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II SÉRIE-B — NÚMERO 18

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De seguida, faz referência ao ano de 2022, quando foram celebrados os 80 anos do nascimento de Adriano

Correia de Oliveira, lembrando que «Adriano Correia de Oliveira teve uma vasta participação em variadíssimas

atividades no meio cultural, mas foi na música que desenvolveu toda a sua expressão artística que o viriam a

tornar um ícone da música popular portuguesa, um exímio intérprete da canção portuguesa e um dos

precursores da música de intervenção portuguesa».

A intervenção da Deputada Sara Velez (PS) refere a vasta obra discográfica de Adriano Correia de Oliveira,

o que o coloca como sendo «(…) sem dúvida um dos nomes mais importantes do Século XX que dedicaram a

sua expressão artística à música popular portuguesa», referindo-se, ainda, à forma como Adriano Correia de

Oliveira usou a música na luta contra o fascismo e como instrumento de resistência à ditadura, lembrando, a

este propósito, A canção é uma arma e a Trova do Vento que Passa, de Manuel Alegre.

Continua a sua intervenção aludindo a que Adriano Correia de Oliveira «Falou-nos de um Tejo que “lava a

cidade de mágoas” e leva nas suas “águas grades de aço e silêncio forjadas”». Cantou-nos com lágrimas a

canção em homenagem do companheiro morto na guerra colonial e da menina que com olhos tristes chora a

sua saudade porque o «soldadinho não volta do outro lado mar». Contou-nos sobre os morgados, repimpados

e de palavras ternas que desfilam sobre os submissos olhares, das «viúvas de filhos mortos que ninguém

consolará» e, para finalizar e de forma tão atual, cantou mais uma vez um poema de Manuel Alegre: «com mãos

se faz a paz se faz a guerra/com mãos tudo se faz e se desfaz. Com mãos se faz o poema – e são de terra.

Com mãos se faz a guerra – e são a paz».

No contexto em que a obra e legado de Adriano Correia de Oliveira são merecedores «do reconhecimento,

da perpetuação, da valorização e da divulgação que a classificação certamente ajudará a garantir», o Grupo

Parlamentar do PS sublinha a importância da iniciativa em apreço nesta audição, comprometendo-se a não só

promover a classificação da obra de Adriano Correia de Oliveira como obra de interesse nacional, como a efetuar

as diligências necessárias à sua preservação, valorização e divulgação.

De seguida, toma a palavra o Deputado Jorge Galveias (CH) que se dirige a todos os presentes começando

por dizer «que é indiscutível o valor artístico e histórico da obra de Adriano Correia de Oliveira, mas é com

profunda preocupação que observo uma tendência desviante nesta petição que procura politizar e

instrumentalizar a obra de Adriano Correia de Oliveira, empurrando-a para um canto estreito do espectro político,

especificamente para a extrema-esquerda».

Neste sentido, para o Grupo Parlamentar do CH a petição em apreço «deturpa o legado de Adriano Correia

de Oliveira e subverte o propósito da arte como um veículo de expressão livre e independente».

Para o Grupo Parlamentar do CH, «[…] a arte de Adriano Correia de Oliveira transcende as barreiras políticas

e reduzir a sua obra a um mero instrumento político é desrespeitar o seu legado e a inteligência do povo

português. É ignorar a pluralidade de vozes que encontraram na sua música um refúgio, independentemente

das suas convicções políticas».

O Grupo Parlamentar do CH considera, ainda, que «[…] pese embora ser uma figura marcante da música de

intervenção – não representa a totalidade deste tipo de música», lembrando outros nomes da música de

intervenção, como Francisco Fanhais, José Barata Moura, Fausto, Luís Cília, José Mário Branco, entre outros,

cuja obra deveria, para o Grupo Parlamentar do CH, ser considerada de interesse nacional.

No entanto, e apesar de Adriano Correia de Oliveira ser um dos muitos intérpretes a ser homenageados, o

Grupo Parlamentar do CH declara que irá votar a favor da presente petição.

O Presidente da Comissão passa a palavra à Deputada Paula Santos (PCP) que intervém agradecendo a

palavra e cumprimentando o Centro Artístico Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira, os seus

dirigentes e a companheira de Adriano Correia de Oliveira, presente na audição, pela iniciativa de dinamizar a

petição em apreço, trazendo esta questão à Assembleia da República.

Para o Grupo Parlamentar do PCP esta é uma questão «[…] da mais elementar justiça e de grande relevância

para com Adriano Correia de Oliveira», lembrando que as comemorações dos 80 anos de nascimento de Adriano

foram, também, a comemoração da sua obra e legado que deixou ao País.

A Deputada Paula Santos (PCP) salientou, ainda, que o Grupo Parlamentar do PCP acompanha a petição

em apreço, «pelo aquilo que permite, não só da valorização, do reconhecimento e da divulgação, da sua obra»,

tanto no que diz respeito ao seu significado no plano cultural, mas também o que essa obra representa «de luta

e de intervenção dos trabalhadores e do povo português contra a ditadura. De alguém que esteve sempre ao

lado da liberdade, da democracia e da justiça social».