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onde a delegada de saúde já tinha estado e tinha pedido um estudo do ar, e nada era feito, sendo que o Sr. Director Nacional dizia que era tudo psicológico… Mas, entretanto, uma inspectora da Polícia Judiciária tinha vindo do oftalmologista, que lhe disse que, eventualmente, teria lesões irreversíveis na córnea que não a deixariam ver. É grave telefonarem-me no dia seguinte a dizer - e aí não foi ele mas o Dr. Reis Martins: "Não se comprometa, veja lá, não diga nada, porque eles têm os médicos do Ministério da Justiça".
Portanto, se me perguntar se estava satisfeito, digo-lhe que é óbvio que não estava mas por isso é que, a certa altura, comecei a guardar alguns documentos e fiquei expectante.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.

O Sr. Luís Montenegro (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, pretendo apenas aprofundar esta questão e agradecer-lhe, desde já, a objectividade da resposta.
Em jeito de conclusão do raciocínio expendido, aquando da formulação da pergunta, vou dizer algo, formulando, naturalmente, outra pergunta. Há aqui duas premissas: por um lado, não havia confiança por parte do Sr. Director Nacional; por outro, não havia satisfação da sua parte, como, aliás, acabou de dizer; logo, a demissão, a cessação do exercício dessa função era o epílogo lógico e natural, atentas as duas premissas que enunciei.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Mas isso é uma opção individual. Eu não estou habituado a desistir de nada na minha vida e estou habituado a lutar muitas vezes em situações adversas. Já passei por situações complicadas na minha vida pessoal e profissional.
Portanto, a mim não se me pôs a questão de desistir. Porque é que havia de ser eu?!

O Sr. Luís Montenegro (PSD): - Independentemente da forma!

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Foi uma opção minha! Achei que devia ser demitido e que não devia apresentar a demissão. E estou contente com isso, se quer que lhe diga!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Magalhães.

O Sr. José Magalhães (PS): - Sr. Presidente, nesta fase, cabe-me tão-só completar pedidos de informação, mas gostaria de dizer que os dados que nos foram trazidos sobre a relação entre o Sr. Director Nacional e o seu subordinado hierárquico que está perante nós continuam a ter aspectos muito difíceis de esclarecer.
A tarefa que temos entre mãos não é fácil e não está nas mãos do nosso depoente a limitação rigorosa das fronteiras.
Eu apreciei muito as declarações feitas e o espírito com que foram feitas, mas o delimitar exacto daquilo que é segredo profissional e daquilo que não é segredo profissional é uma questão muito melindrosa.
Mas o caso que acabou de nos suscitar e sobre o qual nos trouxe informações, de que não tínhamos conhecimento - eu não tinha conhecimento e troquei rapidamente impressões com os meus colegas e nenhum deles tinha também conhecimento -, convoca-nos para a necessidade, julgo eu, de não deixar que quem quer que seja possa dizer que não fizemos todas as perguntas.
Portanto eu, não querendo, obviamente, ter a pretensão de fazer todas as perguntas, vou pedir ao Sr. Dr. Cunha Lopes que aprofunde a linha que nos trouxe agora e, designadamente, que nos transmita formalmente os documentos a que aludiu. Ou seja, gostaria de pedir-lhe que nos transmita os pedidos de parecer, os tais datados, que junte aos autos da Comissão esses pedidos de parecer e que os comente de viva voz - não sei quantos são, mas isso saberemos a seu tempo -, para que possamos, depois, ajuizar melhor, tendo em conta o seu depoimento e a linha de interrogações que vamos ter de fazer.
Em segundo lugar, gostaria também de pedir que a cópia do documento que traduz, eventualmente, uma ingerência externa numa investigação criminal fosse transmitida à Comissão, também para junção aos autos.
Por último, julgo que o dado que nos trouxe e aqueles que, certamente, nos trará revelam um estilo de direcção com injunções concretas do Director Nacional no âmbito de processos concretos.
Portanto, não se trata só de uma discussão estratégica, que, pelos vistos, não houve ou houve pouco, trata-se, sim, de, em casos concretos e em processos concretos, optar, opinar e, em certos casos, até delongar, o que também é uma forma de decidir, que pode ter significativa gravidade.
Assim, gostava que analisasse ou que nos trouxesse mais informação sobre esse estilo de direcção, porque, aparentemente, ele merecia-lhe não apenas aplauso como crítica, desconforto, instabilidade, insatisfação e, portanto, condições muito difíceis para levar a cabo a sua tarefa.
Tudo isto converge para uma pergunta, para a qual não sei se tem resposta possível, mas tenho o dever de a fazer, que é a seguinte: quais eram em concreto as suas divergências estratégicas com o Director Nacional, uma vez que, no despacho em que se faz cessar a sua comissão de serviço, se refere a sua incapacidade de levar a cabo objectivos previamente delineados.
Quais eram as divergências, uma vez que teve muito pouco tempo da DCCB, mas, certamente, o retrato que dela faz não é o de uma organização caótica, gerida incompetentemente pelo seu antecessor, e o modelo que lhe foi proposto em alternativa é para nós um mistério. Gostava que pudesse aclará-lo.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Mas é que tudo isto é um mistério também para mim! Se foi para os Srs. Deputados, para mim também foi.
É óbvio que não é agradável ter um mandato de captura internacional 8, 9 ou 10 dias em cima da mesa, sem saber o que se lhe há-de fazer. Porque uma coisa é certa: eu não permitiria que o mandato de captura internacional… E só ficou esse tempo, porque nós sabíamos que a pessoa em causa não estava avisada.
Repito que, neste momento, considero-me desvinculado de quaisquer normas de segredo de justiça, por isso é que estou a falar, nomeadamente no âmbito de uma revelação