O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-C — NÚMERO 18

136

nos planos regional e local. A diversidade de situações e solicitações tenderá a crescer exponencialmente. Neste contexto, o nível regional pode corresponder a uma escala mais ajustada para gerir dinâmicas próprias das sociedades pós-industriais, desempenhando um papel importante na gestão dos mercados de trabalho e dos ecossistemas de inovação regionais, bem como na racionalização de telesserviços que complementem e reforcem o papel mais tradicional de gestão das redes regionais de equipamentos e de mobilidade numa ótica de coesão, competitividade, inovação e desenvolvimento.

 Comentário Os defensores de regiões administrativas reconhecem a existência de riscos associados à sua instituição.

Durante as audições realizadas, alguns desses riscos foram invocados de forma relativamente recorrente: a possibilidade de aumento da ineficácia e ineficiência das políticas públicas por aplicação insuficiente ou desadequada dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade no que se refere à repartição de competências e respetivos recursos financeiros e humanos entre os diferentes níveis de poder com legitimidade política; a tendência para a intensificação da competição entre regiões em diversos domínios (verbas do Orçamento do Estado, fundos comunitários, atração de investimento, etc.); e o perigo de agravamento das assimetrias intrarregionais, através da prevalência dos interesses e da capacidade de influência das sub-regiões mais ricas e populosas em detrimento das restantes. Outros riscos foram igualmente salientados, ainda que de forma minoritária (agravamento de desigualdades pelo facto de as regiões mais necessitadas poderem evidenciar piores capacidades governativas e de liderança institucional ou aumento da despesa pública, por exemplo).

Estes mesmos riscos são invocados, mas de forma ampliada, pelos críticos da regionalização, que veem nos aspetos referidos não situações de risco que devem ser prevenidas e geridas proativamente, mas fatores que justificam a não criação de regiões administrativas pelos efeitos negativos que desencadeiam ao nível nacional e em cada uma das regiões.

Caixa II.1

Efeitos da automação em Portugal

Segundo um estudo recente sobre o futuro do trabalho em Portugal realizado pela Universidade Nova e pela CIP, devemos esperar na próxima década um forte impacto da automação sobre o mercado de trabalho quer no plano nacional, quer no plano regional, neste último caso sobretudo no Norte.

Segundo este Estudo, no plano nacional 50% do tempo de trabalho laboral é suscetível de ser automatizado recorrendo à tecnologia atual, podendo aumentar para 67% em 2030; 26% da automação potencial poderá ser adotada até 2030 (cenário de meio termo da automação expectável), deslocando cerca de 1,1 milhões de trabalhadores; 600 mil a 1,1 milhões de novos empregos poderão ser criados, na sequência da combinação entre automação e crescimento económico; e 700 mil trabalhadores (15% do total da força de trabalho) terão de alterar as suas ocupações laborais atuais e adquirir novas capacidades até 2030.

No plano regional, essas alterações verificar-se-ão mais intensamente nas regiões Norte e Centro. No que se refere à região Norte, o estudo prevê a perda de 421 mil postos de trabalho até 2030, cerca de 40% do total nacional, compensada, em parte, pela criação de 227 mil postos de trabalho. Para a Região Centro prevê-se também um impacto assinalável, da ordem dos 240 mil postos de trabalho.

A automação terá enormes incidências sectoriais e locais, nuns casos concentradamente, noutros em assinalável dispersão pelo território. Prevê-se que o têxtil perca 40 mil postos de trabalho, com uma localização geograficamente mais concentrada do que a perda de 60 mil postos de trabalho no comércio por grosso e a retalho. Como seria expectável, a grande transformação incidirá muito sobre a indústria transformadora, que poderá perder 140 mil postos de trabalho.

Fonte: Nova School of Economics and Business e CIP – Confederação Empresarial Portuguesa, O Futuro do Trabalho em

Portugal. O Imperativo da Requalificação: Impacto no Norte, junho de 2019