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Esta questão, como o Sr. Ministro entenderá, tem sido uma questão que nos tem preocupado desde a avaliação que foi feita em 1997, o que até permitiu que, em anos anteriores, tivéssemos apresentado algumas iniciativas no sentido de melhorar as verbas consignadas em Orçamento do Estado para garantir o melhor funcionamento dos laboratórios do Estado. Partindo do pressuposto que estas instituições são também fundamentais a uma linha determinante de estruturação daquilo que será a investigação nacional na área da ciência e tecnologia, para nós, é evidente que, tendo já havido algum reforço em 2000 e havendo novamente algum reforço no ano de 2001, esse reforço não parece ter em atenção a globalidade do orçamento da ciência e da tecnologia e os aumentos em diversas rubricas não nos parecem poder corresponder àquilo que são as necessidades destes laboratórios.
Concretamente, passo a referir dois exemplos. Há bem pouco tempo, recebemos investigadores do Instituto Tecnológico e Nuclear que colocaram aos Deputados da Comissão um conjunto muito grande de preocupações, algumas de natureza mais administrativa, que têm a ver com uma total impossibilidade de concretizar um diálogo com o Ministério da Ciência e da Tecnologia, que consideravam indispensável e que permitiria resolver algumas questões mas que não têm conseguido operacionalizar, e outras que se prendem com o mau funcionamento e com algumas dificuldades de natureza orçamental que impedem a operacionalização de projectos que consideram fundamentais para a sua realização como instituto de investigação fundamental para o Estado.
Relativamente ao Instituto de Investigação Científica e Tropical, a situação parece-nos ainda mais problemática.
Quanto a estas duas situações, fiz dois requerimentos ao Ministério, sendo que o relativo ao Instituto Tecnológico e Nuclear não foi ainda respondido mas o outro já foi. A resposta que nos foi dada é tão-só a confirmação dos problemas que este laboratório vive. Trata-se de problemas que vão desde os aspectos mais comezinhos, como o não ser possível responder a uma situação de incêndio no próprio laboratório, o que pode pôr em causa um património único no País, a problemas que têm a ver com as próprias instalações.
A resposta que recebi do Ministério é a confirmação de todos estes problemas e a indicação de que serão feitas obras, pelo que, a curto ou a médio prazo, eles serão resolvidos.
Olhando para os montantes apresentados no orçamento do Ministério da Ciência e da Tecnologia, não nos parecem visíveis verbas que possam responder a estas situações, e também em termos daquele que será o apoio à dinamização, as verbas propostas também não parecem ter aumentado o suficiente, tendo em atenção as leituras conclusivas do próprio diagnóstico feito em 1997.
Gostaríamos, pois, que o Sr. Ministro se referisse a esta matéria. Se, de facto, resultar daqui que o diagnóstico feito neste momento permite que estas tão reduzidas verbas resolvam as situações, óptimo! Se esta não é a questão ou se estas verbas estão numa outra rubrica que não a dos Laboratórios, também gostaria que o Sr. Ministro se debruçasse sobre esta matéria.
Estarão incluídas naquela que nos parece ser uma verba, essa, sim, faustosa para a chamada Fundação para a Ciência e Tecnologia, uma rubrica que arrecada quase 90% do "bolo" global do Ministério da Ciência e da Tecnologia? Num orçamento global de investimento que ronda os 56 milhões de contos, esta Fundação arrecada mais de 49 milhões de contos. Será que está tudo aqui? É esta a grande aposta do Ministério da Ciência e da Tecnologia? A Fundação para a Ciência e Tecnologia é um pouco o funil que determina o funcionamento de toda a ciência e tecnologia do País? Não era esta a leitura que nós fazíamos da ciência e tecnologia e gostaríamos, pois, que o Sr. Ministro se referisse também a esta questão.
Um outro aspecto, que terá, naturalmente, a sua justificação mas que gostaríamos que o Sr. Ministro explicitasse, tem a ver com a transferência que aparece no PIDDAC de verbas para o exterior. Concretamente, no mapa da despesa, aparece uma transferência de verba para o exterior, sob a rubrica "Outras", que ronda os 4 milhões de contos. Também gostaríamos que o Sr. Ministro nos dissesse que transferências são estas, se isto se prende com outras rubricas de cooperação internacional existentes e, se aparecem rubricas de cooperação internacional, por que é que aparece aqui uma rubrica chamada "Transferências". Se ela não é determinada por essa mesma cooperação, tem uma outra vertente? E como é que se justifica?
Para já, é tudo, Sr. Ministro.

O Sr. Presidente (José Penedos): - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, parece haver, pelo menos em todas as reuniões da Comissão a que tenho assistido, um certo consenso, não uma coligação negativa mas uma coligação positiva, sobre a política da ciência e tecnologia que tem vindo a ser prosseguida neste seu consulado.
Não sou muito adepto da opinião, como, ainda hoje, há muitas pessoas que a sustentam, de que a ciência e a educação deveriam estar no mesmo megaministério. Penso que esta experiência falhou e a que experiência actual está a provar-se benéfica.
Mas há algo que, como professor e com o que vejo todos os dias na universidade, me inquieta imenso. É a preocupação do Governo, que é boa e sadia, de dotar as universidades e as escolas, em todos os escalões, de informatização, de aparelhos, das novas "avenidas" tecnológicas poder contribuir para excluir cada vez mais o saber clássico, porque a vontade de toda a gente, dos pais, das famílias, dos filhos, dos jovens, etc., de se aperfeiçoar na arte do computar e de se aperfeiçoar cada vez mais nesta técnica - até já há viciados na Internet -, pode afastar os jovens e as escolas de fazer um verdadeiro investimento na nossa cultura clássica e humanista.
Por exemplo, as pessoas já não sabem a tabuada, porque basta a máquina de calcular. Os próprios professores do ensino primário recomendam aos alunos para levarem a máquina de calcular. As crianças não sabem fazer contas de somar, de subtrair, de dividir, etc., porque têm a máquina no bolso. Isto é uma desgraça porque, sem saber somar, subtrair, multiplicar e dividir, as chamadas quatro operações essenciais, o que será a nossa juventude?
Sucede que cada vez mais as pessoas chegam à universidade - e digo isto com particular autoridade