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23 DE DEZEMBRO DE 2023

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um dos maiores da música popular portuguesa» e a sua obra insere-se num movimento transversal, onde se

destacam José Afonso, Luís Cília, José Mário Branco, José Barata Moura, Fausto, José Niza, Manuel Freire,

Vitorino, José Jorge Letria, Francisco Fanhais e muitos outros.

Manuel Pereira Santos conclui elencando várias distinções que a obra de Adriano Correia de Oliveira

recolheu, destacando-se o Prémio Pozal Domingues, em 1969, para o melhor disco do ano; o título de «Artista

do Ano», pela revista inglesa Music Week, pelo lançamento do seu LP Que nunca mais, em 1975; a medalha

de Mérito, Classe Ouro, da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a título póstumo; a Medalha de Honra da

freguesia de Avintes; a Ordem da Liberdade (Grau de Comendador) e a Ordem do Infante D. Henrique (Grande

Oficial).

De seguida, toma a palavra João Mascarenhas que lê um pequeno trecho do prefácio do livro O Perigoso

Pacifista, escrito por José Barata Moura, a propósito da grandiosidade dos nomes, que, no caso concreto da

nossa música, «(…) diz-se Amália, Zeca e Adriano».

«A análise do cartão de visita não consta do elenco das matérias que suscitam cuidados de hermenêutica.

Mas, em muitos casos, ela mostra-se reveladora. Lembro-me de haver tido notícia de um desses pequenos

retângulos cartonados de antecipada apresentação, em grande, onde se lia: “fulano de tal, tal e tal e tal e tal e

mais tal, ex-passageiro de primeira classe do paquete Niassa”. Quando o feito conhecido escasseia porque

inexiste, a plumagem ornamental do que, de si mesmo se adianta no dito, há-de acessoriamente suprimir os

vazios da substância. De facto, alguns precisam de cozer ao facto uma caravana sonante de apelidos, uma

posição solene de títulos e galardões em comboio com vista a pré-anunciar a notoriedade presumida a que

julgam ter crédito. A poucos bastas, como identificação pronta, o nome próprio. A menos ainda, a inconfundível

voz. No caso do Adriano, a obra feita diz aquilo que importa dizer. Canta aquilo que importa fazer falar e o

antropónimo chão Adriano é, à partida, o bastante no carinho de uma justa admiração geral, até entre quem não

lhe partilha camaradagem logo se saiba de quem se trata».

Manuel Pereira Santos retoma a palavra para acrescentar que, relativamente à preservação da obra de

Adriano Correia de Oliveira, em 1995, em Avintes, foi criado o Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano

Correia de Oliveira, com o objetivo de «criar um centro de documentação sobre a sua vida e obra, através do

desenvolvimento de atividades artísticas, culturais e desportivas, numa perspetiva de educação, formação e

intervenção cívica dos seus associados» e que foi esta estrutura a responsável pela promoção e dinamização

da presente petição, dando «voz a alguns milhares de cidadãos e cidadãs portugueses que apelam para que os

Deputados da nossa Assembleia da República (símbolo da democracia e da liberdade), ao classificarem a obra

de Adriano Correia de Oliveira de interesse nacional, contribuam para o justo reconhecimento e merecida

valorização do seu legado».

De seguida, dá-se início à ronda dos partidos políticos presentes, tomando a palavra o Deputado André

Marques (PSD), que dá as boas-vindas à comitiva do Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de

Oliveira e que, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, afirma concordar com a petição em discussão.

«É incontestável a importância da obra de Adriano Correia de Oliveira. Cantor e resistente antifascista cuja

vida e obra o afirma como uma das vozes indispensáveis na oposição ao fascismo, na construção do Portugal

livre e democrático», considerando a voz de Adriano como «uma das importantes vozes da segunda metade do

Século XX», cuja classificação «Seria um passo essencial para a valorização e divulgação do seu legado e

contribuindo, assim, evidentemente, para a transmissão de conhecimento geracional».

Para o Grupo Parlamentar do PSD, «A obra de Adriano Correia de Oliveira destaca-se como um testemunho

de identidade histórica portuguesa e a sua classificação como interesse nacional reflete, também, o

agradecimento deste contributo singular para a cultura portuguesa».

Neste contexto, o Grupo Parlamentar do PSD dará a sua melhor atenção ao assunto, impulsionando a

abertura do procedimento administrativo, deixando aos peticionários uma questão relacionada com que

diligências foram tomadas, além desta petição, para que a classificação da obra de Adriano Correia de Oliveira

seja uma realidade.

O Presidente da Comissão de Cultura, Juventude e Desporto, Deputado Luís Graça, agradece a intervenção

e passa a palavra à Deputada Sara Velez (PS), relatora do presente relatório, que em nome do Grupo

Parlamentar PS se dirige a todas as pessoas presentes, cumprimentando, em particular, os peticionários e

agradecendo o facto de trazerem à Assembleia da República «(…) uma iniciativa tão pertinente quanto justa e

essencial para a cultura portuguesa».