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II SÉRIE-B — NÚMERO 18

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A referida nota esclarece que não encontra na base de dados AP outras petições ou iniciativas sobre matéria

conexa.

IV. Diligências efetuadas

A) Audição dos peticionários

Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 21.º da Lei do Exercício do Direito de Petição, a audição dos

peticionários é obrigatória, uma vez que o número de subscritores da petição excede os 1000.

Assim, no dia 11 de dezembro, pelas 15 horas, na sala 2 do Palácio de São Bento, teve lugar a audição dos

subscritores da petição em análise, que contou com a presença de João Manuel Gregório Mascarenhas, Jorge

Manuel Ferreira dos Santos Guedes, Manuel Pereira Santos e Maria Matilde de Lemos Figueiredo Leite Acosta,

companheira de Adriano Correia de Oliveira.

Por parte dos peticionários, toma a palavra Manuel Pereira Santos, que inicia a sua intervenção agradecendo

o interesse da Assembleia da República não só pela cultura, mas também por aqueles que são os obreiros da

cultura nacional, acrescentando que «Adriano Correia de Oliveira foi, sem sombra de dúvidas, um dos obreiros

da nossa cultura. A sua vasta obra é uma das mais representativas da música popular feita no Século XX, que

merece ter a atenção devida pelos valores que encerra».

Continua a sua intervenção fazendo uma pequena biografia de Adriano Correia de Oliveira, lembrando, entre

outras coisas, o seu nascimento, no Porto, a 9 de abril de 1942, e a sua morte, a 16 de outubro de 1982, com

apenas 40 anos, em casa de seus pais, em Avintes.

Manuel Pereira Santos lembra, ainda, entre outras coisas, o início dos seus estudos universitários, em 1959,

na Faculdade de Direito de Coimbra, onde se inscreve na secção de voleibol da Associação Académica de

Coimbra e onde faz parte do Grupo Universitário de Danças Regionais daquela associação, sendo, ainda,

1.º tenor do Orfeão Académico de Coimbra e membro da direção do CITAC.

É neste contexto que, segundo Manuel Pereira Santos, Adriano Correia de Oliveira se insere no movimento

de renovação da música portuguesa, «ao descobrir que sopravam novos ventos de mudança para a canção

coimbrã, soprados por gente como José Afonso, Fernando Machado Soares e Edmundo Bettencourt. Sem

esquecer o importante contributo de Rui Pato […]».

Manuel Pereira Santos lembra, ainda, que a obra de Adriano Correia de Oliveira se encontra registada em

19 singles e 8 álbuns, tendo gravado «[…] 96 composições e em 33 delas, foi o próprio autor da música. Em

parceria com António Portugal compôs 6 e com Rui Pato 4, totalizando 43. Releva-se ainda as adaptações

populares (21) e as musicadas por José Niza (13)».

A sua intervenção prossegue citando Manuel da Fonseca que, sobre Adriano, afirma que «Era uma voz por

onde, naturalmente, escorria a música e a poesia» e lembrando que a voz foi o instrumento usado por Adriano

Correia de Oliveira para divulgar a poesia de 19 poetas portugueses e 2 galegos, destacando Manuel Alegre,

Manuel da Fonseca, António Gedeão, Urbano Tavares Rodrigues, António Aleixo, bem como os galegos Rosália

de Castro e Curros Henriquez.

Para Manuel Pereira Santos, «O seu canto descreve vivências, lutas e aspirações de um povo que, então,

vivia asfixiado pelo medo, pela censura, pelo terror das nuvens negras do fascismo. Mas ao mesmo tempo,

lança os sons da resistência, da alegria, da esperança», cantado em géneros como o fado de Coimbra, a música

popular, baladas e a música de intervenção.

Manuel Pereira Santos lembra, ainda, que em 1963 Adriano Correia de Oliveira canta A trova do vento que

passa, de Manuel Alegre, que se torna um hino estudantil de resistência ao fascismo, acrescentando que

segundo um dos seus amigos Adriano foi «um cantor de Abril antes de Abril o ser».

A intervenção inicial dos peticionários lembra que «a propósito do seu desaparecimento, a prova mais

inequívoca do reconhecimento da importância de Adriano Correia de Oliveira e da sua obra pode ser encontrada

no Diário da Assembleia da República (sessão de 20 de outubro de 1982) em que grande número de Deputados,

dos vários partidos, se pronunciaram, destacando-se as intervenções de Manuel Alegre (PS), Natália Correia

(PSD) e José Manuel Mendes (PCP), a que se juntaram os Deputados Guerreiro Norte (PSD), António Moniz

(PPM), Mário Tomé (UDP), António Taborda (MDP/CDE), Vilhena de Carvalho (ASDI), Lopes Cardoso (UEDS)».

Para Manuel Pereira Santos «Adriano é, sem que alguma vez o reclamasse, um símbolo da luta do povo e