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isso teria a ver com o chamado processo das finanças, que era na altura uma questão recente.
O segundo aspecto tem a ver com o seguinte: o Dr. Adelino Salvado terá dito que a Sr.ª Ministra não estaria interessada na manutenção da Dr.ª Maria José Morgado na equipa e que aquela, como disse há pouco, iria fazer um contacto com o Sr. Procurador-Geral da República no sentido de encontrar uma colocação compatível com o seu estatuto profissional no Ministério Público. Gostaria de confirmar este aspecto.
Tendo em conta que se tratam de matérias demasiado importantes, que envolvem uma alta personalidade do Estado, o Dr. Souto Moura, que todos respeitamos, pessoalmente e pelas elevadas funções que desempenha, gostaria de saber se há alguma indicação de que a Sr.ª Ministra da Justiça tenha feito diligências no sentido de, por um lado, encontrar uma colocação compatível e de, por outro, em consequência disso, não permanecer em funções na Polícia Judiciária.
Finalmente, manifestou aqui, na parte final da sua intervenção, uma grande preocupação do Director Nacional e, por outro lado, um grande desinteresse relativamente ao chamado processo das finanças.
No chamado processo das finanças, pelo que recentemente vi na comunicação social, foram confirmadas situações de prisão preventiva, tendo um número elevado de arguidos, e vi numa entrevista sua, julgo que ao Expresso, referência relativamente a este processo, e a processos nesta área, que só com arrependidos é que é possível aqui obter ou constituir prova sólida em julgamento.
Tem consciência, neste processo, por um lado, que haja uma estratégia de desqualificação da prova e de invalidação desta possibilidade de constituir arrependidos viáveis, disponíveis, e, por outro lado, que estejam aqui a ser ofendidos interesses quer de altos dirigentes da estrutura da administração fiscal quer de - segundo falou - intermediários, angariadores, advogados, tendo com eles relações?
O Relatório de 2001 foi referido. Mesmo se não podemos ter acesso ao tal "tijolo", pelo menos que, para já, se tenha acesso aos tais elementos. Isso era certamente importante para o nosso conhecimento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Dr. Maria José Morgado.

A Sr.ª Dr. Maria José Morgado: - O contacto foi na véspera, no dia 23, à noite, às 9, 10 horas da noite. Refiro-me ao tal contacto do Dr. Adelino Salvado comigo, na véspera da tomada de posse, no dia 23 à noite.
Soube depois que tinha havido diligências do Dr. Adelino Salvado junto do Dr. Rui do Carmo, Subdirector do CEJ, no sentido de ocupar o meu lugar, e muito dignamente o Dr. Rui do Carmo não aceitou.
Soube junto dos meus colegas. Na Relação toda a gente sabia e isto foi espalhado pelo próprio Dr. Adelino Salvado, que dizia que não sabia o que havia de fazer com a Maria José porque a Ministra não a queria.. Isto é o que corre nos corredores da Relação! Era isto!....
Isto é depoimento indirecto, porque o Dr. Adelino Salvado disse-me a mesma coisa, que havia oposição da Ministra em relação a mim...

O Sr. Eduardo Cabrita (PS): - Sr. Dr.ª, por depoimento indirecto - e não o referi porque é demasiado grave -, há referência às diligências junto do Sr. Procurador-Geral da República. Tem alguma indicação dessas diligências?

A Sr.ª Dr. Maria José Morgado: - Não tenho...

O Sr. Presidente: - Peço desculpa, Sr. Deputado, mas há 21 Deputados nesta Comissão, a reunião já vai em mais de uma hora e meia e ainda só falou um Sr. Deputado.
Portanto, peço atenção, porque se não vou ter de começar a disciplinar de maneira diferente os trabalhos, sob pena de ser completamente impossível aos Srs. Deputados participarem no debate.
Isto não é admissível e, portanto, peço à Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado para responder e aos Srs. Deputados para não tomarem a iniciativa de falarem sem eu lhes dar a palavra.

A Sr.ª Dr. Maria José Morgado: - O contacto foi na véspera e os rumores que corriam, ou melhor, já não lhes chamo rumores mas um facto notório. Toda a Lisboa sabia, apareceu na comunicação social e nunca foi desmentido pelo Dr. Adelino Salvado.
Eu esperava, quando foi da 1.ª Comissão, que o Dr. Adelino Salvado assumisse esse facto. Sinceramente, esperava. Talvez tenha sido a minha última ingenuidade, mas esperava, porque fiz, na 1.ª Comissão, uma abordagem genérica do meu pedido de demissão e, neste momento, estou a concretizar os factos e as circunstâncias em que ela ocorreu.
O desagrado da Sr.ª Ministra em relação a mim tinha a ver com uma acusação de excesso de visibilidade. Acho que é excesso de resultados, não excesso de visibilidade; é a visibilidade que dá o combate à corrupção.
Esse desagrado que ela manifestou em relação ao Dr. Bonina é depoimento indirecto, não era por causa do processo das finanças - atenção, quero corrigir essa afirmação, não fui eu que a fiz, essa é uma interpretação das minhas afirmações -, era por causa de uma intervenção que eu tive na TSF. Ainda não se sabia quem era o director nacional e perguntaram-me se eu estava disposta a continuar na Polícia; eu disse que os operacionais, os homens e mulheres da DCICEF, estavam dispostos a continuar a combater a corrupção fosse quem fosse que viesse a assumir essa direcção.
Estas minhas palavras deixaram a Sr.ª Ministra da Justiça muito desagradada e ela transmitiu esse desagrado ao Dr. Bonina. Achava que havia excesso de visibilidade da minha parte! Mas era a propósito daquilo que ela chamou entrevista na TSF, que não foi uma entrevista mas umas meras palavras. Portanto, quero corrigir isso.
Em relação ao Sr. Procurador-Geral da República, sei o que o Dr. Adelino Salvado me disse. Porventura, o Sr. Procurador-Geral da República melhor do que ninguém saberá explicar o que se passou.
Em relação ao processo das finanças, é verdade que estávamos a trabalhar uma hipótese de arrependidos, a concretizar-se em Setembro, no meu regresso de férias.
A questão dos arrependidos ou dos agentes colaboradores, ou como lhes queiram chamar, tem um quadro legal previsto, mas o quadro legal não faz milagres, pois é preciso haver confiança nas instituições e em quem está a trabalhar naquele momento. É uma matéria que precisa de alguém que lidere o processo e faça a ligação entre a Polícia e o Ministério Público e com o próprio colaborador. Tive situações dessas, em que tem de se falar com o colaborador, tem de se expor quais são as suas obrigações, qual é o seu estatuto no processo, saber se a pessoa está disposta ou não. Portanto, é preciso alguma sensibilidade e algum treino, algum empenho nesta matéria.