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7 DE FEVEREIRO DE 2025

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parte da inspiração da sua música, o que para eleitores que nos anos 70 e 80 estavam em quadrantes

opostos, deverá fazer-nos refletir no sentido de superar essas oposições fazendo justiça à sua obra.

Lembra que, se Amália foi a primeira a cantar Luís de Camões em 65, provocando quase um rebuliço e

uma reação epidérmica contra esse tabu que era cantar Luís de Camões, será José Mário Branco que, em

1971, o faz, com aquele hino que nos une a todos: Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades.

Neste contexto, relembra o ostracismo a que Amália Rodrigues foi votada nos pós-25 de Abril para dizer

que, se depender do Grupo Parlamentar do PSD, não será feita a mesma injustiça a José Mário Branco e

outros. Na verdade, para o Deputado Carlos Reis «Do ponto de vista de um eleitor patriótico, que valoriza as

tradições e a história do País, olhar para José Mário Branco é olhar para o cantor, o autor, o compositor e o

produtor que recuperou o Luís de Camões para o cancioneiro popular e para a música popular».

Para o Deputado Carlos Reis as palavras definidoras de José Mário Branco são inquietação e mudança.

Nesse sentido, o Grupo Parlamentar do PSD aprecia o compositor, o produtor de exceção, aquele que

resgatou do esquecimento o cancioneiro tradicional, bem como aquele que deu novas roupagens e nova

vitalidade ao fado português.

Termina a sua intervenção evocando intemporais que ultrapassam a política transitória do momento, como

FMI, Eu vim de Longe ou Inquietação.

Em nome do Grupo Parlamentar do PS interveio o Deputado José Maria Costa, considerando que os

50 anos do 25 de Abril devem ter a capacidade de nos colocar num patamar, do ponto de vista político-

partidário, mais distante, podendo apreciar aquilo que foi a obra de muitos cantores e autores, expressões

artísticas muito vivenciadas nos tempos do 25 de Abril, mas que tiveram uma grande expressão, como José

Mário Branco, permitindo que o tempo nos possibilite apreciar aquilo que é a obra, aquilo que é o conteúdo,

mas, acima de tudo, as expressões estéticas que foram marcantes.

Para o Deputado José Maria Costa, José Mário Branco possui a capacidade de marcar uma época e,

acima de tudo, um período difícil da nossa sociedade.

Refere, ainda, o exílio em Paris de José Mário Branco e a influência do maio de 1968 na sua obra,

lembrando Gérard Bloncourt, o fotógrafo francês de origem haitiana que mostrou durante mais de 20 anos a

vida dos portugueses que davam o salto, os emigrantes que fugiam à guerra, à censura e à pobreza e que

muitas vezes viviam no chamado bidonville, nos arredores de Paris, tendo denunciado através da arte da

fotografia a forma desumana como os nossos emigrantes viviam.

Acrescenta que o Grupo Parlamentar do PS vai, naturalmente, acompanhar esta petição, lembrando que

este grupo parlamentar tem um projeto de resolução no mesmo sentido, uma vez que parece ser um caso de

elementar justiça, não só pelo trabalho feito, mas também pela riqueza e pela expressão da arte e da obra de

José Mário Branco.

Para o Deputado José Maria Costa, se é verdade que José Mário Branco marcou muitos, também é

fundamental que estes 50 anos sejam capazes de criar condições para a preservação e para a proteção

daquilo que é o espólio artístico, para a sua valorização e para a sua divulgação.

Para o Deputado do Grupo Parlamentar do PS a história faz-se a cada momento, pelo que preservar aquilo

que foi o momento importante do nosso percurso de cerca de nove séculos e que, pela sua expressão artística

forte ajudou a consciencializar, a sensibilizar e a criar uma consciência crítica política ativa, uma vez que as

canções revolucionárias ou as canções populares foram instrumentos centrais no nosso crescimento coletivo

em direção a uma democracia adulta e uma democracia madura.

Conclui agradecendo o trabalho dos peticionários e a resiliência demonstrada com a apresentação desta

iniciativa.

Em nome do Grupo Parlamentar do Chega intervém o Deputado José Carvalho que enaltece as petições

como um instrumento que a democracia permite e que deve ser aproveitado.

Refere, ainda, que, se na ótica dos proponentes é crucial reconhecer o mérito artístico e musical do artista,

para o Grupo Parlamentar do CH também é necessário relembrar o seu posicionamento político, até porque

estão intimamente ligados, uma vez que José Mário Branco foi um homem comprometido, tendo assumido,

desde sempre, esse comprometimento.

Neste contexto, e após uma análise cuidada da proposta, o Deputado José Carvalho afirma que o Grupo

Parlamentar do CH não acompanhará a petição em causa e os seus fundamentos, uma vez que o documento

propõe o reconhecimento público de uma figura cultural que deveria respeitar os valores constitucionais e não