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Sessão de 7 de Fevereiro de 1919 11

num crédito tam elevado parei os celeiros municipais, mas o que é facto, é que isso nenhum prejuízo representa para o Estado, visto que, como a Câmara sabe, o dinheiro cedido aos celeiros municipais, à medida que forem vendidos os cereais, vão sendo depositados imediatamente nas tesourarias da fazenda pública. Depois de várias démarches feitas por mim, e pelo governador civil de Évora, junto do Sr. Ministro dos Abastecimentos, então o Sr. Cruz Azevedo conseguimos que S. Exa. concedesse para o distrito de Évora um crédito de 500.000$. Desnecessário será dizer que êsse crédito foi ràpidamente absorvido e que a maioria dos produtores não receberam a importância dos seus cereais. Mais tarde, estando novamente com o Sr. Ministro, S. Exa. teve a gentileza de conceder os 1.800.000$ que faltavam. Passou-se mais um mês, e, como a ordem para e inteiro pagamento dêsse crédito não tinha sido dada, dirigi-me ao Sr. Ministro e S. Exa. disse que tinha de me entender com a contabilidade do Ministério do Interior. Fui à contabilidade do Ministério do Interior, e aí disseram-me que os créditos superiores á quantia de 100.000$ eram com o Ministério das Finanças. Fui ao Ministério das Finanças e nesse Ministério, depois de ouvir o chefe da respectiva repartição, foi-me respondido que o Ministério não abonava mais dinheiro ao Ministério dos Abastecimentos, porque êste lhe devia 3:000.000$.

Eu quero crer que S. Exa. tivesse muita razão, mas o facto é que sendo os produtores obrigados a entregar todos os produtos das suas colheitas, ao celeiro não recebem a importância que lhe é devida, e que não é justo.

Fui depois ao Sr. Ministro dos Abastecimentos e S. Exa. prometeu imediatamente que daria essa ordem.

S. Exa. saiu neste momento do gabinete e não pôde assim cumprir a sua promessa.

Peço, pois, ao Sr. Ministro da Marinha para pedir ao Sr. Ministro dos Abastecimentos que quanto antes dê ordem para que êsse crédito seja pago aos celeiros municipais do distrito de Évora. Refiro-me em especial ao distrito de Évora, porque é sem dúvida êsse distrito o mais necessitado. Basta dizer que a maioria dos produtores é constituída por seareiros que vivem exclusivamente das searas. Quando chega a época das colheitas vendem os seus géneros e com o dinheiro que recebem é que satisfazem os seus compromissos e vão fazendo face às suas despesas.

Sr. Presidente, sei dalguns produtores a quem esta falta de pagamento tem causado gravíssimos prejuízos, tendo até mesmo a alguns já sido protestadas letras.

O Sr. Ministro da Marinha (Tito de Morais): - Transmitirei ao meu colega as considerações do Sr. Deputado, êle certamente dará as providências necessárias.

O Orador: - Quero ainda referir-me a outro ponto e para isso tenho de fazer uma declaração e é a de que sou republicano, ruas republicano absolutamente sidonista e que muito me surpreende o aspecto que a política portuguesa vai tomando.

Entendo que neste momento é necessária a união da família portuguesa.

Para que essa união se faça é necessário que haja o respeito mútuo pelas ideas e credos de todos.

Eu, como respeito os dos outros, exijo que respeitem o meu, que é o culto e a veneração pela memória do grande e saudoso Presidente Dr. Sidónio Pais. (Apoiados).

Sr. Presidente: falo neste assunto porque os retratos do grande morto que estavam expostos em vários estabelecimentos desapareceram como que por encanto e se em algum aparece em exposição é êsse estabelecimento assaltado e o retrato espesinhado e queimado, parecendo ser um crime possuir o retrato do que foi o maior homem da política portuguesa, pois que outro maior não conheço na nossa história.

As cozinhas 5 de Dezembro, essa grande obra que só por si bastaria para o imortalizar, são assaltadas e até hoje, que me conste, o Govêrno não tomou providências algumas para castigar os criminosos.

Assim não se poderá conseguir essa decantada união.

No distrito de Évora quási que a única