13 DE JULHO DE 1996
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efectuadas a outros museus, foi conduzida pelo respectivo conservador.
Por voltado meio dia teve lugar a entrevista com o Presidente da Assembleia Legislativa de Sampetersburgo, o Sr. Yuri Kravtsov, no Palácio Mariinski.
Nos discursos, breves, trocados pelos dois Presidentes exaltaram-se as qualidades reveladas pelos povos português e russo através da História, pela sua capacidade de sofrer com dignidade e amor à Pátria Foram feitos os habituais votos pelo estreitamento dos laços entre os dois países, no-
meadamente através da cooperação entre as suas Assembleias
Legislativas.
Seguiu-se um almoço no Restaurante Nicolau, a Casa dos Dois Arquitectos, donde se partiu para o Palácio de Smoini, onde teve lugar a entrevista com o vice-governador da cidade, na ausência do governador. As suas palavras foram de saudação amiga e elogiosa para o povo português e para os seus governantes.
Com um passeio de barco pelos rios e canais da cidade e uma ceia no Hotel terminou o dia, não tendo tido lugar um espectáculo no Teatro Mariinski, inicialmente previsto, por ser dia de luto na cidade, em memória das vítimas da U Grande Guerra.
6 — A manhã do dia 23 foi ocupada com a visita ao Palácio-Museu da Cidade de Peterhof, mandado edificar por Pedro, o Grande, residência de Verão dos imperadores russos.
Os invasores alemães não conseguiram forçar Sampetersburgo, mas invadiram, pilharam e sistematicamente destruíram, gratuitamente, pois não tinham qualquer interesse militar, os sumptuosos palácios de Peterhof, onde a nobreza tinha igualmente as suas residências de Verão.
Finda a Guerra começou a reconstrução. Foi necessário estudar os processos de construção da época, criar escolas para a formação de operários e técnicos, obter materiais. Tudo isso foi feito com persistência, meticulosidade e tenacidade. E os palácios estão a ressurgir, em toda a sua beleza e sumptuosidade iniciais. É ainda de frisar o encanto dos jogos de água que embelezam o parque do palácio de Verão, onde se exibem grupos folclóricos com manifestações de grande simpatia
A estada em Sampetersburgo terminou com um almoço no Hotel Astória, em que tomaram parte várias individualidades locais e se fizeram os costumados brindes. Por volta das 15 horas a delegação partiu para Moscovo.
7 — A estada em Moscovo começou com a recepção no aeroporto, onde a delegação era aguardada pelo Vice-Presi-dente da Assembleia Federal, acompanhado de sua mulher. Foi este casal que acompanhou sempre a delegação portuguesa, tendo sido inexcedível em simpatia e eficiência.
A delegação foi instalada no Hotel Presidente. Seguiu-se um espectáculo no Teatro Estatal Bolchoi, onde se representava a ópera russa A Dama de Espadas. E terminou a noite com um jantar íntimo no Hotel.
8 — O dia 24 começou com a deposição de uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, efectuada pelo Presidente da Assembleia da República. Dali se partiu para a Duma de Estado da Assembleia Federal da Federação Russa, onde a delegação portuguesa era aguardada pelo respectivo Presidente, Sr. Guennádi Seleznióv, filiado no Partido Comunista, recentemente eleito para o cargo que ocupa. Na troca de saudações que teve lugar entre os dois Presidentes, amigáveis mas não desprovidas de vivacidade, ficou claro que, independentemente do resultado das eleições presidenciais, o caminho da Rússia estava traçado: rumo à democracia, sem hipótese de retrocesso. Rumo difícil, que
deve ser apoiado pela compreensão e pela ajuda dos Estados Ocidentais.
9 — Em seguida foi a delegação recebida, no edifício onde está instalado o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação, pelo Ministro Sr. E. M. Primakov.
. O Sr. Primakov, dentro dos limites da maior cortesia e amabilidade, frisou que a Federação Russa, desejosa de colaborar com o Ocidente na resolução dos grandes problemas internacionais, como a segurança, a droga e o desemprego, reafirmava a sua posição de grande potência e o seu propósito de seguir o caminho da democracia e da liberdade que tinha voluntariamente escolhido. Frisou ainda que a Federação Russa não poderá concordar com o alargamento da NATO para Leste.
10 — Depois do almoço teve lugar a visita ao anfitrião, o Presidente do Conselho da Federação da Assembleia Federal da Federação Russa, Sr. Egor E. Stroev. «Eltsinista» convicto, recebeu a delegação portuguesa rodeado dos Deputados líderes dos principais partidos com assento na Assembleia Federal. Assistiu também o Presidente da Duma. Trocaram-se declarações de amizade e cooperação e os Deputados portugueses fizeram perguntas aos seus homólogos russos. Houve troca de presentes (o Sr. Stroev foi simbolicamente obsequiado com a reprodução de um astrolá-gio, primorosamente executada e apresentada, que muito apreciou).
E a visita terminou com a assinatura do protocolo de cooperação entre as duas Assembleias, feita com toda a solenidade protocolar. Assinaram por Portugal o Presidente da Assembleia da República e pela Federação Russa os Presidentes Egor Stroev e Guennádi Seleznióv.
11 — Finalmente, teve lugar a última visita oficial ao governador de Moscovo, que é igualmente o presidente da Câmara, Sr. Lujkov.
O Sr. Lujkov, partidário e amigo do Presidente Eltsine, descreveu as dificuldades em governar uma mega cidade como Moscovo (a grande Moscovo tem a população aproximada de Portugal, emigrantes incluídos) e teve declarações de apreço e afecto pelo nosso país e pelo seu povo.
Terminou o dia com um banquete oferecido no Hotel pelo Presidente Egor Stroev, iniciado, segundo o costume russo, pelos discursos proferidos pelos dois Presidentes.
É curioso notar, como indicativo do cuidado com que a visita foi programada, que os dois discursos foram impressos e distribuídos aos comensais, o do Presidente da Assembleia da República em russo e o do Presidente Stroev em português.
No seu discurso, o Presidente português considerou da maior importância o modelo de intercâmbio e cooperação entre Estados e povos através dos seus representantes par/amentares, livremente eleitos pelos cidadãos para em nome deles tomarem decisões que a todos dizem respeito (anexo n.° 1).
Na sua resposta, o Presidente russo frisou que os laços interparlamentares representam uma das componentes mais importantes das relações entre Portugal e a Rússia, constituindo uma garantia da sua estabilidade e dinamismo.
Após numerosos brindes e declarações de amizade terminou o banquete.
12 — O último dia foi ocupado com visitas ao Kremlim e com um almoço na Embaixada de Portugal. É de salientar a cooperação dada à visita por todos os funcionários da Embaixada e o papel desempenhado pelo novo embaixador, Dr. José Luis Gomes.
13 — Com uma calorosa sessão de despedidas no Aeroporto de Sheremetievo-2, em que estiveram presentes mui-