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juiz, que está, aqui, perante os Srs. Deputados, sem dizer que é juiz.
A questão é esta: estamos num país em que infelizmente os títulos valem muitas vezes para além do que é devido!
Quanto à questão da estratégia, o Sr. Deputado disse e pôs na minha boca palavras que eu não disse, ao referir que eu teria dito que queria ouvir o Sr. Secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Dr. João Salgueiro, só porque era o denunciante.
Ora, tive o cuidado de dizer que não era só isso; eu queria saber qual era a orgânica dos serviços, onde é que desapareceram os bilhetes de identidade, quem é que dirige esses serviços, quando é que o Ministério teve conhecimento desses factos, como, porquê, e através de que vias. Portanto, obviamente, não é só a questão formal de ouvir o denunciante, mas é, ao fim e ao cabo, ouvir quem dá notícia de um crime, porque se trata de saber como é que dele teve notícia.
Quanto às razões do meu afastamento, julgo que também se referiu a isso, isto é, ao facto de que era normal ser afastado, porque perderam a confiança em mim, etc. Bom, ao fim de três meses…
Repare, houve uma série de episódios. Dois dias depois, o Sr. Director Nacional da Policia Judiciária veio à televisão e, no meu caso, referiu que era normal entre juizes haver questões de hierarquia e haver situações em que os juizes não se submetiam à hierarquia; antes, tinha vindo o despacho com base no não cumprimento dos objectivos prévios; na audição parlamentar, foram proferidos uma série de adjectivos quanto à minha pessoa, que, aliás, só qualificam quem os profere; depois houve a notícia no O Independente quanto às escutas ilegais, que ninguém percebe.
Portanto, cada vez percebo menos as razões da minha demissão. Julgo que os Srs. Deputados estão nesse direito, e por isso é que estou aqui a responder, mas, não obstante todas as démarches do Parlamento no sentido de perceber o que é que se passou, eu cada vez percebo menos. Os Srs. Deputados, no final, tirarão as suas conclusões!
Quanto à Dr.ª Maria José Morgado, o Sr. Deputado referiu que ela tinha apresentado a demissão, o que é verdade, mas não me compete a mim explicar em que termos é que ela apresentou a demissão, ou porquê, ou o que é que lhe foi dito. É verdade! Mas eu também já disse que só fui demitido, porque não apresentei demissão. O que me foi sugerido foi que apresentasse a minha demissão, e eu disse: "Não, não vejo razão para me demitir. Portanto, se não se importa, demita-me o senhor!".

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Neto.

O Sr. Jorge Neto (PSD): - Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, ouvi atentamente as suas explicações - aliás, já antevia o teor das suas respostas, que, premonitoriamente, já estavam encerradas na sua intervenção anterior.
Mas há aqui um dado que está por esclarecer e que tem a ver com esta questão relativamente ao Sr. Dr. João Salgueiro, que é a seguinte: qual era efectivamente a divergência estratégica em termos operacionais na investigação do caso denunciado pelo Sr. Dr. João Salgueiro?

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Sr. Presidente, a divergência estratégica passa pela inquirição do Sr. Embaixador João Salgueiro, obviamente!
Chegou à Polícia um papel que dizia que tinham desaparecido 150 bilhetes de identidade de uma das redes consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Como sabem, o desaparecimento de bilhetes de identidade, hoje em dia, tem relevância - aliás, essa matéria foi para a DCCB, por se tratar de matéria de furto, mas nem era da competência da Polícia Judiciária. Portanto, foi para a DCCB, porque podia já estar em causa a questão da falsificação dos bilhetes de identidade e da sua utilização.
Ora, os Srs. Deputados sabem que em termos de terrorismo, os bilhetes de identidade são elementos especialmente úteis, por esta razão é que o processo foi para a DCCB.
Mas quando temos só uma participação do Ministério dos Negócios Estrangeiros a dizer que desapareceram 150 bilhetes de identidade da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, é natural que se tente inquirir quem nos faz a denúncia.
E como este tipo de inquirições não deve ser feito pelo telefone - que é uma coisa que em Portugal parece que, infelizmente, acontece algumas vezes, tratar-se de muita coisa pelo telefone -, achei que deveria ser uma questão formalizada e que não deveria ser pelo telefone que o Sr. Secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros me podia dizer: "Eu não sei de nada! Agora, vá falar com não sei quem…".
Portanto, achei que ele deveria ser inquirido quanto a estas questões, que até eram fáceis de responder, nomeadamente: como é que o Ministério dos Negócios Estrangeiros teve conhecimento dos factos, quando é que teve conhecimento dos factos, e qual é a orgânica do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dos serviços de onde terão desaparecido os bilhetes de identidade.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, inscreveram-se para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados Miguel Paiva, Alberto Martins, José Magalhães, Luís Montenegro, Odete Santos e Osvaldo Casto, a quem peço contenção no uso da palavra, para não atrasarmos demasiado esta reunião.
Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Paiva.

O Sr. Miguel Paiva (CDS-PP): - Sr. Presidente, as questões que me propunha colocar já foram, de certo modo, respondidas pelo Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, pelo que prescindo do uso da palavra.

O Sr. Presidente: - Tem, então, a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr Alberto Martins (PS): - Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, muito brevemente, e peço desculpa por estar a insistir, mas gostaria que fizesse o favor de aclarar, se possível, duas outras três questões que vieram de novo à nossa apreciação quando da sua intervenção, e que têm que ver com a DCCB, com o SIS e com as escutas telefónicas.
Com a DCCB, a questão é esta: o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes aludiu a reacções estranhas do Sr. Director da Polícia Judiciária, Dr. Adelino Salvado, dizendo que ele fazia comentários alterados, a partir de certa altura, comentários muito negativos relativamente à organização da DCCB, e que isso poderia estar, de alguma forma, na origem da sua vontade de querer afastar a Dr.ª Alice Fernandes.