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Sessão de 7 de Fevereiro de 1919 21

deve ser negado quando pedido seja, Cruzes laureadas em pensão, promoções, agregação aos quadros, reprovo, reprovo, reprovo.

Afigura-se-me que se chegarmos a conceder recompensas materiais, devemos ter primeiro em atenção os grandes; o& verdadeiros, os desgraçados, sacrificados desta guerra: os civis militarizados, os milicianos.

Um primo meu, muito próximo, rapaz novo, que exercia a profissão de advogado em Lisboa, foi convocado, logo no princípio da mobilização, para miliciano.

Marchou para França, por mandou nas trincheiras, oiça-se bem: nas trincheiras, aproximadamente afio e meio sem relevo e sem descanso.

Ao fim dêsse longo tempo volta para Portugal e forçaram-no a despir a farda que vinha suja, não de vergonha, mas da lama honrosa das trincheiras; e, procurando, na volta, a clientela que o Estado lhe arrebatara, toda, como é natural, se havia desfeito, desaparecera.

Êste miliciano é um grande, um verdadeiro sacrificado da guerra. Em tempo de paz ganhara tranquilamente o seu pão. Foram-no chamar para o trabalho da guerra e, cumprido êsse trabalho de supremo perigo, desempenhando com honra o seu dever militar, volta sem outra glória e proveito que não seja uma pobre cruz de ferro...

Perdeu sua clientela, seu ganha pão. Tem uma cruz. Trá-la ao peito...

Tenho a dolorosa impressão de que temos sida faltos de memória, para êsses que correram um supremo risco pelo prestígio da nossa bandeira, pela defesa da nossa Pátria. Para êles deveria haver um pouco mais de atenção. Por mim, tenho algum receio de falar assim, e cumpro êste dever com algum melindre. Dirão S. Exas. que sou parte suspeita, porque sou civil, "paisano" diz a tropa. Se para resolver assuntos militares, os técnicos melhor conhecem as cousas práticas, os paisanos conhecem melhor as cousas justas; não obedecem a um preconceito de classe, não estão viciados por êle.

Esta grande e assoladora guerra, a meu ver, numa nação pobre como a nossa, teve e tem um perigo. Quando se tratou de alargar os quadros militares, para fazer um exército grande que não tínhamos, que talvez tivéssemos, mas só no papel., uma considerável parte da oficialidade teve de fazer, em Portugal, serviço de instrução e porque não chegava a oficialidade para encher os quadros que era necessário apresentar ora França, SP mobilizaram as milícias; mas mesmo assim os quadros foram aumentados por tal forma que corremos o risco de, a seguirem as promoções, dentro dalgum tempo só existiriam em Portugal capitães, tenentes e majores, consumindo uma altíssima verba no orçamento, sem vantagem militar.

Tudo quanto fôsse impedir êste estado de cousas, sem prejudicar legítimos direitos adquiridos, me parece justo.

O Sr. Mendes de Magalhães (aparte): - O artigo não facilita a promoção a ninguém.

O Orador: - Não facilita, diz V. Exa. porque não aprova em especial, mas facilita a aprovação e, assim, a promoção. É uma pequena facilidade, mas caminha num sentido que eu, como paisano, sinto e vejo. V. Exa., que é militar, não o vê tam claro como eu. Confesse, Um véuzinho de preconceito lhe turva a vista.

Um aparte.

O Orador: - Pelo visto, calaram no espírito da Câmara estas minhas considerações sôbre o acesso nos quadros militares.

Dir-me-hão que é justo o que se pretende. Justo, porquê?

Que justiça especial de casos pessoais poderá haver, à face da lei, para o exército, quando nas outras profissões essa justiça se não reconhece nem existe?!

Eu, que assim falo, sou advogado há oito anos. Conheço um pouco as leis do meu país. Se, porêm, quiser seguir a carreira da magistratura, para. ser um simples delegado numa comarca de terceira ordem, após os meus oito anos de advocacia, terei que desempenhar gratuitamente, durante seis meses, as funções de subdelegado, acompanhando o delegado de qualquer comarca sertaneja.

Nada mais justo! É a lei!

Eu bem sei que se me vai dizer que os oficiais em França adquirem, pela escola do combato e da luta, prática, treino, melhor até, dirão, do que a que lhes propor-