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alguém o fizer, será muito fácil de disponibilizar para todos os investigadores do mundo, por causa dos computadores.
Creio que, no momento preciso em que as políticas científicas e tecnológicas têm de se abrir - e no caso português abriram-se muito cedo - à junção com as políticas para a sociedade de informação, ao mesmo tempo, as políticas científicas têm de dedicar um enorme esforço ao desenvolvimento científico stricto sensu, designadamente ao apoio à investigação fundamental e ao apoio às ciências humanas. Não é possível dar mensagens erradas à sociedade, nesta matéria, designadamente à novas gerações.
As ciências sociais e humanas são absolutamente essenciais, e cada vez mais, numa sociedade de informação e numa sociedade que está atravessada por problemas que precisam de debate público, que só pode ser informado através da linguagem natural.
Também fui, durante muitos anos, como o Sr. Professor sabe, professor dos primeiros anos, e, passada a fase de me deixar impressionar por esta variabilidade da cultura geral que encontramos nos nosso jovens, penso que devemos superar essa dificuldade, que também é uma dificuldade nossa, de percepção, porque cada um de nós, na sua história, frequentou um ensino que cobria uma pequeníssima percentagem da população portuguesa. Hoje em dia, vejo, com alegria, que centenas de milhares de jovens que vêm de meios sociais de baixíssimos níveis de escolaridade, que, obviamente, se têm de reflectir de alguma forma na sua cultura geral, conseguem aceder a condições de auto-aprendizagem e de recuperação desse atraso secular da sociedade portuguesa. E devemos encarar isto, julgo eu, com enorme optimismo.
A coordenação das políticas de educação e das políticas de ciência, e eu diria também das políticas culturais, é absolutamente essencial nesta matéria. Mas também devo dizer-lhe que, mais uma vez, aqui, as políticas integradas para a sociedade de informação contribuem para essa coordenação. Aquilo a que hoje se chama "as políticas de promoção de conteúdos" não é mais do que "as políticas de promoção da produção", da produção artística, da produção científica, da produção cultural. Isso é que são, na linguagem tecnocrática das tecnologias de informação, os conteúdos. Mas nós sempre reconhecemos isso sob o nome de produção artística, produção científica, produção literária, etc. É, portanto, a verdadeira "produção do saber" que está em causa, porque sem isso não há nada para transmitir nem para, como hoje se diz, consumir.
Gostaria de agradecer, mais uma vez, a todos os Srs. Deputados, ficando à disposição para novas perguntas que queiram fazer-me.

O Sr. Presidente (José Penedos): - Srs. Deputados, temos muitos oradores inscritos e eu recomendaria que atendessem ao tempo, não por minha causa mas porque temos outra audição às 15 horas. Pela minha parte, estou disponível para não almoçarmos, mas os Srs. Deputados têm de levar isso em conta.
Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Duarte.

O Sr. Pedro Duarte (PSD): - Sr. Presidente, tentarei ser o mais breve e sintético possível.
Começo por cumprimentar e saudar o Sr. Ministro e refiro que, naturalmente, para o Partido Social Democrata, tudo quanto seja aposta na ciência e na tecnologia é aposta no futuro e no desenvolvimento da própria comunidade, já para não dizer da humanidade, e, portanto, sentimo-nos naturalmente sintonizados com essa mesma aposta.
Queria, contudo, levantar questões muito concretas que se prendem com algo que tem a ver, naturalmente, com o orçamento para a ciência e para a tecnologia que estamos a discutir, que já extravasou, desde algum tempo, um orçamento dirigido para um grupo específico, para uma classe específica, para uma elite, se quisermos, académica ou científica.
Hoje em dia, felizmente, penso eu, fruto daquilo que são as novas tecnologias ou as tecnologias de informação, aquilo de que se discute quando se fala de ciência e de tecnologia tem muito a ver com toda a sociedade, ou deverá, pelo menos, ter a ver com toda a sociedade.
Sou daqueles que estou convencido que, nesta matéria - se calhar, felizmente -, o que se tem verificado é que o Estado tem estado sempre atrasado face àquilo que são as próprias forças vivas da sociedade e aquilo que é o cidadão em si, em muitos casos. Tem assim acontecido e estou também convencido que, provavelmente, sempre assim acontecerá. Contudo, julgo que ao Estado e, concretamente, neste caso, ao Ministério da Ciência e da Tecnologia, ainda compete fazer alguma coisa.
Até pelo tempo curto que pretendo gastar, vou dirigir-me a quatro objectivos essenciais, que, julgo, devem ser preocupação essencial do Ministério e sobre os quais, de alguma maneira, gostaria de ouvir a opinião do Sr. Ministro, porque me parece que, neste Orçamento, poderão ter sido descurados.
A primeira questão, que já aqui foi referida e, portanto, não vou perder muito tempo com ela, tem a ver com aquilo que é a própria formação, com aquilo que é escola, com aquilo que, muito concretamente, são os planos curriculares no que diz respeito às novas tecnologias, à informatização.
O Sr. Ministro disse, há pouco, que a reforma curricular do ensino básico e secundário prevê isso mesmo. Aliás, antes de mais nada, registo que utilizou a expressão "reforma", coisa que o Sr. Ministro de Educação sempre gosta de negar, Mas nós também consideramos que isto é uma reforma curricular.

O Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia: - É que eu tenho a possibilidade de utilizar uma linguagem imprópria, nessa matéria, Sr. Deputado.

O Orador: - Ficamos todos contentes, Sr. Ministro. Nós também, no Partido Social Democrata, e, portanto, usamos sempre a expressão reforma, pois consideramos que é uma reforma.
Contudo, confesso-lhe que estou francamente céptico face àquilo que é a introdução destas matérias nos curricula do ensino básico e secundário, até porque me parece que este é o meio mais eficaz, através da escola, de combater a tal infoexclusão de que aqui se falava, combater a desigualdade e, até, se calhar, a discriminação que, por vezes, vai existindo a este nível, isto apesar de o Sr. Ministro ter referido - e eu concordo plenamente - que a auto-aprendizagem numa área como esta é essencial e que há muitos outros veículos além da escola. Portanto, quanto a este ponto, apresento-lhe o meu cepticismo.