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20 DE MARÇO DE 2025

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A Sr.ª Deputada Anne Pirson (Bélgica) referiu que não tinham quotas no Parlamento, apenas regras na

composição das listas, referindo que tinham uma representação de 43 % de mulheres no Parlamento. Aludiu a

um aditamento constitucional que permitiu a evolução e notou que as mulheres vinham sempre em segundo

na política. Mencionou a representação feminina na composição das comissões, os tópicos abordados e a

importância de os parlamentos serem sensíveis ao género. Afirmou a necessidade de mulheres e homens

trabalharem em conjunto para mudar culturas.

As Deputadas marroquinas constataram que existiram progressos e que as quotas garantiam a presença

das mulheres no Parlamento, mas que tal deveria ser uma fase transicional. Aludiram ao trabalho árduo das

mulheres para impor uma nova cultura, afirmando que as mulheres se deviam atrever a apresentar-se, mas

indagando, por outro lado, se teriam espaço para tal. Constataram que havia a lei, mas questionaram se tal se

refletia na realidade, indagando sobre como corrigir o gap entre a teoria e a prática. Consideraram que havia

muito trabalho a fazer, no sentido de acompanhar as mulheres, de as formar, de lhes dar espaço e voz, dando

condições às mulheres em vez de as fazer acumular. Uma delas recordou que, quando quis votar, o seu pai

questionou «porquê?», notando que não fazia essa pergunta aos seus irmãos homens. Frisou que os direitos

das mulheres não eram dados, tinham de ser conquistados. Salientou a importância da partilha de

experiências, notando que cada mulher que se sentava em torno daquela mesa vivera uma vida longa de luta,

pessoal e profissional, que vinham de contextos diferentes, mas tinham de ficar juntas e trabalhar para

ultrapassar as barreiras.

II Sessão temática: A diplomacia feminista

A segunda sessão temática centrou-se na presença das mulheres na diplomacia parlamentar, destacando

a importância da diplomacia feminista como uma contribuição adicional para a diplomacia parlamentar e oficial.

Foi sublinhado que a diplomacia feminista constituía uma alavanca para a defesa de causas relacionadas com

as mulheres no campo diplomático.

As intervenções destacaram o papel da diplomacia feminista na consecução da paridade e na promoção do

acesso das mulheres a cargos de tomada de decisão na diplomacia, ao mesmo tempo que enfatizaram os

esforços das associações de mulheres para alcançar o princípio da paridade no quadro da diplomacia

paralela.

As participantes também apelaram à reflexão coletiva sobre iniciativas destinadas a reforçar a diplomacia

feminista e a integrar ainda mais a abordagem de género, incentivando ao mesmo tempo o intercâmbio de

conhecimentos especializados e de boas práticas entre instituições legislativas parceiras.

A Sr.ª Deputada Emília Cerqueira (PSD) foi convidada a moderar este painel, tendo dado início à

sessão, nos seguintes termos:

«Foi muito interessante esta primeira discussão. Agora vamos falar de algo sobre o qual falamos pela

primeira vez: a diplomacia feminista. Falamos sempre da política, das leis, tudo o que acontece nos nossos

países, mas não falamos de diplomacia. Em Portugal a carreira diplomática é profissional, não é política.

Os nossos diplomatas concorrem para a carreira diplomática, homens e mulheres. Até 1974, era um

mundo, depois de 1974, as regras mudaram. Temos uma embaixadora que tem 72 anos, que diz que ter

filhos e família é outra motivação para a diplomacia, mas a política e a diplomacia são mundos ainda muito

masculinos. Vou lançar como discussão o tema de, nos países em guerra, em conflito, serem sempre a

mulher e os filhos as primeiras vítimas. A questão que coloco é se a diplomacia também pensa em termos

de género? Em termos das mulheres, dos filhos, os mais vulneráveis? No nosso Parlamento, que é um

palácio do Século VI, existe creche para crianças, filhos dos funcionários e dos políticos. É uma solução.

Têm licença de parentalidade. Essa soft diplomacia é fundamental, especialmente se pensada para

mulheres e filhos, que são as principais vítimas dos conflitos e das desigualdades também. Abro, então, a

discussão.»