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5 DE AGOSTO DE 2006 __________________________________________________________________________________________________

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2.4. Os fogos florestais de 2005 O ano de 2005 foi um dos piores anos de fogos florestais em Portugal. Ardeu uma área de 338.262ha de

floresta e matos que representou 58% do total da área queimada da Europa do Sul. Este registo mais que triplica a área ardida anual em média na década de 90 (102.203ha) e quase que duplica a média da área ardida nos últimos 5 anos anteriores (190.287ha). Comparativamente a 2003, o pior ano desde 1980, a área ardida em 2005 correspondeu a 77% dos 425.706ha registados nesse ano.

Arderam 53.000ha de áreas públicas sob gestão da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, sendo mais de metade povoamentos florestais (27.000ha). O maior incêndio em áreas públicas ocorreu em Vila Pouca de Aguiar, no Vale do Tâmega, em que arderam 7.086ha, dos quais 4.858ha de povoamentos florestais.

Na Rede Nacional das Áreas Protegidas, arderam cerca de 20.000ha, tendo o Parque Natural da Serra da Estrela sido o mais atingido com uma área ardida de 11.000ha. Estes valores encontram-se, acima da média para os últimos 5 anos, em que arderam 15.000ha. O ano pior desde último quinquénio de referência foi 2003 com uma área ardida de 28.000ha. A área ardida na Rede Natura 2000 foi de mais de 58.000ha. O Sítio onde se verificou maior área ardida foi, mais uma vez, o Sitio Serra da Estrela.

Estes foram os números das áreas ardidas em Portugal, os quais mereceram por parte das diferentes entidades um tratamento e reflexão nos diversos relatórios apresentados pelas entidades oficiais, designadamente, do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (“Incêndios Florestais: Análise ao Risco de Incêndio em 2005”), da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (“Incêndios Florestais, Relatório de 2005”), do Instituto de Conservação da Natureza (“Incêndios Rurais na Rede Nacional de Áreas Protegidas e na Rede Natura 2000”) e do Instituto de Meteorologia (“Caracterização Climática: Ano 2005”). Destes relatórios oficiais retirámos um conjunto de ideias-chave.

IDEIAS-CHAVE DOS FOGOS FLORESTAIS DE2005: 1. .Ocorreram condições meteorológicas excepcionalmente propícias para propagação de incêndios:

essas condições foram fortemente influenciadas pela seca extrema, a mais grave dos últimos 60 anos e por elevadas temperaturas de verão, tendo ocorrido 17 dos 25 dias com risco de incêndio mais elevado desde 2000. Em 22 dias do mês de Julho e Agosto arderam 2/3 do total.

2. O número de ocorrências continua a ser demasiado elevado: registaram-se mais de 35.000 ocorrências, valor cerca de 50% superior à média do quinquénio anterior, tendo-se verificado muitos dias com mais de 300 ocorrências, o que nos coloca a questão, mais uma vez, da eficácia do sistema de sensibilização, de informação e de vigilância dissuasória.

3. O problema principal não é o grande número de ocorrências mas os grandes incêndios: verificou-se que 0,29% de ocorrências (com área superior a 500ha) explicam 68% da área ardida e que apenas oito incêndios dizimaram 83 000ha. Este é um indicador importante das dificuldades de supressão em Portugal.

4. A área ardida de povoamentos foi superior à área de matos, representando 2/3 do total, com grande concentração no mês de Agosto: podemos identificar um primeiro grande número de ocorrências registado em Fevereiro e Março (17% do total de ocorrências), que explicam 3% da área ardida (muita acima do que é normal para a época), tendo a proporção de matos sido superior à de povoamentos; e um segundo momento, nos meses de Verão, que concentrou 68% do total de ocorrências e 91% da área ardida (sendo relevante apenas a dimensão dos fogos), tendo ardido mais florestas que matos.

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povoamentos (ha)matos (ha)ocorrências

Figura 2: Evolução mensal do número de ocorrências

e área ardida (Fonte: DGRF, 2006).