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II SÉRIE-D — NÚMERO 23

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funcionamento do Estado de direito, todos eles valores europeus, acrescentando a necessidade de promover o

multilateralismo e intensificar a cooperação com os países africanos, por um futuro melhor.

Sessão I: Apoiar a Ucrânia contra a agressão russa

Mark Demesmaeker, Presidente da Comissão dos Assuntos Transversais do Senado belga, moderador da

sessão, recordou algumas questões práticas da organização dos trabalhos e do período de debate. A título

introdutório, relembrou que fora há 10 anos que a Rússia iniciara a agressão à Ucrânia, na Crimeia e Donbass,

e há 2 anos que expandiu a invasão a toda a Ucrânia. Nesse contexto, referiu que, após 2 anos de guerra aberta,

existia algum sentimento de fadiga: a Ucrânia estava exausta, mas permanecia tão decidida como sempre na

defesa contra a agressão russa, determinada em libertar toda a sua população e território – não tinha alternativa,

apesar das dificuldades sentidas no campo de batalha, a nível económico e na satisfação das necessidades

básicas da população.

Hadja Lahbib, Ministra dos Negócios Estrangeiros, dos Assuntos Europeus e do Comércio Externo e das

Instituições Culturais Federais da Bélgica, começou por salientar a urgência e a importância dos assuntos que

iriam ser discutidos na Conferência, em torno dos valores da resiliência, da autonomia e da liberdade. Disse ser

crucial recordar que a guerra, a violência na Ucrânia afetava diariamente milhões de ucranianos, homens,

mulheres e crianças, de quem retirava uma lição de resiliência e adaptação, bem como a vontade de permanecer

ao lado da Ucrânia até à vitória. Reiterou que a UE se maninha firme e unida no apoio à Ucrânia, e que essa

era uma prioridade da Política Comum de Segurança e Defesa europeia, realidade que a Rússia queria negar

através da manipulação da informação e da infiltração nos centros de decisão, com o objetivo claro de dividir,

desinformar e criar a discórdia entre os europeus, socorrendo-se igualmente de uma retórica nuclear

irresponsável. Moscovo – acrescentou – queria fazer crer que era mais razoável abandonar os ucranianos na

sua tragédia, às mãos da política expansionista e revisionista da Rússia. Insistiu que a Ucrânia nunca precisou

tanto da solidariedade, do apoio e do envolvimento da UE e que a vitória da Rússia colocaria em risco os valores

europeus e a segurança da Europa, razão pela qual apelou a que se socorresse, hoje e já, a Ucrânia, através

de apoio financeiro e militar eficaz, previsível e a longo prazo. Lembrou que todas as guerras acabam numa

mesa de negociações; contudo, reconheceu que a Rússia não tem cedido às reivindicações ucranianas e tem

adotado uma posição de força, afastando as aspirações a uma paz durável e justa. Concluiu dizendo que a

derrota da Ucrânia era a derrota da Europa, porque estava em causa a defesa dos valores e ideais europeus.

Ivanna Klympush-Tsyntsadze, Presidente da Comissão para a Integração da Ucrânia na União Europeia,

expressou a sua gratidão pela inclusão na Conferência desse tema existencial para a Ucrânia e para toda a

União. Contrapôs que a Ucrânia entrava no décimo primeiro ano de guerra e não no terceiro ano de guerra e

leu o testemunho escrito de um ucraniano sobre a guerra, dando conta da situação dramática vivida na frente

de batalha, onde faltavam munições, equipamento e armas, pondo em causa a vida de militares e civis. Essa

era a realidade vivida diariamente na Europa, enfatizou, clarificando ser enganadora a ideia de que existia um

certo nível de segurança na Europa. Defendeu que a questão que se punha não era a de apoiar a Ucrânia, mas,

sim, a de apoiar e defender toda a Europa. Para quem defendia uma solução negociada, recordou que Moscovo

violou todos os acordos celebrados, quer com a Ucrânia, quer com a NATO, quer com a UE. Para sobreviver,

os ucranianos tinham de continuar a lutar – declarou-, adiantando que não havia país capaz de resistir sozinho

ao poder e à pressão da Rússia e dos seus parceiros, como o Irão ou a Coreia do Norte, daí a importância do

apoio da UE e da NATO à Ucrânia. Criticou a «narrativa conservadora» que via essa guerra como a guerra na

Ucrânia e apontou a ambiguidade do discurso de Putin, apelando a uma igual ambiguidade europeia, em vez

da habitual transparência e nobreza. Considerou que a Rússia estava já a travar a terceira guerra mundial, não

só na Ucrânia como na Síria e em África, recorrendo a outros meios que não apenas os militares, como a

desinformação e a subversão. Insistiu que a resposta da Europa tinha de ser mais forte e mais de acordo com

as regras do ataque russo, traduzida na ocupação de territórios, na morte e tortura de cidadãos e no rapto

crianças. Tal justificava uma reação legítima contra a Federação Russa – e o que mais experienciar para

compreender que essa era uma guerra comum e que era necessária uma vitória comum, questionou. Repetiu

que a maior ajuda humanitária à Ucrânia era o fornecimento de armas, dizendo estar agradecida pela ajuda

prestada até ao momento, mas que era altura de o fazer em maior quantidade e qualidade para parar a Rússia.