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24 DE NOVEMBRO DE 1989

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que me foram colocadas por alguns jovens dizia respeito ao pouco tempo de participação que tinham nesse seminário.

Embora não tenha interesse para a questão orçamental, mas, dado que o Sr. Ministro disse aqui que eu não estava informado sobre os ventos que passavam em Portugal nessa matéria, gostava de sublinhar que o tempo global do seminário foi muito escasso para que os participantes

pudessem discutir. Isso foi uma crítica que muitos desses participantes me transmitiram, porque eu, no tempo que lá estive, até pude participar.

No entanto, o Sr. Ministro acabou por responder à questão que coloquei, isto é, até agora nós apenas vamos atrás da moda. Agora é moda falar do Leste, mas o Sr. Ministro reconheceu que, nesse tal seminário, não havia ninguém da América Latina nem de África, tendo dito que para o ano que vem já vamos ter alguém dessas zonas do mundo — mas já é bom sinal que haja essa correcção de estratégia.

O Orador: — Sr. Deputado, nós não vamos atrás da moda. Vamos passo a passo, de harmonia e de acordo com a nossa realidade e com aquilo para que temos vocação própria.

Será que está a pretender dizer-me que a nossa vocação será a de abarcar tudo ao mesmo tempo? Assim não abarcamos nada.

O que interessa é definir objectivos e prioridades e, provavelmente, o Sr. Deputado é que não sabe quais são as suas prioridades. Como provavelmente não as tem, aponta para a América Latina, porque o Conselho Nacional da Juventude em Espanha o faz. Se amanhã os países do Leste o vierem fazer com a África do Sul, o Sr. Deputado também aponta para a África do Sul.

Nós estabelecemos uma prioridade e, como sabe, em intercâmbio temos prioridades estabelecidas ...

O Sr. José Apolinário (PS): — Desculpe, Sr. Ministro, ...

O Orador: — Deixe-me acabar o raciocínio. Definimos prioridades e este colóquio obedeceu a essas prioridades.

A Europa, onde acabámos de entrar e onde temos o desafio de 1992 pela frente, é uma dessas prioridades. É evidente que, face ao que se tinha passado em Paris, na semana anterior, na reunião dos ministros, e face a um estudo feito em que os jovens europeus viam muito mais para além da Europa, é que disse no encerramento que, então, teríamos que responder às aspirações dos jovens europeus. Não uma qualquer ideia que surgiu na cabeça de um governante, pois respondemos às aspirações concretas desse estudo.

Por outro lado, devo dizer-lhe que, nesse seminário, os jovens unham acções e trabalho em grupo só com eles próprios. Provavelmente, o Sr. Deputado passou lá poucas vezes...

O Sr. José Apolinário (PS): — Não. Eu estive lá!

O Orador: — Então deve ter havido aqui algum problema, porque passei lá e fui assistir a sessões e nunca lá vi o Sr. Deputado.

O Sr. José Apolinário (PS): —Estive lá mais do que uma vez.

O Orador: — Então, foram problemas de horários! Com certeza, o Sr. Deputado estava à porta e cada vez que eu entrava saía.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): — Foi à parte social!

O Sr. José Apolinário (PS): — Desculpe estar a prolongar-me, mas, como o Sr. Ministro fez uma acusação de que eu é que não sabia quais eram as prioridades e como esta sessão está a ser gravada, devo dizer-lhe: primeiro, que não tenho nenhum problema em apoiar e incentivar as iniciativas que nesta área considere positivas para Portugal, independentemente de o ministro ser o Couto dos Santos, ser do PSD ou não ser do PSD; segundo, se o Sr. Ministro ler a acta desta reunião chegará à conclusão que quem se contradisse foi o Sr. Ministro, isto é, na primeira intervenção, na resposta ao Sr. Deputado Carlos Coelho, disse que nesta matéria tínhamos três preocupações — a CEE, o Leste e os PALOP — e agora está a dar o dito por não dito.

Portanto, quem entrou em contradição não fui eu, foi o Sr. Ministro.

O Orador: — Sr. Deputado, aconselho-o a ler a acta da Comissão. Decerto que chegará à conclusão que se contradisse. Mas o problema não está só no facto de se contradizer, mas sim de o Sr. Deputado estar mal informado.

Se V. Ex.* quiser poderá solicitar, por carta, aos serviços do Ministério a informação que entender necessária e terá toda a que desejar, quer quanto às prioridades, quer quanto a todas as matérias que, neste momento, estão a ser tratadas.

O Sr. José Apolinário (PS): — Na sociedade moderna nunca se tem a informação toda!

O Orador: — Sr. Deputado António Filipe, V. Ex.* fez apenas breves considerações e disse que, certamente, este não é o orçamento todo que se dirige à juventude.

De facto, fiquei preocupado com essa questão da separação, porque não sei até que ponto possa ter perpassado pelo seu espírito alguma ideia errada sobre o que é a política de juventude.

Com efeito, o Sr. Deputado, ao querer diferenciar as coisas, deu-me a sensação de que a visão que tem da juventude é a de uma coisa com compartimentos, isto é, uma estante onde, de um lado, existe a formação profissional e a educação e, do outro lado, existe mais não sei o quê.

Não, Sr. Deputado. Não temos essa visão da política de juventude, pois pensamos que se trata de um compartimento global, ou seja, de um cubo onde está tudo e, por isso, o orçamento, necessariamente, é todo da juventude.

Quanto à questão da governamentalização, não encontro razão para os seus comentários. Francamente, Sr. Deputado, até o programa de tempos livres tem sido executado em cerca de 80 % pelo Estado, e, neste momento, avançamos no sistema de contratos-programa.

V. Ex.* chama governamentalização aos contratos-programa, onde o Estado apenas vai subsidiar a acção, quando é a própria organização que escolhe o programa e que o executa? Isso é governamentalização? Francamente!