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questão, agradeci-lhe muito todo o apoio que me tinha dado e disse-lhe que esperava que ele compreendesse que o apoio que estava a dar à minha pessoa não tinha nada de pessoal, era um apoio institucional, a métodos de trabalho, uma vez que eu estava numa direcção central que estava há um ano e meio debaixo de fogo, era uma direcção central em que ninguém andava a dormir em cima dos papéis, era uma direcção central que tinha vindo para a rua prender, apreender e desmantelar - eram essas as palavras de ordem: prender, apreender e desmantelar -, tínhamos prioridades ao nível da corrupção na administração fiscal, nas forças policiais, ao nível da fraude internacional financeira, do megacrime financeiro, da fraude no futebol, da corrupção no futebol, tínhamos investigações muito delicadas em marcha, investigações desproporcionadas em relação aos meios, estávamos num ponto de viragem, estava tudo a tornar-se muito difícil e a fasquia estava muito alta.
Quis saber se ele percebia que, de facto, aquilo que estava a apoiar não era uma pessoa, eram métodos de trabalho, eram objectivos, eram linhas de orientação. Não me lembro da resposta que me deu o Sr. Director Nacional mas achei que ele estava a perceber que estaria a apoiar isso e insisti em discutirmos as estratégias definidas para a DCICCEF - eu tinha essas estratégias definidas no Relatório Anual de 2001 -, as tendências da criminalidade, as tendências da resposta, as dificuldades, os obstáculos à produção de prova, as questões da prevenção…

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Sr.ª Doutora, disse o Relatório Anual de 2001?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Sim, tenho aqui uma fotocópia de uma parte… Já agora, gostaria de entregar a tal carta que andou hoje nas televisões, em que eu pedi a demissão, se fosse possível…

O Sr. Presidente: - Já está distribuída, Sr.ª Doutora.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Quanto ao relatório, tenho aqui fotocópia do índice e mais algumas partes, pois todo o relatório é um "tijolo" de todo o tamanho e optei por trazer fotocópia de partes relevantes, mas penso que não é possível julgar o meu trabalho, falar de estatística, falar de crime económico sem ler este relatório, por muito mal que ele esteja. É o Relatório Anual de 2001/DCICCEF…

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - E é possível deixar essa parte à Comissão, Sr.ª Doutora?

A Sr. ª Dr.ª Maria José Morgado: - É sim, senhor, e está aqui um índice do relatório, por onde os Srs. Deputados poderão ver quais são os assuntos que interessam e os que não interessam.
Perguntei ao Sr. Director Nacional se, pelo menos, tinha lido o relatório - o relatório é muito grande -, ele disse-me que sim e eu fiquei descansada - fazem-se relatórios, são documentos de trabalho, para alguma coisa é - e achei que, em princípio, ele estaria esclarecido sobre as linhas de orientação e sobre os métodos de trabalho a adoptar, sobre a importância da prevenção, etc. É que havia aqui questões muito sérias ao nível da prevenção, não só da investigação criminal… Havia medidas… A DCICCEF estava em restruturação, agora, pelos vistos, está outra vez em restruturação, é outra restruturação.
Nesse dia, o Sr. Director Nacional só me disse que estava preocupado acerca de por que é que… Ou seja, a crítica que me tinha sido feita pela Sr.ª Ministra era de "excesso de visibilidade". Ora, o excesso de visibilidade, no dizer dele, não representava nenhum motivo sério para afastar ninguém e, como tal, ele queria saber o que é que se passava naquela casa que suscitasse tamanha oposição. Aliás, pareceu-me preocupado comigo, disse-me até que a Dr.ª Celeste e o Dr. Portas tinham um medo horroroso de mim… Não sei porquê…

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - O Sr. Director Nacional disse-lhe isso?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Sim! Disse-me, disse-me, disse-me! "Têm medo de si, têm medo de si". Respondi-lhe: "Não sei porquê, tenho 51 anos, acho que sou uma pessoa que tenho dado provas de sensatez e…". Enfim, isto é uma conversa! Isto é uma conversa mas já que as coisas chegam a este ponto…

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Mas foi a Sr.ª Ministra que lhe disse isso?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Diga, Sr. Deputado…

O Sr. Presidente: - Peço que não haja interrupções, porque, depois, não fica gravado e os Srs. Deputados já sabem disso.
A Sr.ª Doutora não leve a mal mas, em termos de gravação das actas, este tipo de interrupções não fica registado.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Está bem, não há problema. Até é bom, até é bom!
Sim, o Sr. Director Nacional disse-me isso. Espero que o Sr. Doutor também não seja uma dessas pessoas, não é?!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - V. Ex.ª saberá melhor do que ninguém, V. Ex.ª sabe tudo.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Não sei, não. Não sei, não, mas não vale a pena haver nervosismo por causa dessas coisas, porque parece-me perfeitamente supérfluo e o que eu gostaria de discutir aqui são questões sérias, de estratégia de combate ao crime económico, porque é que o crime económico é prioritário no crime organizado internacional.
Mas o que é certo é que sou levada para estes campos não por minha iniciativa mas pelos acontecimentos, não por minha vontade mas por vontade alheia. E isto é importante só por isto: porque o Sr. Director Nacional diz-me que essas pessoas têm medo de mim ou ele acha que têm medo de mim ou ele achava que era bom convencer-me de que essas pessoas tinham medo de mim, mas não sei. Isso não me impressionou! Sou magistrada, tenho provas dadas no tribunal, os últimos recursos que fiz, no Tribunal da Boa Hora, foram em nome da defesa, em nome dos interesses da defesa. Portanto, não sou uma aventureira, não sou uma guerrilheira e não dei importância a essa afirmação nem me perturbou minimamente.
O que é certo é que o Sr. Director Nacional me disse que era preciso reforçar a estrutura da DCICCEF, em termos de não se pensar que a cabeça ali era eu mas que aquilo tinha uma cabeça própria e que, mesmo que eu me