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II SÉRIE -C— NÚMERO 31

mos se algum animal adoecer. Hoje, a prevalência da doença é zero, até que um colega diga: «Hoje, 27 de Maio, tenho um caso em Barcelos ou em Braga.» Quando esse caso aparecer, nesse dia, a prevalência em todo o efectivo do País será aquele animal.

0 Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Tem a palavra

o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Doutor, a certo momento da sua exposição, referiu que teve um segundo caso, em que teria suspeitado da mesma doença, mas que não lhe teria dado seguimento, uma vez que o primeiro caso não foi considerado típico ou que lhe terá sido escondido o resultado do diagnóstico. O Sr. Doutor disse isso com um tom levemente irónico e distanciado. Gostava que precisasse melhor, isto é, o Sr. Doutor não levou para a frente o segundo caso de suspeição porque entendeu que não valia a pena, face às condições que tinha verificado no primeiro caso pelo facto de lhe terem escondido o diagnóstico da doença? Ou fê-lo por outra razão?

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — Pois, eu falei nisso, mas vou explicar melhor: não levei o segundo caso para a frente porque o animal durou muito pouco tempo — morreu. E, como morreu, não pus o problema da recolha de órgãos. Terei raciocinado depois e não me pareceu necessário fazê-lo. Pus de parte a questão, pois não chegou a ser uma suspeita Mas, se estivesse sensibilizado, se calhar era uma suspeita.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Duarte.

O Sr. Carlos Duarte (PSD): —O Sr. Dr. José Carlos Pereira disse que, depois do primeiro caso —o da análise—, o Laboratório o informou de que se tratava de uma encefalopatia, mas provocada por um vírus...

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — Não, por um meningoccocus. Trata-se de uma bactéria. Essa informação foi-me dada, a título pes-soai, por um meu colega dos serviços.

O Sr. Carlos Duarte (PSD): — Essa foi a informação que, particularmente, obteve dos responsáveis sanitários. Entretanto, o conhecimento que teve de uma eventual suspeita de BSE foi-lhe dado por um jornalista do semanário Expresso.

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — Sim.

O Sr. Carlos Duarte (PSD): — Gostava de saber se, antes ou depois desta informação — e penso que o jornalista do Expresso, por maior capacidade que tenha a este nível, não será autoridade sanitária para poder, eventualmente, dar--Ihe essa informação—, houve qualquer outra informação que pudesse indiciar que o diagnóstico feito, e que lhe foi transmitido por um responsável sanitário, era contraditório ao da informação que lhe tinha dado anteriormente.

Uma outra questão que lhe quero colocar é no sentido de saber se teve conhecimento de que o Estado Português tenha enviado alguns técnicos sanitários, ou do Laboratório,

para Inglaterra, a fim de estudarem melhor toda a doença — a forma de diagnóstico e toda a forma de detecção da doença. Ou seja, se foi enviado alguém para Inglaterra no sentido de poder ter, eventualmente, alguma actuação com maior conhecimento de causa neste campo.

0 Sr. Presidente (Antunes da Sií va): — Tem a palavra o Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira.

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — O diagnóstico, como referi, foi-me dado naquela altura, através de um colega dos serviços, que me disse que seria uma encefalite corrente, por um motivo banal. E só soube do que se passava realmente por esse jornalista do Expresso, que primeiro me telefonou com o objectivo de indagar sobre como as coisas tinham acontecido, etc, ao que respondi: «Nada mais sei sobre isso e penso que nem sequer tem importância.» Como ele viu que eu não estava por dentro da matéria, nem sabia o resultado do Laboratório, telefonou-me duas horas mais tarde a dizer-me: «Esse caso foi, realmente, positivo. Eu tenho aqui, na minha mesa, uma fotocópia do despacho do Laboratório a dizer que se trata de um caso de encefalopatia espongiforme bovina.»

O Sr. Carlos Duarte (PSD): — Mas não chegou a mostrar-lhe a cópia do despacho!?

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do . Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — Não, não me mostrou.

E foi só no dia seguinte, porque a Ordem dos Médicos Veterinários me convocou para um inquérito, que soube por um colega da Ordem que a análise tinha, realmente, sido positiva.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Capoulas Santos.

O Sr. Luís Capoulas Santos (PS): — Sr. Dr. José Carlos Pereira, agradeço a disponibilidade que manifestou e vou colocar-lhe duas questões muito concretas.

Gostaria que identificasse não só o serviço ao qual comunicou o seu diagnóstico, mas também o técnico que lhe. deu a resposta relativamente ao resultado da análise do animal que comunicou.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira.

O Sr. Dr. José Carlos de Azevedo Pereira (Técnico do Agrupamento de Defesa Sanitária da Cooperativa Agrícola de Barcelos): — Sr. Deputado, o meu diagnóstico presuntivo, a minha suspeita foi comunicada ao chefe da Divisão de Sanidade Animal da Direcção Regional de Entre Douro e Minho, em Braga, Dr. Eduardo Maia Tavares.

O Sr. Presidente (Antunes da Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Martinho.

O Sr. António Martinho (PS): — Sr. Dr. José Carlos Pereira, tenho, nesta audição, ouvido os médicos veterinários a usarem a expressão «suspeição».