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II SÉRIE-B — NÚMERO 56

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coletivo de ação cultural que foi responsável por uma nova abordagem ao cancioneiro tradicional português e

ao lado de quem se multiplicou em atuações pelo País;

• José Mário Branco acabará por se desvincular do projeto trabalhando na área do teatro onde já tinha

dado passos em França e, em grande medida, a segunda metade da década de 70 até à viragem para os

anos 80 será dedicada ao teatro, integrando-se primeiramente no Teatro da Comuna e fundando,

posteriormente, o Teatro do Mundo, tendo ainda deixado uma marca indelével no cinema onde compõe para

realizadores como Jorge Silva Melo ou Paulo Rocha encontrando constantemente soluções musicais fora

daquilo que era tradicional;

• Na década de 80 funda a Cooperativa União Portuguesa de Artistas de Variedades (UPAV), onde junta

nomes como Carlos do Carmo ou Dina, fadistas e canção ligeira, numa transversalidade, universalidade e

renovação da música portuguesa em todas as suas seções sempre patente nos álbuns que ia gravando, como

Ser Solidário (1982), Noite (1985), Correspondências (1991), com novos passos, novas soluções e novas

autoras, como Natália Correia;

• A partir da década de 90 inicia uma ligação artística com o fadista Camané, que se mantém até à sua

morte e que permitiu dar, a partir de dentro, novos caminhos ao fado, permitindo o aparecimento de novas

vozes no género, como Marco Oliveira, última produção de José Mário Branco, mas também Cátia Guerreiro,

em 2018, com o disco Sempre;

• José Mário Branco manteve até ao fim um trabalho ativo em diversas áreas artísticas e com diversos

nomes maiores do nosso panorama musical;

• Nos últimos anos de vida trabalhou em parceria com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da

Universidade Nova de Lisboa, tendo em vista o estudo e a disponibilização do seu arquivo pessoal,

concretizado pela família após a sua morte e que deu origem à criação do Centro de Estudos e Documentação

José Mário Branco, Música e Liberdade, sob a alçada do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical,

e do Instituto de Etnomusicologia, Música e Dança.

João Carlos Callixto termina a sua intervenção reforçando que, «tendo em conta a riqueza do criador, onde

confluem universos da música popular e da música erudita, para além das importantes passagens já referidas

pelo teatro e pelo cinema, a presente petição apela à Classificação da obra de José Mário Branco para uma

maior divulgação, estudo e interpretação da sua obra».

O peticionário refere, ainda, o Arquivo Nacional de Som, em Mafra, cuja classificação em causa contribuirá

ainda mais decisivamente para que a obra de José Mário Branco seja devidamente avaliada pela sociedade

civil, fazendo com que todos a possam conhecer de forma mais completa

Alain Vachier continua a intervenção por parte dos peticionários, iniciando a sua intervenção informando os

presentes que se encontra na audição na condição de subscritor da petição, mas também como representante

de várias gerações de criadores que foram influenciadas pela obra e pelo carisma de José Mário Branco,

tendo neste âmbito sido testemunha da sua generosidade ao ter tido a honra e o privilégio de o ter como

convidado no seu disco de estreia em nome próprio, A Chave (2011).

Esta foi uma experiência marcante que, a par com as muitas horas de estudo e escuta da música de José

Mário branco, o conduz à convicção da importância da classificação de interesse público da obra de José

Mário Branco, uma vez que esta contribuirá para que o autor continue a inspirar as gerações atuais e as

vindouras.

Por parte do Grupo Parlamentar do PSD, toma a palavra o Deputado Carlos Reis, agradecendo aos

peticionários o ato cívico e o seu empenhamento nesta causa que enriquece o património português,

acrescentando que o Grupo Parlamentar do PSD é favorável a esta classificação e que acompanhará as

iniciativas que forem apresentadas na Assembleia da República neste sentido.

O Deputado Carlos Reis chama, de seguida, a atenção para a dimensão política do homem, para frisar que

o voto favorável do Partido Social Democrata pretende afirmar, também, que a arte supera a política.

No sentido de ilustrar a persistência da arte faz referência ao quadro de Salvador Dali, a Persistência da

Memória (1931) que, para o Deputado, representa o que é esta persistência da cultura e da arte sobre as

opções e as opiniões políticas.

Na verdade, lembra que ao olhar para um quadro daquela magnitude ou para uma partitura de música não

é a posição do artista que nos interpela, no entanto, no caso de José Mário Branco a sua posição política faz