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20 Diário da Câmara dos Deputados

cussão se ela lhe não convier, e se nós todos concordarmos em que deliberações se tomem, fazemo-lo por partir do reconhecimento da boa fé existente não só naqueles que connosco concordam, mas também nos que discordam.

Eu, neste debate com intervenção de militares e paisanos, sem melindres para o exército, vou mais pela imparcialidade dos civis, porque os representantes do exército, interessados na causa, são juizes no seu próprio processo.

Eu como civil defendo na parto económica do projecto a decantada, sagrada, sempre mal tratada algibeira do contribuinte, mas os militares defendem, e por isso não merecem censura, o seu próprio interêsse.

Por mim falo; e ninguém leva mais lonje do que eu a consideração e respeito pela classe militar. Assim procedo e até mesmo por motivos sentimentais, familiares - meu pai foi militar.

Ainda conservo cuidadosamente arrecadada, como relíquia confiada a meu filial respeito, e espada do meu pai.

Foi soldado meu pai, disciplinador e principalmente disciplinado; para esquecer a sua qualidade de soldado, não lhe serviram os galões.

E se não fez longa carreira no continente foi porque em África trabalhou, no serviço e proveito da sua pátria; não a pôde servir no continente, salvando-a com revoluções ou golpes de Estado.

Sempre com respeito e carinho lhe ouvi falar do exército; através das suas palavras mo habituei a respeitá-lo e querê-lo, como honrado e obediente defensor da independência, nacional.

Apesar de vestir uma farda, meu pai não tratava com excessos de carinho os seus companheiros de armas quando os via - e por vezes sucede - pedir retribuições especiais, pelo desempenho dos seus deveres de honra, dos seus cargos de serviço.

Os oficiais do exército, dizia êle e digo eu, existem para se bater pela Pátria; quando só batem cumprem o seu dever de militares, por isso o País lhes paga em tempo de paz, por isso vestem uma farda recamada de ouro fuzilante de estrelas, iluminada de azuis. É assim. O militar que em tempo de paz descansa, folgadamente, em capuana paz, cumpre na guerra, e só nesta, o seu verdadeiro o seu glorioso dever, não tem direito de reclamar por isso recompensas, galardões especiais e muito menos recompensas de carácter material.

Os serviços naturalmente indicados aos soldados são os que a Pátria lhe exige em tempo de guerra. São seu dever.

O militar não é mero empregado público destinado a escrever minuciosos papéis nas secretarias dos quartéis ou verificar na parada o número de botões que os soldados tem na farda, e a quantidade do feijões que existem nas latas do rancho.

Isto é útil, Sr. Presidente, mas não é o trabalho e fim exclusivo e principal da função militar.

É bela, nobre, decorativa a alta profissão do oficial do exército, por isso todos nós as respeitamos.

O prestígio do militar mais se revela, quando volta, vencedor do combate que o seu dever lho impôs e, coberto do glórias, embainha modestamente a espada para o combate de amanhã, e aguardando-o fica em posição de sentido permito a Pátria, em vez de estender a mão à paga da sua glória. E esta a minha forma de ver que se me afigura um tanto ou quanto lógica.

Isto não quer dizer que eu não concorde em princípio com as justas compensações que a Pátria e todos nós devemos ao militar, se o seu sacrifício fôr demasiadamente longo, se chegou ao sofrimento físico, e à família daqueles cujo esfôrço os levou ao supremo sacrifício.

Para êsses, as medalhas, os galardões platónicos muitas vezes bastam; enchem as medalhas de brilho é de alegria o peito dum rapaz do vinte anos, alferes ou tenente, porque sentem que o rútilo esplendor que trazem ligado ao coração, atrai o olhar carinhoso das mulheres, a admiração dos camaradas e civis. Isto é humano e por isso com estas recompensas que dão alegria ao portador, e não custam grande sacrifício, concordo.

Medalhas quantas apareçam são poucas, nomes de distinção e de destaque quantos lhes apeteçam aos nossos heróis devem dar-se que os merecem. Mas tudo quanto seja para esta nossa pobre terra, de pobres pedintes comprometidos em endividados, em recompensas monetárias,