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II SÉRIE-C — NÚMERO 21

critura pública. Estas sociedades de fomento empresarial vêm dar uma outra componente que faltava ao FAIJE. O FAIJE é aberto, é simples, não é burocratizado, tem uma componente de participação de sociedade civil e tem uma componente a fundo perdido, mas falta-lhe aqui uma outra, que é poder permitir aos jovens disporem de um sistema semelhante ao capital/risco para poderem entrar em áreas de recuperação de empresas, porque várias vezes os jovens se me dirigiram dizendo: «Conheço a empresa A, que está parada, eu era capaz de pôr aquilo a funcionar.» Portanto, as sociedades de fomento empresarial são exactamente para isso, para permitirem que o jovem, isto é, SFE, entre com o capital, como numa sociedade de capital/risco, mas designa o jovem, que está interessado, seu administrador na sociedade a recuperar, e este fica com a opção da compra das acções quando o pretender, não podendo a empresa ser vendida a outrem se o jovem a pretender adquirir. São estes os mecanismos.

Por outro lado, um projecto que iniciámos na sua concepção teórica e na sua execução física em 1986 são os ninhos de empresas, no Porto e em Lisboa. O do Porto está concluído e vai ser lançado o concurso público de candidatura à instalação; o de Lisboa ainda está em obras, uma vez que o empreiteiro se atrasou. De qualquer das maneiras, também aí se pretende motivar os jovens para o sector quaternário, na área da consultadoria, que, quer no espaço comunitário, quer no nosso relacionamento preferencial com África e até América Latina, através do Brasil, poderá pôr muita da nossa inteligência, do nosso know-how, ao serviço desses países, com a compensação adequada para os jovens, levando-as também a criar as suas próprias empresas.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.a Deputada Conceição Castro Pereira.

A Sr.a Conceição Castro Pereira (PSD): — Sr. Ministro, vou ser muito breve, e pedindo desculpa da minha ignorância, mas há pouco V. Ex.a forneceu-nos alguns números, todos eles na casa dos milhares, referentes aos tempos livres, férias desportivas, intercâmbios, e eu só queria perguntar-lhe: são jovens diferentes que estão integrados em todos estes programas ou alguns são os mesmos? Pretendia com essa informação fazer um apanhado do número total de jovens que são abrangidos pelos programas que enunciou.

Em segundo lugar falou num problema cultural quando foi abordada a problemática do trabalho infantil, dizendo no princípio da sua intervenção que a política de juventude não pode ser apenas uma moda. Estou perfeitamente de acordo com V. Ex.a, e pertencendo eu a uma geração muito diferente da que está sentada à volta desta mesa julgo que talvez fosse preciso levar essa mensagem de que a política de juventude não é apenas uma moda as pessoas da minha geração, porque para elas é muito uma moda, e acham que os jovens querem tudo, e os jovens agora têm tudo, e que as pessoas da minha geração e até de uma geração abaixo estão a ser preteridas em favor dos jovens e da terceira idade. Julgo que talvez o seu Ministério, embora seja o Ministério da Juventude, pudesse desenvolver, pensar em qualquer tipo de actuação, assim como faz no Projecto VIDA, uma informação aos

pais; também há muitos pais — graças a Deus — que não têm filhos drogados, mas têm filhos jovens, e que não estão minimamente abertos, porque são de outra geração, à nova política de juventude. Para que a nova política não fosse, para esses pais, uma só moda, gostaria imenso que pensasse, com os seus serviços, e ajudado por todos estes jovens, em campanhas de sensibilização para que os pais pudessem colaborar em tudo aquilo que o seu Ministério faz ou está a tentar fazer.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro.

O Sr. Ministro Adjunto e da Juventude: — São jovens diferentes porque existem condições diferentes, mas pode haver é nalguns desses programas — poucos, só se for férias desportivas — jovens que estejam a trabalhar. Será esse o único caso, os outros são todos diferentes, uma vez que há condições de inscrição, indicação donde trabalham, o que fazem, sendo a selecção feita a partir daí. É que, às vezes, quando se fala nestes números, parece que serão muitos, mas o problema é que nós temos muitos jovens — 48,5% da população tem menos de 30 anos —, o que significa que são muitos jovens para um país tão pequeno.

A questão que colocou da mensagem para que não seja uma moda e do discurso. É evidente que aqui se levanta uma questão mais geral da sociedade portuguesa, na qual eu penso que as gerações mais novas podiam desempenhar um papel importantíssimo, e que é o debate político e a produção do pensamento. Acho que, e se me permitem falar com este à-vontade, as organizações de juventude em Portugal se alhearam um pouco destas duas questões e caem no rotineiro para dizer o que diz o politico adulto, e se este, por exemplo, contesta uma medida na área do emprego, as organizações de juventude têm de ir logo atrás contestar para marcar presença. Acho que para o jovem o direito à diferença e o marcar a diferença seria um pouco ter uma perspectiva de vanguarda, de longo prazo, porque são jovens; e respondendo à questão já colocada, que é: «Quais as aspirações dos jovens?», penso que já foi distribuído este estudo, que é a síntese, e mais tarde, logo que esteja produzido, um exemplar de cada um dos estudos parcelares, que são sete, que demonstra ...

Vozes.

O Sr. Presidente: — Não vamos interromper o Sr. Ministro; os Srs. Deputados que não tenham recebido farão o favor de pedir aos serviços de apoio.

O Sr. Ministro Adjunto e da Juventude: — ...

muito claramente quais são muitas das aspirações da juventude portuguesa. É evidente que ela aprece aqui marcadamente pondo a questão nos problemas do dia--a-dia, é evidente que quando o estômago está vazio ninguém pensa, e coloca em lugar de destaque o problema do primeiro emprego, da casa, etc. Mas alertam para alguns dos problemas, como a convivibilidade, como as relações com os pais, como a questão dos valores tradicionais, que são questões que exigem por parte dos responsáveis um debate profundo no sentido de sensibilizar gerações para que em Portugal seja possível construir uma política de juventude sem haver o confronto de gerações. Isto porque os países onde, no