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uma divergência objectiva, essencial ou não, relativamente a qualquer proposta de nova orientação;
Quarto, relativamente ao fundamento invocado da necessidade de modificar a estratégia a prosseguir, gostaria de saber se, também neste domínio, o Sr. Dr. tem consciência de alguma vez ter oposto discordância quanto a uma eventual informação sobre o sentido dessa nova estratégia a prosseguir.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Começo pela questão relativa à perda de confiança.
Quem tem perda de confiança é que tem de dizer porquê. Por mim, considero que não há nenhum facto em meu desabono no sentido de fazer perder ao Sr. Director Nacional da Polícia Judiciária a confiança que inicialmente tinha em mim.
Quanto aos objectivos previamente delineados, foi o próprio Sr. Director Nacional quem, logo nas primeiras entrevistas que deu, se não me engano, numa que concedeu ao Expresso, afirmou, e não desmentiu, que, inicialmente, não tinha quaisquer objectivos relativamente à Polícia Judiciária porque se tratava de uma realidade que desconhecia.
Portanto, nunca me foram traçados objectivos - aliás, já o disse da outra vez que aqui fui ouvido, mas repito agora, uma vez que a pergunta foi-me colocada novamente. Bom, isto é um despacho genérico e abstracto, que não diz nada; serve para tudo e não serve para nada, depende das intenções de quem lê…
Li nas actas, na parte que consegui ler, que se falou num relatório que eu teria feito sobre a criminalidade de Leste, o qual não teria sido do agrado do Sr. Director Nacional.
Quanto a esse relatório, foi-me dito, numa das reuniões: "Pedro, veja lá se faz um pequeno relatório sobre a criminalidade de Leste para distribuir pelos vários núcleos da Polícia Judiciária".
Ora, vejamos: não conheço a criminalidade de Leste no terreno. Portanto, tal estudo foi feito em uma semana, com base num parecer do nosso núcleo de estudos, tendo sido assinado por mim próprio, mas não era nenhuma obra literária nem era nenhum estudo sobre a criminalidade de Leste; era um manual para conhecimento interno da própria Polícia Judiciária.
Parece que foi esse manual interno que o Sr. Director Nacional chamou à colação na última vez que cá esteve e do qual ele não gostou porque não estaria bem feito. Ora, trata-se de um manual interno e não de uma monografia, foi uma coisa feita em uma semana. Se é isso, então é mais uma tentativa de justificar o que não tem justificação. Portanto, não tenho qualquer conhecimento de não ter cumprido os objectivos previamente delineados.
Quanto a divergências que eu possa ter tido, respondo que se não havia estratégia também não pode ter havido divergência. Portanto, quanto a isso, mantenho o que disse anteriormente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, vou fazer-lhe uma pergunta muito simples, muito directa, quase que apenas um pedido de esclarecimento complementar em relação ao seu depoimento.
No seu depoimento, o Sr. Dr. faz referência algumas vezes a situações que não quero comentar, relativamente às quais partilharei a sua indignação com a maior facilidade, que se referem a vida privada das pessoas. Obviamente, trata-se de questões desagradáveis, ainda que sejam só rumores e compreendo isso perfeitamente. Portanto, quanto a essa parte, limito-me a lamentar e a dar-lhe razão integralmente porque isso é sempre desagradável, seja em relação a quem for, para mais, como o Sr. Dr. nos disse, não havendo razão para tal. Mas, ainda que houvesse, cada um tem direito à sua vida privada e isso são sempre coisas desagradáveis.
Há uma segunda referência, que também entra um bocado neste capítulo do rumor - aliás, não percebi e é esse o esclarecimento que queria pedir-lhe -, que é a questão deste processo em concreto. É que, de facto, eu próprio também não tinha ouvido falar do tal indiano sobre o qual o Sr. Dr. nos disse que o Sr. Director Nacional ter-lhe-ia dito que tinha pouca convicção no processo, uma vez que, mesmo feita a detenção, ele acabaria por ser libertado.
O Sr. Dr. disse, ainda, que foram postos a circular rumores contra si próprio e falou em jornais. Assim, pergunto-lhe: isto foi publicado em algum lado? Existe alguma notícia, quer sobre essa história quer sobre a história do helicóptero, ou é uma mera referência de que alguém teria dito a alguém, ou chegou a existir alguma notícia publicada sobre isso?
Não tenho conhecimento sobre essa notícia mas, uma vez que o Sr. Dr. é a parte mais directamente envolvida nesta questão, era mais natural que tivesse conhecimento. Até pode não ter, mas era mais natural que o Sr. Dr. tivesse conhecimento desta notícia e não eu próprio.
É só este pequeno esclarecimento que lhe peço.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Sr. Deputado, essa não foi notícia pública, ou seja, foi-me confidenciada em privado, nomeadamente pelos jornalistas. São estas informações que imperam nos domínios do poder e que, depois, podem suscitar determinado tipo de reacções.
Portanto, houve jornalistas que tinham conhecimento disso, mas as notícias não foram publicadas porque os jornalistas tiveram o cuidado de não as publicar. Agora, considero gravíssimo, nomeadamente quando estão em causa questões sobre as quais incide absoluto segredo e que são absolutamente confidenciais, como a questão… É que, nessa altura, o indiano ainda não estava preso e já se dizia que eu tinha deixado fugir um perigoso terrorista que, afinal, não fugiu, foi preso pelo meu sucessor e a captura até foi publicitada, embora com algum cuidado.
A história do helicóptero também não foi publicada mas, obviamente, estas coisas são no sentido de denegrir a imagem de alguém.
Não tenho projectos pessoais, nem em termos políticos nem em termos públicos, mas não é agradável para mim que alguém diga "tenho qualquer coisa para falar consigo mas só em privado" e, depois, vir dizer-me "olhe, o que se conta…" É tal como um erro de casting… Aliás, também apareceu um erro de casting da própria Polícia Judiciária; veio lá de dentro e apareceu nos órgãos de comunicação social, na Internet, etc.