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II SÉRIE-C — NÚMERO 18

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O recente estudo da Associação das Universidades Europeias (EUA)52 mostra como universidades e parceiros podem criar sinergias na construção de ERI, procurando novos formatos e espaços colaborativos para enfrentar desafios partilhados, nomeadamente o de evoluir de um paradigma de competitividade para uma efetiva estratégia de inovação, incluindo as dimensões social e de sustentabilidade. O estudo da EUA mostra que cidades e regiões estão a implementar medidas que proporcionam crescimento, bem-estar social e sustentabilidade ambiental, confiando nas universidades a análise de problemas societais e o desenvolvimento de novas soluções.

Assim, das IES, espera-se que combinem a capacidade de resposta aos problemas atuais com o envolvimento em programas prospetivos de longo prazo, através das suas estruturas internas e da participação em redes de natureza diversa, nacionais e internacionais. Das IES espera-se que combinem perspetivas académicas e científicas com as necessidades de inovação de empresas e as estratégias dos poderes públicos, consumando a já referida abordagem de desenvolvimento baseada no conhecimento, denominada de «tripla hélice»2.

Se nas regiões e cidades muito povoadas, as IES são centros de investigação e inovação sistémica, ligando o local ao global e o social ao económico, combinando inovação com a sustentabilidade ambiental; em zonas de menor densidade, as IES são um ator ainda mais determinante, face ao seu maior peso relativo nos tecidos económico, social e cultural.

6.4 – As alavancas: o talento, a concertação estratégica e o financiamento Para além da concertação estratégica, consumada nos ERI propostos neste documento, a implementação

de políticas de desenvolvimento regional carece de financiamento adequado, a partir de fundos nacionais e/ou europeus, alinhado com essas políticas e com a dinâmica da articulação de atores, decidido e libertado em tempo oportuno.

No entanto, a capacitação humana e o talento diferenciador são essenciais para o sucesso dessas estratégias, pelo que a educação terá de assumir grande centralidade neste processo.

De facto, a educação é essencial para o progresso da sociedade e desempenha um papel crítico na erradicação da pobreza53 e na orientação para a prosperidade, vitais para alcançar o desenvolvimento sustentável54.

É consensual que a contribuição mais importante da universidade para a inovação regional centra-se na formação de quadros, preparando-os para o desenvolvimento profissional e a liderança. Nos países da OCDE, a taxa de desemprego é quase duas vezes maior para aqueles que não concluíram o ensino médio (15% dos adultos de 25 a 34 anos sem ensino médio estão desempregados, em comparação com os 7% com um nível de ensino superior55).

O mencionado relatório mostra que as disparidades regionais de educação tendem a aumentar quando o nível de escolaridade aumenta, o que sublinha a necessidade de Portugal apostar no Ensino Superior, com projetos de excelência também fora dos grandes centros urbanos.

Assim, perspetivar o futuro das regiões passa pela aposta em modelos educativos e de capacitação disruptivos, com uma abordagem sistémica e com forte articulação entre interações humanas e digitais. Esta aposta implica uma forte articulação entre o regional, o nacional e o internacional, partindo do local para global.

Tome-se como exemplo, o caso da vinha e do vinho do Douro, cujas condições de excelência são o laboratório ideal para uma abordagem sistémica que vai do clima e do solo ao mercado, passando pela viticultura e enologia de precisão, produzindo conhecimento e valor para a região, quer por incorporação direta, quer por incorporação em produtos tecnológicos de carater global.

52 O papel das universidades nos Ecossistemas Regionais de Inovação, EUA, 2019. 53 Relatório sobre Desenvolvimento Mundial (Banco Mundial, 2018). 54 Relatório de Monitoramento Educação Global (UNESCO, 2016). 55 Education at a Glance 2018, OECD Indicators.