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Sessão de 7 de Fevereiro de 1919 13

a defesa da República, é justo que a Espanha se envie uma missão, composta de jornalistas ou homens de letras, republicanos, que restabeleça a verdade, só com a verdade, porque nós, republicanos, não pretendemos que lá fora se levantem aleives proferidos por nós, deixando isso aos revoltosos monárquicos, que só da mentira e da traição têm vivido.

Há ainda um outro assunto a que me desejo referir.

Pela linha divisionária do norte, na Galiza, estão entrando e saindo livremente revolucionários monárquicos, ninguém sabendo quem passa os seus passaportes, nem como podem transpor a fronteira sem que da parte das autoridades espanholas lhes seja levantado qualquer entrave.

Pelos jornais de hoje vejo que o Sr. Presidente do Govêrno Espanhol disse no Parlamento que tinha dado ordens terminantes para que as autoridades galegas não permitissem tais abusos, tendo dito também o Sr. Conde de Romanones que as únicas instituições vigentes em Portugal são as republicanas, sendo o Govêrno republicano o único que S. Exa. reconhece.

Sendo assim, Sr. Presidente, ou há cumplicidade por parte das autoridades espanholas, não cumprindo as ordens do Sr. Conde de Romanones, ou um poder oculto que anula a acção e livre vontade dessas autoridades.

Para êstes factos peço a atenção do Sr. Presidente do Ministério, a fim de que S. Exa. por sua vez, para êles chame a atenção do Govêrno Espanhol.

Também - e permita-me V. Exa. que eu fale sôbre diversos assuntos para não ter de voltar a pedir a palavra - desejo aludir às referências ultimamente feitas em diversos jornais sôbre a atitude dos alunos da Escola de Guerra.

Diz-se que unicamente quarenta e tantos alunos daquela escola se apresentaram a defender a República e que todos os outros ou foram licenciados, ou foram colocados em comissões tais que representam verdadeiras benesses.

Não compreendo, nem admito, que o exército pertença a qualquer partido, ou facção política.

Deve, porém, ser republicano, e só republicano.

Deve respeitar e defender, sem hesitações, a bandeira verde-rubra, e o seu ideal deve ser a Pátria e a República.

Nada mais.

Se é verdade o que os jornais referem-se na Escola de Guerra se deram casos que poderei classificar de neutralidade, para não lhes chamar cousa pior, é indispensável que tais manifestações sejam esmagadas à nascença.

Não se admite que êstes indivíduos iniciem a sua vida militar com manifestações de desagrado à República.

Ou é verdadeiro o que se diz, e então o Govêrno deve tornar enérgicas providências, ou não passa duma fantasia e o Govêrno fará o necessário desmentido para que o país saiba o que se passou.

É indispensável que o país seja informado sôbre a veracidade do que os jornais afirmam.

Sr. Presidente: desejava ainda referir-me às comunicações com o norte do país; preferiria porém abordar êsse assunto em presença dos Srs. Ministro da Guerra e Ministro do Comércio, por cujas pastas êsses serviços correm, mas S. Exas. não estão presentes, e o Sr. Ministro da Marinha, que assiste à sessão, fará o obséquio de comunicar aos seus colegas as minhas considerações.

Ao norte do Douro há ainda um distrito e parte doutro, em poder das forças monárquicas, refiro-me ao distrito de Bragança e parte do distrito de Vila Rial; as comunicações com êstes distritos, tanto postais como telegráficas, fazem-se pela via Pôrto; por consequência aqueles distritos estão actualmente isolados de Lisboa e desconhecem o que aqui se passa.

Não é conveniente que as autoridades estejam por muito tempo recebendo só as notícias falsas que os monárquicos ali espalham, porque assim essas autoridades têm de despender maior esfôrço e energia para conter quaisquer monárquicos que lá existam e outras pode haver que, sentindo-se desamparadas e sem auxílio, abandonem os seus postos.

Acho necessário e mesmo indispensável que o Govêrno, aproveitando a linha da Beira Alta, faça êste serviço com automóveis que levem àquele ponto, não digo já a correspondência particular, mas a correspondência oficial e os jornais, para que todos fiquem ao corrente do que aqui se passa, o sobretudo sabendo que a Repú-