofreu uma desvalorização de 95%, entre 2000 e 2013, tendo resultado em

perdas para a CGD de aproximadamente EUR 600M (excluindo dividendos obtidos ao longo do período, de EUR

76M).

3.1.6.2 A participação Cimpor

A CGD adquiriu participações na Cimpor em dois momentos distintos:

 Em 2005, no âmbito de uma estratégia de diversificação do risco de mercado, a CGD adquiriu uma

participação de 1,19%, tendo sido reforçada em 2006.

 Em 2009, no âmbito dos financiamentos concedidos à Investifino (vide capítulo BCP), esta alienou à CGD

a participação que detinha no capital social da Cimpor (cerca de 10%), com concessão à parte vendedora

simultânea de uma opção de recompra, a 3 anos. A participação foi adquirida pela CGD a um preço superior à

cotação dos títulos, à data, em bolsa. Segundo o relatório EY, a justificação apresentada «perante a CMVM para

a definição do preço das ações está relacionada com o facto de estarem a adquirir uma participação de

charneira».

A opção de compra não veio a ser exercida pela Investifino, tendo a participação sido alienada no âmbito da

OPA à Cimpor em 2012 (vide capítulo Cimpor).

Segundo o relatório EY, o envolvimento no capital social da Cimpor representou ganhos para a CGD na

ordem dos EUR 53M.

3.1.6.3 A participação na La Seda

Em 2006, o grupo CGD adquiriu uma participação de 5% no capital social da La Seda de Barcelona (LSB),

por via da Caixa Capital, com o objetivo de, por influência na gestão da LSB, trazer um investimento industrial

para Portugal.

Em 2007, a LSB realizou um aumento de capital no âmbito da sua estratégia de crescimento por aquisição,

aumentando a sua participação para 7,2%.

Conforme descrito em capítulo próprio (Artlant), a aquisição destas participações coincidiu com a participação

da CGD num financiamento sindicado à LSB, liderado pelo Deutsche Bank, que, na globalidade, se

consubstanciou na tomada firme de EUR 90M. Segundo o relatório EY, estes créditos foram alienados em 2015

a fundos de recuperação de crédito, sem que se conheça o resultado desta operação.