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o não é, é necessario que se saiba. Eu não gosto das verdades occultas, porque essas não aproveitam á humanidade; a verdade deve ser clara, patente, e sabida de todos.

O sr. Avila estranhou tambem que a commissão do commercio e artes não imitasse o prudente exemplo da commissão de fazenda, transigindo com a opinião publica, que era -favoravel ao projecto do sr. Santos Monteiro. Alguma cousa direi a respeito da illustre commissão de fazenda. lista commissão reconheceu que os fundamentos do projecto do sr. Santos Monteiro não eram muito fortes, mas que a opinião publica, externa camara, acreditava nesses fundamentos e concordava no remedio; mas eu perguntarei agora como é que se manifestou essa opinião? Que importancia se lhe deve dar / Onde é que se fez essa manifestação? lin ainda não vi tal manifestação. Os jornaes que são os orgãos da opinião publica nada escreveram ainda a este respeito. Fallando com pessoas intendidas em questões economicas, fallando com as pessoas de juizo claro, vejo pelo contrario, vejo que ninguem se atreve a proclamar o facto que deu origem a este projecto, isto é, o desconto dos soberanos, como verdadeira calamidade, como crise monetaria, e muito poucos são de opinião de que o remedio proposto no projecto seja capaz de obstar áquelle desconto. Pelo que respeita ás provincias ha na verdade um grave inconveniente na difficuldade que alli se experimenta na troca das moedas, não só a prata, mas tambem a cobro; porém as causas desse mal são diversas: é o atrazo em que estamos em todos os pontos importantes da economia das nações; é a falta de estabelecimentos de credito a falta de bancos. Nas provincias, como todos sabem, aquelle que realisa uma certa porção de numerario, que não tem precisão de empregar immediatamente, guarda-o, tira-o da circulação, e este numerario assim inutil e guardado, morre por um certo espaço de tempo. S. alli existissem bancos de deposito e circulação, todo esse numerario disponivel, sendo alli depositado, entraria logo em movimento, de sorte que até nem seria necessario uma tão grande porção de melai circulante, comº aquella de que hoje carecemos.

Tambem o illustre deputado estranhou que a com. missão, reconhecendo que a sahida da prata era uma calamidade, não indicasse os meios para obviar a este mal: a isto respondo, que a commissão não foi encarregada de apresentar medida alguma para remediar ele mal, e que o mesmo sr. Avila reconheceu que a iniciativa de similhantes medidas pertencia no governo. A commissão, ou outro (piniquei membro desta casa, poderia apresentar um projecto neste sentido, mas a discussão desse projecto poderia trazer graves inconvenientes se não houvessem combinado de antemão todas as condições, tolas as circumstancias proprias a produzir um residindo seguro, e sem perturbação. Só o governo é que póde realisar este pensamento.

O principal argumento que o sr. Avila apresentou para sustentar o projecto do sr. Santos Monteiro é tirado da não offerta de prata á casa da moeda para se amoedar durante os 4 mezes que tem decorrido do presente anno; mas essa não offerta está explicada na conveniencia commercial de exportar a prata para Inglaterra, onde ella tem um preço mais elevado do que aquelle que, naquella casa, lhe é offerecido. Já disse, o ainda repito, que o augmento do imposto não obsta a essa saida; o que este faz simplesmente é mudar o caminho que ella deve seguir, porque nesse caso a prata sairá occultamente, e as Vantagens do contrabando serão muito maiores do que as que hoje offerece a exportação legal. Uma das razões porque a prata não tem corrido á casa da moeda, é porque o preço que alli se lhe dá, é muito inferior áquelle que offerece o commercio, e, ainda que se augmente o direito, conservar-se-hão as mesmas condições, porque o risco do contrabando é muito insignificante para obstar a exportação occulta. Perguntou-me s. ex.ª se eu sabia officialmente qual era o premio que resultava para este contrabando e se havia facilidade para o fazer? Direi simplesmente que são coisas que se não podem saber officialmente nem officialmente se podem dizer; essas informações podemos nós havel-as de pessoas que tem conhecimento desses negocios, e da maneira porque elles se fazem. Todos sabem que ha canaes, que ainda que sejam occultos, não são todavia-ignorados; que existem ainda que se não manifestam. Nós vemos accender, por exemplo, o gaz nos candieiros, não vemos canaes, vemos por onde elle caminha, porque não estão elles patentes, o comtudo existem, e todos sabem que existem.

Além das razões, que se tem apresentado para explicar a exportação da prata, e sobre tudo da moeda portugueza, dos crusados novos, existe ainda uma que hontem me esqueceu de mencionar; esta é a exploração do ouro que aquella prata contem. Quando mesmo a moeda de ouro era desfavorecida entre nós, e que o metal circulante que dominava era a prata, nesse mesmo tempo exportavamos nós prata, não manifestamente, mas por contrabando, e exportavamos muita: os estrangeiros vinham buscar a prata das nossas antigas baixellas, e mesmo a dos cruzados novos, e dos seus submúltiplos porque ioda ella continha ouro, que chegava muitas vezes a ½ por 100 do seu peso. Convinha neste caso lavar a prata, extrahir-lhe o ouro e tornar a introduzil-a em Portugal para a fazer novamente amoedar. Nesse tempo não havia na casa da moeda laboratorio de affinação da prata liste laboratorio existe só alli posteriormente a 1839.

A commissão reconhece os vicios do actual systema monetario, eu fui o primeiro em confessa-los, mas a commissão não podia, nem poria, apresentar os meios de os remediar: tambem não podia acceitar o projecto do sr. Santos Monteiro, por que o julga insufficiente para obter o resultado que se deseja.

N'uma das ultimas Sessões, creio que na de sabbado, quando se começou a falar sobre esta materia, disse o sr. Avila, que um dos maiores inconvenientes do estado actual, era o fazer-se o despacho da prata na alfandega á vista de todo o mundo o que atterrava os timoratos, porque lhe manifestava esta exportação. lin não acho nisso grande inconveniente; antes quero que esses despachos se façam á vista de todos, quero antes que a prata, que tem de sair, sáia publicamente, porque, se, não saír pela alfandega, não ha meio de conhecer o estado deste negocio, adormecerão todos sobre este ponto e perdendo-o de vista não é possivel seguir e acompanhar o seu movimento, e poderemos até esquecer-nos de voltar as nossas vistas, como devemos, para remediar este mal.

É necessario que haja uma porção de moeda de praia que satisfaça ás necessidade? da circulação;