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Sessão de 15 de Dezembro de 1919 11

Aproveito a ocasião para a propósito dos assambarcadores dizer que o Estado por si tambêm concorre para que escasseiem no mercado os géneros essenciais à vida que se assambarcam.

Suponho que o assambarcamento tem por fim conseguir que a oferta seja inferior à procura.

Eu vou citar um facto que peço a S. Exa. o Sr. Ministro da Justiça transmita ao seu colega da guerra, que não se encontra presente.

Por mal dos nossos pecados e em todos os ramos da administração pública, os indivíduos procuram sempre criar-se uma situação favorável, deixando para segundo lugar os interêsses dos serviços que lhes são confiados. Nestas circunstâncias e a tal propósito poderia a Câmara ocupar a sua atenção por muitas horas sôbre o que se passa com todos os serviços públicos.

Mas referindo-me aos serviços da aviação, já trago à Câmara edificante assunto para constatar a maneira desorientada como correm as cousas públicas. Toda a gente sabe que se deu um grande incremento à orizicultura no Ribatejo e que nestas condições muitos pontos daquela região oferecem o perigo das sezões. Pois as estações oficiais entenderam que devia ser estabelecido um campo de aviação em Vila Nova da Rainha.

O Estado gastou muitos contos com essa instalação, e só depois de os ter gasto é que reconhece ser aquele local impróprio para êsse fim.

Mas, Sr. Presidente, como se procura sempre, para quem vive na capital ou nela quere viver, um serviço acessível pelo automóvel, pelo comboio e até, possivelmente, pelo eléctrico, entenderam os Poderes Públicos que se podia estabelecer a Escola de Aviação em Alverca. Ora o sítio de Alverca, sob o ponto de vista da salubridade, é o mesmo que Vila Nova da Rainha. Tambêm toda a gente o sabe.

O Ministro da Guerra, porêm, ignora-o.

Foi-se, então, para Alverca. Gastaram-se ali, tambêm, muitos contos. Qual o resultado? Perder-se todo êsse dinheiro, visto que já está igualmente condenada aquela instalação.

Depressa se voltaram as vistas dos nossos dirigentes para outro ponto. Foi-se para a Amadora porque... é de fácil, facílimo acesso. Nada mais importava saber.

Igualmente ninguêm ignora que esta povoação é sujeita, permanentemente, a muito vento. Parece, no entanto, que o Ministério da Guerra, ignora isso.

Todos sabem que a despeito dos esfôrços que tem sido empregados pelas pessoas que pretendem modernizar aquela povoação, não se tem conseguido tornar ali a vida cómoda e agradável, por causa do vento.

Seria esse ponto recomendável para a instalação do moinhos, mas nunca para a Escola de Aviação. Pois, Sr. Presidente, ninguêm reparou nesse embaraço, e lá foi o Estado, estabelecer um campo de aviação, que já está condenado.

Agora, o que resolve o Sr. Ministro da Guerra?

Chamo a atenção do Sr. Ministro da Justiça para o que vou dizer a fim de fazer a fineza de transmitir as minhas considerações ao seu colega da Guerra.

Agora entende o Sr. Ministro da Guerra que a Escola de Aviação deve ser instalada no Entroncamento.

E... porquê?

Porque, certamente, se reconhece que a viagem entre aquele ponto e Lisboa é rápida e cómoda, pelo serviço dos comboios ordinários, do rápido do Pôrto, etc.

Para tal fim tem de fazer-se a expropriação, dalguns terrenos, e como estamos nadando em abundância de azeite, não há a menor hesitação em expropriar um dêles, que alimenta 12:000 pés de oliveiras que já tem produzido 70 pipas de azeite a 400 litros cada uma.

Ora aqui está o que se faz, quando temos no sul do País, terrenos à farta, sem pedra e sem árvores e barato.

A aviação só quere terrenos perto das vias férreas e, se possivelmente, até das linhas dos eléctricos.

Para prestígio da administração republicana o porque é indispensável dar-se o máximo desenvolvimento à Aviação, será bom que duma vez para sempre se deixe de subordinar o interêsse do serviço ao interêsse particular, e só estabeleça a aviação em terrenos que, incapazes de produzirem seja o que fôr, sejam bem adequados àquele fim.

O orador não reviu.