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15 DE ABRIL DE 1993

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Escola Preparatória de Luisa Todi

Presenças:

Conselho directivo; Conselho pedagógico; FERLAP;

Associação de Pais; Governador civil;

Directora regional de Educação de Lisboa; Coordenador da Área Pedagógica de Setúbal; Projecto Vida — coordenadora; Gabinete de Segurança nas Escolas — responsável; Engenheiro dos equipamentos educativos — DREL.

Notas breves. — A Rádio Azul telefonou para a Escola e foram feitas algumas declarações pela coordenadora do grupo de trabalho da Assembleia da República.

A Escola Preparatória de Luísa Todi situa-se numa zona urbana entre bairros. Recebe alunos vindos de bairros de habitação social degradados, onde os seus habitantes foram «despejados» sem o mínimo de condições favoráveis à socialização e troca de culturas. A população escolar proveniente destes «guetos» convive diariamente com situações de pré-delinquência, delinquência, alcoolismo, toxicodependência prostituição, etc.

A Escola é frequentada ainda por alunos oriundos do meio rural em áreas limítrofes da zona urbana e onde coexistem a agricultura e a indústria embora a primeira actividade tenha vindo a ser prejudicada pela explosão industrial. Este facto provocou um desenraizamento das populações em relação à terra, iniciando-se a sua absorção pelas fábricas.

As famílias dos alunos são, na sua maioria, oriundas de meios sócio-económicos e culturais bastantes desfavorecidos, onde abunda o emprego precário, famílias parcial ou totalmente dissolvidas, pais emocionalmente perturbados, com reduzidas habilitações académicas e culturalmente dt^nraizados (ciganos, negros, imigrantes, etc).

O acesso à Escola é facilitado para os alunos da cidade, os bairros onde habitam não ficam longe da escola; os alunos do meio rural deslocam-se em transportes colectivos e não há problemas a assinalar.

Nesta Escola há problemas disciplinares, que na medida do possível têm sido controlados quer pela dedicação dos agentes educativos (professores, conselho directivo, conselho pedagógico, pessoal da acção educativa, Associação de Pais) quer pela colaboração da PSP, que diariamente vai à Escola pela manhã, vai durante o dia fazendo rondas periódicas e responde prontamente quando solicitada pela Escola para intervir. A situação melhorou com a vedação da Escola, feita há muito pouco (empo. Esta melhoria traduziu-se no controlo da presença de estranhos no recinto escolar, mas consta que aumentou a violência entremuros.

«É muito difícil estar aqui no dia-a-dia», foi assim que os professores resumiram as dificuldades que se colocam numa Escola criada em 1973, com instalações provisórias que parece terem-se tomado definitivas, com um número excessivo de alunos —1385 —, construída para 800 alunos, com 86 alunos com mais de 13 anos.

Tem 18 salas de aula normais, com 3 em adiantado estado de degradação, 15 salas específicas (TM, EV, CN, EM), uma biblioteca uma sala de vídeo e uma sala de computadores e a funcionar em regime triplo.

Os alunos inserem-se em turmas, bastantes heterogéneas, com comportamentos e ritmos de trabalho muito diversas. Os comportamentos observados com maior frequência são: apatia, dificuldades de adaptação, dificuldades de motiva-

ção, desinteresse, fracos hábitos de trabalho, pouco treino de aproveitamento de criatividade, conflitos emocionais mais ou menos graves e problemas disciplinares.

É uma Escola com muitos alunos deficientes e onde os deficientes profundos se inserem em turmas de 24 alunos!

É uma Escola de diferenças acentuadas no aproveitamento dos alunos, onde a dinâmica criada pelo corpo docente e discente em colaboração com a Associação de Pais é muito forte e traduzida num projecto educativo digno de registo, até porque é uma Escola sem espaços com ligação à vida activa.

É uma Escola com necessidades de pessoal administrativo e de acção educativa com um bar e refeitório de dimensões exíguas a exigir medidas consentâneas com uma realidade diária — a necessidade de uma refeição. Há na Escola uma aluna com problemas graves de fome/má nutrição, que se reflectem no seu dia-a-dia e que já foi objecto de uma intervenção própria que acabou por não ser levada a bom termo por impedimento suscitado pela própria mãe.

Há uma boa ligação da Escola com as estruturas de apoio em termos de segurança social, saúde, orientação profissional, mas há grande falta de verbas.

A Escola faz parte do plano de emergência e do plano de luta contra a pobreza que terminou em Dezembro, tendo criado alguns problemas à Escola e principalmente aos alunos — muito deles apenas comem na Escola!

A dívida aos fornecedores de alimentos à Escola era, ao tempo da visita, de 1073 contos ...

É uma Escola com um corpo docente instável, com 121 professores, dos quais 91 são efectivos.

As taxas de abandono escolar e de insucesso não são elevadas na Escola. Há 96 alunos com apoio pedagógico acrescido e 11 alunos com aulas suplementares de apoio no ano lectivo de 1991-1992 (junta-se em anexo um estudo cedido pela Escola).

A Escola possui um plano pedagógico global onde se inserem projectos de salas de apoio (três turmas com 24 alunos); projecto-criação do núcleo de deficientes auditivos (uma turma de integração com 20 alunos, 4 deficientes auditivos — 2 médios e 2 profundos), projecto de integração PROINT; concursos de animação da biblioteca municipal; diversas actividades pedagógicas, entre as quais três projectos pedagógicos:

Clube de amigos da biblioteca; Oficina musical; Clube de informática.

Os problemas de segurança identificados pela Escola e pais situam-se nos âmbitos:

Afectivo-emocionais e disciplinares, com fortes raízes na origem sócio-económica e relacional dos alunos;

Coabitação na escola de várias etnias — existem grupos organizados que lutam entre si, trazendo para o espaço escolar; muitas vezes, os conditos do exterior,

A realidade envolvente;

O número de ocorrências, brigas e furtos é bastante elevado.

Para minorar estas situações a Escola e os pais propõem:

Uma escola de construção definitiva onde sejam minorados os problemas criados por estas instalações degradadas;

Ocupação de tempos livres dos alunos, que passaria, entre outras coisas, pela redução do número de alunos na Escola e pela melhoria de alguns equipamentos;