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porque sou professor do 1.º ano há 20 anos, e gosto de o ser - com uma falta total de leituras obrigatórias, sem conhecer Júlio Dinis, Eça de Queiroz… E não sei porquê, pois, no ensino secundário, as provas de português até são exigentes! Sabemos isso, pois elas são publicadas e vemos as notas, etc.. Mas depois aparecem, diante de nós, todos os anos, centenas de alunos e o grau de cultura geral é absolutamente mais do que medíocre, tirando uma pequena elite de alunos que sabem.
Sei que isto não é do pelouro do Sr. Ministro e o Sr. Presidente também pode dizer que estamos aqui a discutir o Orçamento na especialidade e não é este o assunto de que estamos a tratar, mas não se pode deixar de falar disto, pois são poucas as ocasiões que temos, e não é apenas por hoje ter saído o artigo tradicional sobre a má política que o Governo faz em todos os sectores. Não é por causa disso e não deixa de ter alguma razão… Calhou-lhe uma terça-feira, mas, enfim… O petróleo está para o automóvel como a sociedade da informação para a sociedade de cultura em geral.
Como dizia, não haverá alguma maneira, no Conselho de Ministros ou num comité mais restrito, de coordenar as políticas da educação com as da ciência? É que, cá fora, parecem ser dois compartimentos estanques. Sei que não são, até pela sua própria formação de universitário, sendo, como é, um homem com uma cultura clássica sólida, etc. Estes investimentos, que são bons, têm de ser compaginados com a cultura clássica, e não apenas quanto a uma info-exclusão porque há uma clássico-exclusão, hoje, nas humanidades!
Sr. Ministro, peço desculpa, pois este não é o assunto que o trouxe cá, mas é um pensador e gostaria de ouvir o que pensa sobre isso.

O Sr. Presidente (José Penedos): - Para responder a esta primeira ronda de questões, tem a palavra o Sr. Ministro.

O Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia: - Sr. Presidente, se me dá licença, uma vez que estamos na discussão na especialidade, falarei sentado, para que os papéis não sofram, à vossa vista, dos efeitos da aceleração da gravidade!
A Sr.ª Deputada Luísa Vasconcelos colocou-me um conjunto de questões, das quais umas dizem mais especificamente respeito à política em matéria de desenvolvimento da sociedade da informação e outras dizem especialmente respeito à política de investigação ou de desenvolvimento da ciência em Portugal.
Uma das primeiras questões que levantou, e que é decisiva, é a da cobertura de todo o território nacional e do acesso das pessoas não só às máquinas, aos instrumentos, mas à possibilidade efectiva de os usar, e de os usar para fins úteis.
Esta é, neste momento, uma questão crítica para a disseminação das tecnologias de informação e exige, em quase todas as aplicações, a emergência de novas profissões, que poderemos caracterizar, porque já tivemos, no passado, profissões semelhantes em situações semelhantes mas com outras tecnologias, que são as profissões de mediadores.
Por exemplo, se queremos que, de uma forma sistemática, a Administração Pública, os serviços públicos ou os serviços privados estejam atrás do balcão inteiramente digitalizados e automatizados, e se queremos transmitir essa nova facilidade às pessoas, isso implica, em primeiro lugar, interfaces técnicos que sejam, como hoje se diz, o mais conviviais possíveis.
Temos o exemplo do Multibanco, que é um caso típico de sucesso em Portugal, onde a convivialidade e a simplicidade foram conseguidas ao fim de muitas tentativas. Mas, em muitos casos, isso não chega, sobretudo quando se trata de aplicações mais complexas. Por exemplo, posso dizer-lhe que, na fase experimental do programa Cidades Digitais, que decorreu até este ano, temos em curso várias experiências, uma das quais com o Ministério da Agricultura, em Trás-os-Montes, que inclui a existência, a formação e o funcionamento, em juntas de freguesia, de mediadores, que são pessoas que ajudam quem se dirige ao posto a preencher os impressos ou obtêm, por elas, informação no computador.
A existência de mediadores é absolutamente crítica para a disseminação de tecnologias de informação em toda a sociedade. Noutros casos, no que respeita à formação, esses mediadores são monitores-formadores. Por exemplo, temos, neste momento, a funcionar no País, a título experimental, vários espaços públicos digitais. Provavelmente, o mais conhecido, aqui, em Lisboa, é o do Pavilhão do Conhecimento; em Aveiro, existe aquilo a que lá se chama a "montra digital", que se encontra no centro da cidade, onde existe mais de uma dezena de computadores. Aqui, em Lisboa, são cerca de três dezenas de computadores, ligados em rede, com monitores permanentes, os quais informam e ajudam a pessoa que lá vai a obter esta ou aquela informação, apoiada pela máquina. A máquina só serve para isso, para apoiar um trabalho, não serve para fazer o trabalho, como é óbvio.
Respondendo à Sr.ª Deputada Luísa Vasconcelos, posso dizer-lhe, quanto à existência destes espaços digitais, que está prevista, neste programa e neste Orçamento, a criação de espaços digitais em todos os municípios portugueses, a qual será anunciada na próxima semana. Contamos que essa possibilidade seja aproveitada por todos os municípios, podendo, pelo nosso lado, ser aproveitada já durante o próximo ano.
Todos os municípios portugueses, mesmo que tenham os seus projectos de cidades ou regiões digitais mais atrasados, terão a possibilidade de fazer beneficiar, de imediato, a população, designadamente os mais jovens, criando espaços digitais à imagem dos que já estão a funcionar. E, neste momento, já temos experiência de como é que funcionam em Aveiro, na Marinha Grande ou em Lisboa.
Quanto à transversalidade, ela está também ligada à questão das competências básicas. Como saberá, e está inscrito nas Grandes Opções do Plano Nacional, o lançamento de um diploma nacional de competências básicas em tecnologias de informação vai ter corpo e generalizar-se, no País, durante o ano 2001, sendo que tal está previsto neste Orçamento.
Durante os últimos meses, decorreu nos Açores, com a rede de clubes informáticos dos Açores, uma experiência-piloto (que terminou há dias e está, neste momento, em fase de avaliação) sobre um currículo básico e a possibilidade de certificar pessoas que não estejam a fazer